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As Reflexões de Celso Furtado de 1961 a 1968

Por:   •  20/11/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.127 Palavras (5 Páginas)  •  100 Visualizações

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Em 1964, Celso Furtado publica Dialética do Desenvolvimento, a obra foi escrita durante a tentativa de implementação do estado de sítio, no qual ministros militares solicitaram o período ao Governo sob o pretexto de crescente violência de motivação politica e greves. Tal movimento impulsionou diversas ações da esquerda, que alegava a impossibilidade da mobilização dos trabalhadores e, também, ocorreram manifestações violentas. Como resultado, o então presidente Joao Goulart retirou o pedido em 7 de outubro de 1963. Durante este período, Celso Furtado ocupou o cargo de Ministro do Planejamento entre anos de 1962 e 1964 e esta obra caracteriza-se por um Furtado menos otimista quanto ao processo de industrialização nacional.

O livro expõe uma delimitação da metodologia que Furtado utiliza para abordar a análise de desenvolvimento brasileiro. Foi adotado o método histórico pelo autor, portanto, utilizou-se das importantes contribuições de Hegel em sua base dialética e do materialismo histórico de Marx. Na construção de seu texto, tratou de questões como as projeções políticas do subdesenvolvimento – a luz dos métodos anteriormente mencionados. Além disso, fez uma importante discussão sobre o período de transição da economia colonial cafeeira para a economia industrial, já configurada pelo autor como economia capitalista e as limitações do processo de desenvolvimento industrial do Brasil.

Como já abordado em Desenvolvimento e Subdesenvolvimento (FURTADO, 1961), Furtado inicia sua discussão, ratificando que, subdesenvolvimento deve estar num âmbito para além dos aspectos econômicos, considerando primordialmente um problema em termos de estrutura social. Como exemplificação, realiza uma crítica aos economistas que utilizam como o parâmetro a renda per capita para pensar em subdesenvolvimento. Esta passagem se aproxima do dialético-simplificado de Karl Marx, em que se deve considerar o âmbito das transformações culturais e sociais para a análise do modelo de desenvolvimento das economias subdesenvolvidas.

Outro ponto abordado pelo autor foi o processo de transição econômica verificado no país durante os primeiros 30 anos do século XX, o autor se debruça na investigação dos principais elementos deste período. A partir de 1930, foi marcado o declínio da economia cafeeira, em um contexto de crise de 1929 nos mercados mundiais com a crise de superprodução, entrou em estado de depressão. Tal decadência propiciou o surgimento do chamado “realismo político”, no qual se tinha uma política de defesa do café, no entanto, o efeito provocou condições favoráveis aos investimentos ligados ao mercado interno, dando base a uma ascensão da industrialização como forma de superação da economia colonial. Segundo Furtado (1964, p. 133):

Em síntese, podemos afirmar que o processo de formação de um capitalismo industrial, no Brasil, encontrou obstáculos de natureza estrutural, cuja superação parece impraticável dentro do presente marco institucional e pelos meios a que estão afeitas as classes dirigentes.

A industrialização foi marcada principalmente por dois pilares: o processo de substituição de importações – em face do colapso de se importar, a produção interna começou a ganhar vigor no Brasil e a transferência de recursos provocada por um processo inflacionário. No entanto, o processo de industrialização caracterizou-se por um gargalo previsível no fortalecimento da indústria nacional, que foi a dependência tecnológica para transpor uma barreira ao desenvolvimento de outros tipos de bens como o carvão metalúrgico, o enxofre, petróleo bruto, cobre, entre outros. Tal cenário foi marcado pelo ponto de saturação neste pilar.

No âmbito da obra Subdesenvolvimento e estagnação na América Latina (FURTADO, 1966), tratou-se do contexto de Guerra Fria e as consequências para os países latino-americanos. Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos que, historicamente sempre foram privilegiados de segurança e sempre conquistaram seus objetivos de política exterior, se depararam com outra nação igualmente influente e ameaçadora para seus interesses, o período, então, foi marcado pela polarização do mundo em regiões de influência.

Com o recorte nos EUA e seu objetivo de conquistar zonas de influência, o americanos apresentavam condições determinantes para adentrar em outras regiões do mundo. Tais condições podem ser explicitadas pelo elevado grau de desenvolvimento tecnológico, a neutralização da interferência militar exterior e a capacidade de assegurar estabilidade social. Para os latino-americanos, foi possível abrir um caminho aos frutos da revolução tecnológica, que intensificou a transição da economia colonial para a industrializada, no entanto, com ressalvas conforme apresentado anteriormente.

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