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Antropologia

Por:   •  3/9/2015  •  Artigo  •  3.043 Palavras (13 Páginas)  •  144 Visualizações

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Esta antropologia evolucionista privilegiava a visão de Darwin de que o homem é fruto de um processo evolutivo de superação das espécies e concluiu-se que as sociedades aborígines eram tidas e.c mo "primitivas" em detrimento do conceito de civilização que era classificada como a "socieda de mais evoluída". Aqui a conclusão poderia ser: o eu é superior ao outro.

Deste argumento se utilizaram os colonizadores para impor sua cultura sobre outras sociedades como indígenas e negros africanos, que foram escravizados, e até mesmo mortos. Afinal, segundo esta ótica, estes povos eram seres inferiores que precisavam se civilizar e a colonização teria este "poder civilizatório".

Podemos dizer que "o senso comum" se apropria desta interpretação até hoje, em que se acredita que a civilização europeia é o padrão de sociedade complexa e evoluída. Assim foram justificadas as colonizações de exploração, como as sociedades europeias sobre a África, Ásia e América Latina.

Dessa forma, o grande problema enfrentado pela antropologia é classificado como etnocentrísmo. Este conceito, como a própria palavra já diz, é a centralização em um único modelo étnico ou mesmo cultural.

No evolucionismo, a antropologia é simplesmente a ciência que estuda as sociedades primitivas. Então o antropólogo é o sujeito que analisa o objeto que neste caso é o "homem primitivo".

Apesar dos estudos de Jean-Jacques Rousseau não terem sido incorporados ao campo antropológico, seu conceito de "estado de natureza" não é visto como um período histórico a ser superado, mas um caminho aberto pela sociedade civil, que levaria às conquistas mais difíceis da civiliza ção. Se para vários pensadores deste período o estado de natureza seria um período de selvageria totalmente inviável para a vida em coletividade, para Rousseau este homem primitivo era o "bom selvagem" que vivia num ambiente ainda acolhedor e livre dos vícios da sociedade. O equilíbrio dessa relação só iria se romper quando este homem começa a inserir-se num contexto dominado pela sociedade e pela civilização e a partir deste momento as consequências seriam necessariamente negativas, pois seria impossível viver de maneira tão pacífica como neste momento.

Em sua obra O contrato social, Rousseau diz: "o mais forte nunca é suficientemente forte para ser sempre o senhor, se não transformar sua força em direito, e a obediência em dever".

No evolucionismo, o método comparativo foi extremamente adotado assim como o discurso biológico que foi utilizado não apenas na metodologia mas também nos resultados. A comparação era entre o "primitivo" e o "civilizado".

Analisar as sociedades simplesmente pelo método de comparação entre uma cultura e outra, uma etnia e outra, é limitar o olhar antropológico, pois significa que uma única sociedade é adotada como modelo a ser seguido. Desta forma, a diversidade perde o sentido e não seria bem vista; o que também foi utilizado como argumento ao longo da história para inúmeros massacres de povos inteiros como ocorreu com o povo judeu perseguido por Adolf Hitler.

Da metade do século XIX até os dias atuais, a antropologia transformou-se e ampliou seus horizontes assim como seus objetivos e os métodos de estudo utilizados.

Após o evolucionismo, ainda tivemos duas correntes, o funcionalismo e o estruturalismo.

Funcionalismo

No inicio do século XX, o discurso antropológico assume uma linha de pensamento e pesquisa bem' diferente do evolucionismo. Como o evolucionismo passou por intensos questionamentos e apresentou fragilidades, os antropólogos do início do século XX procuraram uma nova visão sobre a.sociedade que promovesse um rompimento com o elo historicista e sincrônico do evolucionismo.

Foi então que os pesquisadores desta área passaram a se preocupar não mais com o processo, mas com a função da pesquisa. Os estudos de caso (pesquisas de temas mais específicos) que visavam a analisar um determinado grupo em especial, com descrição minuciosa dos fatos e dos aspectos da vida em grupo, estavam entre os métodos adotados para se descobrir os mecanismos internos da função, ou seja, do elo de ligação entre os fatos e as instituições sociais.

O funcionalismo inspirou-se na obra do sociólogo Durkheim, pai fundador da sociologia moderna da escola francesa. Durkheim, em sua obra, demonstrava o funcionamento da sociedade aliando a pesquisa empírica à teórica. Esta análise serviu como base para o funcionalismo que buscava nas funções das relações sociais aquilo que sustentaria a própria estrutura da sociedade. Para Durkheim, os fatos sociais são formados pelas representações coletivas. Sendo assim, a ideia que a sociedade faz dela mesma a partir de suas próprias experiências é que vai se manifestar em forma de normas que os façam viver em grupo.

Para a corrente funcionalista é fundamental encontrar a função que norteia uma determinada sociedade, pois isto permite encontrar a coesão, dentro de um sistema de relações sociais.

Um dos maiores antropólogos que adotou esta corrente de pensamento foi Bronislaw Kasper Malinowski.

A escola funcionalista é também conhecida por antropologia social por refletir em parte uma reação contra uma antiga noção de que "cultura" e "natureza" são coisas opostas. A ideia de que alguns humanos vivem num "estado natural" (de natureza pura), para os antropólogos do funcionalismo, não é condizente com a forma simbólica com que os grupos sociais se organizam.

Para os estudiosos desta escola, como Malinowski, a cultura é a própria "natureza humana"; todas as pessoas têm a capacidade de classificar experiências, codificar simbolicamente a vida e transmitir estas abstrações para o seu grupo. A cultura é aprendida e as pessoas que vivem em diferentes lugares terão diferentes culturas, pois a função que rege cada organização social possui sua dinâmica específica.

Malinowski (1884-1942)

Malinowski foi considerado o antropólogo que inaugurou um novo método para a pesquisa de campo denominado etnografia.

A etnografia é a grafia: a descrição de um determinado povo, nação ou raça e sua cultura. Esse método é baseado na coleta de dados do antropólogo através do contato direto do pesquisador com o grupo estudado. Nesse caso, se o pesquisador fosse analisar uma tribo indígena, pressupõe-se que seria necessário ficar imerso nesta cultura durante o período de observações.

Este contato, segundo Malinowski, deveria ser como uma observação participante. Esta descrição, constante em sua obra Os argonautas do Pacifico ocidental, que foi publicado em 1922, é o relato do trabalho de campo do autor nas Ilhas Trobriand. Leia os trechos a seguir:

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