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Carnaval Industria Cultural

Por:   •  23/1/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.261 Palavras (10 Páginas)  •  906 Visualizações

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Justificativa

A pesquisa tem como objetivo exemplificar a Indústria Cultural atuante na atual sociedade capitalista, onde são prezados o consumo, o lucro e a propriedade privada. Logo, além de se aprofundar, refletir e criticar sobre um assunto da atualidade que interfere cotidianamente em cada indivíduo, o tema também reforça o conhecimento acadêmico. Ao final do trabalho espera-se que haja um olhar mais cético sobre tais questões culturais e suas implicações sociais e econômicas.

Objetivos

• Contar um pouco da história do Carnaval de Salvador, associando ao surgimento do “carnaval – negócio”

• Tratar sobre os efeitos que a camarotização tem sobre o Carnaval

• Observar como o turismo afeta as questões socioeconômicas da cidade

• Entender como o crescimento de patrocinadores afeta o Carnaval

• Conhecer as mudanças causadas pelo Carnaval nos costumes, em outras festas e na música

• Notar as mudanças ocorridas no Carnaval ao longo dos anos

A História do carnaval e o surgimento do “carnaval – negócio”

Trazido ao país pelos colonizadores portugueses, o carnaval brasileiro é celebrado de maneira plural, escancarando traços de heterogeneidade em suas multidimensões (OLIVEIRA, Thiago de Castro 2015). Embora o carnaval tenha sido oficializado apenas em1884, há relatos de festejos desde o século XVI e XVII, inclusive durante a invasão holandesa, em 1624. Inicialmente, os festejos se espelhavam no carnaval realizado na Europa, principalmente em países como Portugal e Espanha, e tinham relação com a Igreja Católica. Os jesuítas trouxeram essa cultura e introduziram entre as comunidades indígenas como parte da catequese, porque eles entendiam que era interessante trazer um pouco de música, um pouco daquela coisa mais lúdica.

Entre os séculos XVIII e XIX o carnaval passou a se tornar mais popular e tomar as ruas da capital baiana. Os festejos aconteciam geralmente na Rua Chile, no centro de Salvador. Como tinham muitos escravos, eles trouxeram as danças deles, alguns elementos rituais que acabaram se incorporando ao carnaval de rua. Isso tudo se juntou com o que se chamava entrudo. Com a viagem de D.Pedro II à Paris, o carnaval começa a ganhar ares ainda mais europeus no Brasil. Nesse período se destacam os carros alegóricos e os desfiles. Também datam daquela época os corsos, veículos de modelos variados que desfilavam enfeitados pelas ruas da capital baiana. Como não havia corda ou qualquer elemento de separação, a população acompanhava de perto a passagem dos carros pela avenida.

Um dos momentos de maior importância para o desenvolvimento do carnaval aconteceu em 1895 com o desfile do primeiro afoxé, formados por blocos de origem africana, passando assim a ter 10 afoxés desfilando no carnaval. Em 1902, a imprensa começou uma campanha criticando tais blocos, até que em 1905 um decreto proibiu o desfile dos afoxés. Não havia potência no som emitido pelos carros alegóricos. Cornetas chegaram a ser espalhadas em postes da capital baiana a fim de se melhorar a qualidade, mas o alcance não era longo. É a partir daí que ganha força os trios elétricos e o carnaval de Salvador começa a se desenvolver (CARDENA, Nelson 2014). Surge aí o “carnaval – negócio”.

A primeira, a criação/invenção do trio elétrico, no carnaval de 1950, pelos geniais Dodô e Osmar, fato que marca uma profunda e definitiva transformação do carnaval baiano, ao inaugurar uma espécie de “democracia do lúdico”, e promover inovações que redefiniram a festa, nos seus aspectos estético-musical, gestual, territorial, organizativo e tecnológico. A segunda, em meados dos anos de 1970, a explosão afro-carnavalesca acionada pela juventude negromestiça de Salvador, caracterizada pelo ressurgimento dos afoxés e, novidade absoluta, pela emergência dos blocos afro, organizações com um repertório estético-político de matriz afrobaiana, que acabou por transcender o território do carnaval, avançando cidade adentro e alterando radicalmente a cena cultural baiana. Nos anos de 1980, localiza-se a terceira das inflexões. Trata-se do processo de empresarialização dos blocos de trio. Surgidos na metade da década anterior, por obra das classes médias da cidade, privatizam com suas cordas o trio elétrico – reintroduzindo a hierarquia social na ocupação do espaço público da festa, que havia sido desarticulada pela invenção de Dodô e Osmar, nos anos de 1950 – e, rapidamente, passam a se organizar em bases empresariais, privilegiando a dimensão de mercado, contribuindo, decisivamente, para a transformação do carnaval baiano em um produto, com um ciclo de realização que ultrapassa os limites da festa e da cidade, e estimulando as demais organizações carnavalescas a se arriscarem em aventuras organizacionais semelhantes. (MIGUEZ, Paulo 2012).

A camarotização do carnaval soteropolitano

O camarote é um fenômeno espontâneo do carnaval, tendo sua forma embrionária da década de 1920, quando eram colocados banquinhos e/ou cadeiras de um lado a outro das calçadas para assistir ansiosamente o desfile de corsos. Participar das carreatas dentro dos automóveis abertos ricamente adornados era uma prática restrita às famílias de maior poder de consumo. Pouquíssimas pessoas tinham condições financeiras de adquirir um carro naquela época. Neste processo, a massa era apenas coadjuvante, ocupando os passeios públicos para admirar a ostentação elitista. Com o intuito de minimizarem o desconforto de horas de desfiles em pé, grupos inteiros, ocupando papel de espectadores, passaram a trazer as mobílias das suas próprias casas, proporcionando um descanso ocasional durante horas ininterruptas de apresentação.

Para garantirem posição estratégica, algumas pessoas começaram a delimitar seus espaços antecipadamente, pintando as zonas de interesse com suas iniciais ou disponibilizando as mobílias nas calçadas semanas antes dos Dias Gordos. Se o “dono do pedaço” se ausentasse durante a festa, qualquer um poderia ocupar a área até seu retorno. Com a cristalização do costume, o poder público regulou a prática, determinando a colocação das mobílias apenas durante os desfiles, de modo que os passeios das casas comerciais permanecessem intactos, sob pena de multa e apreensão em caso de descumprimento.

Assim, na face de Carnaval-negócio, a prática de aluguel por temporada proporciona cifras instigantes para aqueles que

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