Adoecimento no Ambiente de Trabalho

As causas do adoecimento ocupacional são diversas, podendo ser relacionadas a problemas estruturais e a falta de recursos, conflitos no ambiente de trabalho, abuso de autoridade, assédio moral, entre outros, que contribuem para surgimento de inúmeras psicopatologias (OLIVEIRA e CUNHA, 2014). Em janeiro de 2017, a previdência social divulgou dados relacionados ao acompanhamento mensal do ano de 2016 dos benefícios de auxílio-doença concedidos, tendo como base doenças classificadas nos códigos da CID-10, que revelaram que os transtornos mentais chegaram à marca de 188.439 casos de cidadãos assistidos com este benefício (PROVIDÊNCIA SOCIAL, 2018).

Na área da saúde, além do estresse e dos problemas estruturais também podem contribuir para o adoecimento, em conjunto com os conflitos no ambiente de trabalho, o assédio moral/sexual, a falta de reconhecimento, a pressão psicológica, ritmo agressivo de atuação, carga horária excessiva, dentre outras causas. Estes fatores agravam o número de casos de transtornos de ansiedade, da insônia, da depressão, do estresse e de outros, que acabam por gerar o desgaste físico e emocional elevando os constantes afastamentos neste setor (OLIVEIRA e CUNHA, 2014).

        Esta situação prejudica diretamente o desenvolvimento do serviço oferecido pelas unidades de saúde e a própria saúde dos trabalhadores que nelas atuam. Compromete também o desenvolvimento biopsicossocial, pois a partir do estresse do ambiente de trabalho, as relações, tanto pessoais quanto profissionais, são afetadas negativamente. Percebe-se neste ambiente maior risco também a saúde física dos trabalhadores– desatenção, acidentes de trabalho, lesões, etc.

Este artigo analisa o adoecimento em Unidades Básicas de Saúde (UBS) em uma cidade da região do Vale do Aço. As UBS’s consistem em um ambiente no qual realiza-se a atenção primária aos usuários de serviços públicos, garantindo assim acesso a saúde por toda a população através  de atendimentos clínicos simples, exames e vacinações (PAC, 201).

                 A partir dos aspectos apontados pela Psicodinâmica, que busca identificar os fatores de prazer e de desprazer no ambiente de trabalho que influenciam nos adoecimentos, esse artigo teve como objetivo geral compreender as possíveis causas dos casos de adoecimento dos funcionários das Unidades Básicas de Saúde investigadas. A partir das entrevistas realizadas com diferentes trabalhadoras que ocupavam vários níveis hierárquicos destas unidades e  das informações levantadas compreender como o ambiente se articulou com fatores subjetivos destas trabalhadoras desencadeando os diferentes quadros de adoecimento.

Especificamente nas Unidades Básicas de Saúde, levante-se a hipótese de que as condições de trabalho sejam particularmente nocivas, devido às deficitárias condições estruturais do sistema público de saúde do Brasil em geral.  Possivelmente contribuem para agravar esta situação a relação próxima e contínua dos trabalhadores das UBS’s com um grande número de pacientes em sofrimento, que demandam pelos serviços de assistência gratuita e que muitas vezes não são satisfatoriamente atendidos

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