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Aspectos Antropológicos e Sociológicos da Educação

Por:   •  14/11/2019  •  Relatório de pesquisa  •  1.174 Palavras (5 Páginas)  •  145 Visualizações

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Universidade Estácio de Sá

Departamento de Letras – Inglês

Disciplina: Aspectos Antropológicos e Sociológicos da Educação

Título: Discrepâncias entre gerações, e suas causas. Políticas, ou culturais?

Giovanna Rodrigues de Moura Ferraz - 201907104101

05/11/2019


Perguntei para um pai hoje: “Qual seria sua resposta caso seus filhos o pedissem para brincar sozinhos na rua, ou para ir à escola a pé, sem sua supervisão?”, e a resposta foi o esperado: “De jeito nenhum!”. Mas, qual a razão para que essa resposta fosse aguardada? Bom, com os meios de comunicação atuais, não é difícil notar a insegurança sofrida pelos cidadãos nas cidades brasileiras, porém, ressaltando nosso olhar para o município de Recife, Pernambuco. Com isto dito, o relatório visa esclarecer as diferenças entre as brincadeiras e atividades anteriormente praticadas na rua com as atuais, e os motivos para estas discrepâncias.

Logo após sua negativa resposta, a figura paterna complementou, dizendo: “Veja, se fosse no meu tempo, eu definitivamente deixaria. Não só isso, como eu também procuraria estimular que meus filhos fossem para as ruas. Era tudo muito diferente.”. Ao divagar-nos sobre o assunto, é possível imaginar um cenário composto de ruas tranquilas, preenchidos por risadas de crianças que ocupavam os asfaltos com suas brincadeiras inocentes - como futebol, pega-pega, esconde-esconde, entre tantas outras -, além dos poucos carros que percorriam as estradas, dando, ainda mais, uma sensação de segurança. Comum são os relatos de figuras mais velhas, principalmente de cidades de interior como Vitória de Santo Antão - PE, nos quais são descritos dias gastos nas praças da cidade, subindo e descendo ladeiras com seus “carrinhos de rolimã”, que nada mais eram que uma prancha de madeira e algumas rodinhas obtidas no camelô amigável da feirinha da esquina, ou bicicletas, skates, patins, enfim, qualquer brinquedo que possuísse rodas e pudesse trazer o tão desejado “frio na barriga” durante a descida. Após o período da escola, pela manhã, todas as crianças do bairro se reuniam para brincar de tudo que fosse possível, voltando para casa apenas na hora da sesta, para cumprir suas obrigações educacionais. Nesse período, entre a tardezinha e a noite, as calçadas se enchiam dos adolescentes e jovens adultos que se encontravam na frente da das casas de seus amigos mais próximos, e adentravam à noite contando histórias de seus dias, flertando, preparando lanches, entre outras atividades. Já para os adultos que não fossem tão caseiros, haviam muitas boates, festas e reuniões nas praças das cidades como opções de lazer. Usando de inspiração as histórias brevemente contadas por esse pai, resolvi falar com a Personal Designer, e amiga próxima, Joseli Vilanova, que possui uma história vivida no bairro de Afogados – PE.

Iniciei a entrevista perguntando se, em seu bairro, havia o mesmo hábito de brincar e conversar nas calçadas, e pedindo que me contasse um pouco sobre esse costume, e obtive a seguinte resposta: “Existia diariamente. Ô tempo bom! Brincávamos de tudo!  De jogar bola, empinar pipa, bola de gude, queimado, pega-ladrão, amarelinha e por aí vai... lembro que aprendi a andar de bicicleta na “rua”.” Compatível com os relatos de outras pessoas que viveram nessa época, é notável a diferença cultural com as de atualmente. Como dito na introdução, só de pensar em deixar os filhos sem supervisão, as figuras de mães e pais, ou responsáveis já respondem prontamente que isso não pode acontecer de jeito nenhum, devido à vários fatores sociais, que impossibilitam que as brincadeiras prossigam de forma segura, resultando nessa grande discrepância. No meio social, principalmente das crianças e adolescentes desta geração, o mais comum é que as crianças estejam limitadas a brincadeiras dentro de suas próprias casas, no máximo na área de lazer do prédio, ou em ambientes de acesso privado, como clubes de futebol, natação, ou até a própria escola. Já os adolescentes, pela impossibilidade de sentir segurança em carregar uma cadeira passa suas devidas calçadas, visto que correm o risco de assalto, ou até situações piores, delimitam suas conversas cotidianas à aplicativos de comunicação, como WhatsApp, Facebook, entre outros, resultando numa maior convivência com os eletrônicos, e uma constante diminuição de encontros pessoais.

Ao questionar a Personal Designer se ela achava que os antigos hábitos eram, ou poderiam ser praticados em algum lugar de seu município, ela me respondeu: “Hoje em dia é praticamente impossível manter esses hábitos, infelizmente. As ruas asfaltadas, o número de carros triplicados, a violência, a impunidade - se mata hoje por coisas tão banais -, enfim... na medida que o desenvolvimento é necessário para o nosso crescimento, paralelamente tira a nossa liberdade. As crianças de hoje, culturalmente, são obrigadas a ficar dentro de suas casas, que na maioria das vezes possuem o mínimo de espaço possível. Daí restam pouquíssimas opções de entretenimento...  que é uma tela de tv, computador ou celular.”.
Relatos como esse nos mostram com clareza como as mudanças sociais afetaram os membros do município, e nos fazem pensar se esse tipo de alteração sociológica tem como culpada, a cultura. Bom, foi-se aprendido na disciplina que Cultura consiste em um modo de vida, na maneira em que a sociedade se constitui. Citando o autor Clifford Geertz, “a Cultura seria uma teia de significados, e um conjunto de símbolos públicos.”. Seguindo esta linha de pensamento, podemos concluir que a Cultura é dinâmica, consequentemente, espera-se que haja uma mudança na sociedade trazida por fatores externos, como por exemplo, o acelerado desenvolvimento tecnológico, mas, essas causas também são ocasionadas pela educação, ou a falta dela. Há o recorrente erro de que esta consiste apenas em transmissão de saberes ensinados na instituição escolares, entretanto, sabemos que a educação representa também uma passagem de informação, fazendo com que o cidadão faça parte de um grupo social. É inevitável que as alterações numa sociedade venham com o tempo, porém, se seguirmos os demais casos de avanços da modernidade, será exposto com clareza que o conjunto social passou a ter mais segurança, o que se faz diferente no Brasil, especialmente na cidade de Recife, a qual, segundo atualização realizada em 05/08/2019: “
O Atlas da Violência, divulgado nesta segunda-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta o Recife como a sétima capital brasileira com maior índice de assassinatos, em 2017. De acordo com o trabalho, a cidade teve naquele ano uma taxa de 58,4 homicídios para cada 100 mil habitantes.”.

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