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As Pessoas Em Primeiro Lugar - Fichamento

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Por:   •  24/9/2013  •  3.887 Palavras (16 Páginas)  •  1.182 Visualizações

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AS PESSOAS EM PRIMEIRO LUGAR

A ética do desenvolvimento e os problemas do mundo globalizado

Introdução

Os avanços tecnológicos registrados pelo planeta são extraordinários e vertiginosos. Os dados referentes à vida das pessoas, porém, são preocupantes e só fazem piorar diante do impacto da atual crise internacional, a maior desde a grande depressão de 1930.

Uma visão de conjunto permite afirma que 18 milhões de pessoas, metade delas com menos de cinco anos de idade, morrem a cada ano por razões relacionadas à pobreza.

Diante dessas grandes questões em aberto, tornam-se mais atuais do que nunca as palavras de Ghandi: “A diferença entre o que fazemos e aquilo que somos capazes de fazer bastaria para solucionar a maioria dos problemas no mundo.”

As razões da enorme assimetria existente entre as potencialidades do planeta e a vida cotidiana marcada pela pobreza e pela privação de boa parte de sua população tem a ver com a diminuição da prioridade que é dada na prática aos desfavorecidos e com a organização social.

A atual crise mundial, gerada por graves equívocos de política pública e de comportamento empresarial na maior economia do mundo, a norte-americana, recai, em primeiro lugar, sobre os mais fracos, agravando a pobreza e a desigualdade.

Os impactos da exportação desta crise dos países ricos sobre o mundo em desenvolvimento são muito significativos. Eles incrementarão gravemente a pobreza, a pobreza extrema r o desemprego.

Este livro trata de alguns dos problemas mais cruciais do mundo globalizado, aplicando a perspectiva de uma nova disciplina que tem despertado muito atenção: a ética de desenvolvimento. O objetivo dessa disciplina é resgatar a relação perdida entre ética e economia, e eliminar a cisão existente entre ambas tal como tem prevalecido no pensamento convencional que tão profundos impactos regressivos tem exercido na definição de políticas e que influenciou fortemente na formação das lacunas que levaram à crise atual.

Procura trabalhar com as raízes profundas de questões críticas da globalização e da crise, examinando algumas das visões predominantes em relação a elas; debate incisivamente com essas visões, sugerindo idéias e caminhos alternativos para o enfrentamento dos problemas, além de resumir experiências bem sucedidas que os adotaram.

1. Como julgar a globalização

A globalização é vista frequentemente como uma ocidentalização globalizada. Nesse ponto, tantos seus defensores quanto seus opositores estão substancialmente de acordo. Os que têm uma visão otimista da globalização a consideram uma contribuição maravilhosa da civilização ocidental para o mundo.

(...) o capitalismo contemporâneo, dirigido e liderado por países ocidentais ambiciosos e agressivos da Europa e da América do Norte, tem estabelecido regras de comércio exterior e ralações de negócios que não atendem aos interesses das populações mais pobres do mundo.

Por milhares de anos, a globalização tem contribuído para o progresso do mundo por meio da viagem, do comércio, da migração, da difusão de influências culturais e da disseminação do conhecimento e do saber (inclusive o científico e o tecnológico). Essas inter-relações globais têm sido, com frequência, muito produtivas no desenvolvimento de vários países. E não tem necessariamente tomado a forma de influência ocidental crescente.

Certamente, a Renascença, o Iluminismo e a Revolução Industrial foram grandes conquistas – e ocorreram principalmente na Europa e, mais tarde, nas Américas. No entanto, grande parte desses desenvolvimentos baseou-se na experiência do resto do mundo, em vez de ter se confinado dentro das fronteiras de uma tímida civilização ocidental.

Nossa civilização global é uma herança do mundo – e não apenas uma coleção de culturas locais discrepantes.

O diagnóstico incorreto de que se deve resistir à globalização de idéias e práticas porque ela leva à temível ocidentalização tem desempenhado um papel consideravelmente regressivo no mundo colonial e pós-colonial.

Entender a globalização meramente como imperialismo de idéias e crenças ocidentais (como retórica com frequência tem sugerido) seria um erro grave e custoso, da mesma forma que o teria sido se a Europa tivesse resistido à influência oriental no início do milênio passado.

A questão da distribuição das perdas e dos ganhos econômicos da globalização permanece um assunto inteiramente separado e deve ser encaminhada como uma questão posterior e extremamente relevante. Há evidência significativa de que a economia global tem levado prosperidade a muitas áreas diferentes do globo.

De fato, não poderemos reverter às dificuldades econômicas dos pobres no mundo se impedirmos que eles tenham acesso às grandes vantagens da tecnologia contemporânea, à bem estabelecida eficiência do comércio e do intercâmbio internacionais e aos méritos sociais e econômicos de viver em uma sociedade aberta. Na verdade, o ponto central é como fazer um bom uso dos formidáveis benefícios do intercurso econômico e do progresso tecnológico de maneira a atender de forma adequada aos interesses dos destituídos e desfavorecidos.

O principal desafio refere-se à desigualdade – internacional e dentro de cada país. As preocupantes desigualdades incluem disparidades na riqueza e também assimetrias brutais no poder e nas oportunidades políticas, sociais e econômicas.

Uma questão crucial diz respeito à divisão dos ganhos potenciais da globalização – entre países ricos e pobres e entre os diferentes grupos dentro de um país. Não é suficiente compreender que os pobres do mundo precisam da globalização tanto quanto os ricos; também é importante garantir que eles de fato consigam aquilo de que necessitam. Isso pode exigir reforma institucional extensiva, mesmo quando se defende a globalização.

Também há uma necessidade de maior clareza na formulação das questões distributivas.

Por outro lado, os apologistas da globalização destacam sua crença de que a maioria dos pobres engajados no comércio e no intercâmbio internacionais está enriquecendo. Portanto – prossegue o argumento – a globalização não é injusta com os pobres: eles também se beneficiam.

Mesmo que os pobres se tornassem apenas um pouco mais ricos, isso não significaria necessariamente que estivesse recebendo uma parte justa dos benefícios potencialmente enormes das i8nter-relações econômicas globais. Não é adequado perguntar se a desigualdade internacional

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