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A pesquisa participante e a participação da pesquisa: um olhar entre tempos e espaços a partir da América Latina

Por:   •  27/3/2016  •  Resenha  •  1.142 Palavras (5 Páginas)  •  1.087 Visualizações

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Aluna: Renata Ribeiro Guimarães Bom

Professora: Mônica Lobo

Síntese de: BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A pesquisa participante e a participação da pesquisa: um olhar entre tempos e espaços a partir da América Latina. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues; STREK, Danilo Romeu. Pesquisa participante: o saber da partilha. São Paulo: Ideias e Letras, 2006.

O autor reconhece que há uma tradição da pesquisa participante a partir dos trabalhos de Orlando Fals Borda e Paulo Freire que surge na América Latina nas entre as décadas de 70 e 80. Apesar da influência européia e norte-americana a pesquisa participante na América Latina tinha suas peculiaridades e teve  sua origem fundamentada nos movimentos sociais da época e nos projetos de transformação social emancipatória.

Brandão destaca que a pesquisa participante surge em “diferentes lugares, origina-se de diversas práticas sociais, articula diferentes fundamentos teóricos e alternativas metodológicas e destina-se a finalidades desiguais.” (p.22)

O livro traz duas linhas de origem associadas a pesquisa participante: a primeira está ligada aos trabalhos de Kurt Lewin e a segunda a Karl Marx.

Outros autores são apresentados como importante na fundamentação da Pesquisa Participante, a saber: Bourdier, Touraine, Lefebvre e Wright Mills, todos sociólogos. No campo da psicologia cabe destacar Carl Rogers, George Mead e Lewin citado anteriormente. No entanto, esta influência não restringe-se apenas a Europa e América do Norte, na América Latina destacam-se Paulo Freire, Orlando Fals Borda entre outros educadores e cientistas sociais.

A tradição da América Latina assenta-se na premissa de que “a ciência nunca é neutra e nem objetiva, sobretudo quando pretende erigir-se como uma prática objetiva e neutra.”

A consequência deste ponto de partida da pesquisa participante é o de que a confiabilidade de uma ciência não está tanto no rigor positivo de seu pensamento, mas na contribuição de sua prática na procura coletiva de conhecimentos que tornem o ser humano não apenas mais instruídos e mais sábios, mas igualmente mais justo, livre, crítico, criativo, participativo, co-responsável e solidário. Toda a ciência social de um modo ou de outro deveria servir à política emacipatória e deveria participar da criação de éticas fundadoras de princípios de justiça social e de fraternidade humana. (BRANDÃO, 2006, p.25/26).

Brandão destaca em seu livro que os  novos modelos de investigação social ganham força nas décadas de 50 e 60. A ciência social passa por um momento de grandes mudanças e recriando modelos e elaborando novos modelos de investigação social que passa a ser mais “ativa e mais participativa” e deveria segundo o autor “dar a voz” e deixar que de fato as pessoas “falem” p.27.

É nesse contexto social de lutas e mobilizações populares que a pesquisa participante constitui sua identidade e como disse o autor essa metodologia “não cria, mas responde a desafios e incorpora-se em programas que colocam em prática novas alternativas de métodos ativos em educação (...) p.25. A pesquisa participante surge da “realidade social concreta, das experiências (...) p.29.

O autor cita alguns autores que contribuíram com suas experiências nas práticas de participação popular dentre eles: Leonardo Boff, Paulo Freire, Mahatma Gandhi, Franz Fanon, João Bosco Pinto, Orlando Fals Borda, todos do Terceiro Mundo. “A pesquisa participante surge no bojo desses acontecimentos e quase sempre às margens das universidades e de seu universo científico (...)” p.29

A pesquisa participante do ponto de vista do autor a pesquisa participante não apenas surge dos movimentos sociais populares, mas também surgem como uma proposta de projetos emancipatórios como já mencionando anteriormente, no entanto,  percebe-se ela como instrumento de ação da educação popular.

No Brasil a pesquisa participante de acordo com Brandão está “associada de forma indireta aos processos de formação política e pedagógica que deram origem ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).” Tanto um quanto outro possuem proximidade com a educação popular e a teologia da libertação.

Para o autor a pesquisa participante é “um instrumento científico, político e pedagógico de produção partilhada de conhecimento social e, também, um múltiplo e importante momento da própria ação popular.” p.31

A pesquisa participante configura-se como um instrumento “participante” porque se insere no movimento das ações sociais populares e também é um meio pelo qual se realiza a educação popular. Tem um valor social, político e pedagógico.

Na visão do autor a “a pesquisa é “participante” porque, como uma alternativa solidária de criação de conhecimento social, ela se inscreve e participa de processos relevantes de uma ação social transformadora de vocação popular e emancipatória.” p.32

Brandão apresenta sem seu livro que na América Latina o nome pesquisa participante deu origem a várias outras nomenclaturas como levantamento vocalubar, pesquisa temática, pesquisa ativa, autodiagnóstico, pesquisa na ação, pesquisa participante, investigação-ação participativa, pesquisa popular, pesquisa militante. Esse vocabulário vasto e polissêmico traduziam passado e presente ora iguais, ora diferentes.

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