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Ensaio sobre metodológia antropológica - Classicos

Por:   •  18/5/2019  •  Ensaio  •  2.465 Palavras (10 Páginas)  •  176 Visualizações

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UNIVERISDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLIGIA

ENSAIO INICIAL SOBRE MÉTODOS

Discente: Yago Ono Xaxá

João Pessoa

06 de Maio de 2019

Métodos de pesquisa em antropologia.

Lugar e papel dos sujeitos na pesquisa antropológica.

CLIFFORD – A autoridade etnográfica

O argumento mais convincente, trazido por James Clifford nas páginas iniciais de seu texto sobre o assunto, é que esta autoridade etnográfica tenha nascido justamente com Malinowski em sua empreitada à campo. Ao explicitar a construção de um método etnográfico com bases estritamente cientificas, baseadas no seu conhecimento adquirido de maneira formal e acadêmica Isso proporcionava uma alavanca para seus poderes observacionais já potentes. Não diferente de Durkheim em sua retórica a fim de construir uma ciência sociológica, o polonês propõe uma divisão obvia entre o saber cientifico e o amadorismo das observações – influenciadas pelos fatores de fé no caso dos missionários, e políticos e econômicos do administrador – que coloca o cientista como único detentor deste tipo de conhecimento. Posteriormente, este argumento é retificado com Radcliffe-Brown, chegando assim ao século vinte a uma ciência baseada tanto no saber acadêmico quanto pesadamente apoiada no trabalho empírico; a ideia do “men on the spot”, o sujeito que foi, viu e possuía o conhecimento para fazer disso informações válidas.

Alguns fatores se tornam concretos então são dispostos para a concretização deste pesquisador especifico: a persona do pesquisador, o sábio acadêmico que estou para realizar a função; a utilização eficiente da linguagem nativa mesmo sem seu domínio fluente; o poder observacional deste pesquisador, apoiado pela observação participante; as abstrações teóricas potentes ao ponto de chegar ao cerne da cultura alheia; a especificidade do olhar sobre parte das culturas, já que a tarefa de compreender todo um inventario exaustivo não era mais tão útil, pois poderia se chegar aos cerne dessa cultura pelas suas partes e a conjectura do presente etnográfico que compreendia as observações dentro de um período especifico suspenso no tempo.

Estabelecendo isso, podemos então nos voltar aos quatro tipos de autoridades etnográficas singularizados pelo autor: experiencial; interpretativo; dialógico e polifônico.

O primeiro é onde a disciplina foi fundada e revela a marca britânica da disciplina, o famoso “estive lá”. Para além disso envolve também, como colocado suscintamente por Evans-Pritchard, um exercício de retórica interessante que tem como preocupação levar o leitor ao campo, mas não apenas com descrições extensas, e sim jogando luz sobre os costumes nativos presenciados pelo autor de forma explicativa, subjetivando a leitura, como se autor, leitor e nativo estivessem todos presentes e o leitor estivesse acompanhado com uma lupa que elucida questões culturais e sociais, sendo o autor essa lupa. A critica realizada por Clifford sobre este tipo de experiência é justamente sobre a natureza quase inefável do conceito, que se torna uma faca de dois gumes. Por um lado, por ser difícil de ser classificada e resuma, é uma forma eficiente de afirmação de autoridade, mas esta mesma qualidade dificulta a afirmação dos dados provindo da experiência como resolutamente verdadeiras.

A ideia de analise interpretativa da cultura, de origem americana e talvez melhor exemplificado com o trabalho de Geertz possui uma natureza semelhante, mas enquanto a experiencial tem um apoio tanto do poder retórico quando da experiencial em campo com foco no segundo, a analise interpretativa toda como principal apoio esta retórica. Este apoio na linguística, ainda segundo Clifford, tente a transformar toda a complexa experiência e discurso cultural em textos. Esta transformação de discurso, vivência e experiência cultural em linguagem textual se torna imprescindível para este tipo de abordagem. Isso culmina na ideia de poder levar esses textos para casa e trabalhar a partir deles mostrando o outro lado do “estar lá”, o “escrever aqui”, tão utilizado na disciplina. Isso implica em causos para a autoridade etnográfica, sendo os dados não mais experiências de comunicação entre dois indivíduos, deixando o etnógrafo com uma relação exclusiva com os seus interlocutores, podendo assim ser comparado com um tradutor literário que domina uma língua e seu leitor, não.

Estes dois podem ser tidos como os tipos mais antigos de autoridade etnográfica, onde o autor argumenta que são lentamente substituídos, ou consumidos em uma ideia antropofágica, pelos dois seguintes.

O modelo dialógico é fundamentalmente discursivo, construído na relação entre dois ou mais indivíduos sendo um deles o pesquisador, se mantendo como única voz. Apoia-se na linguística, tendendo a fazer o caminho contrário do interpretativo, colocando como epicentro do trabalho a representação dos contextos de pesquisa e as situações de diálogos com os interlocutores, dando assim ênfase as vozes de seus interlocutores que ainda sim eram representações de diálogos transcritas.

O modelo polifônico vem também nessa natureza discursiva, mas aumenta o gain dos interlocutores e rompendo com as compreensões anteriores e reconhecendo que ele não é a única voz do trabalho, tento mesmo trechos extensos de relatos de seus interlocutores, ou mesmo optando por coautorias.

BERREMAN – Desvendando Mascaras Sociais.

O texto conta com uma longa descrição etnográfica das relações interlocutores-pesquisador e toma isso como foco. Se apoiando pesadamente em Goffman e sua ideia teatralizada de interações sociais, Berreman se volta especificamente sobre como o controle de impressões entre os interlocutores e principalmente entre pesquisador e interlocutor afeta os dados obtidos. Dá ênfase em seu caso para a diferença de percepções para com ele, pesquisador brando e estadunidense, é percebido e como essa percepção e possibilidade de interações foi modificada quando trocou de interprete.

Sharma, seu primeiro interprete, era um membro de alta casta e foi o tempo inteiro, enquanto esteve em campo, reconhecido como tal e tornava, junto com a figura de Berreman, as relações com os locais difíceis justamente por sua descendência de alta casta mesmo sendo educado e reconhecido como uma pessoa com muito tato. Já Mohamed, um mulçumano, teve acesso a castas mais baixas que, segundo o autor, proporcionam dados e informantes bastante uteis, mesmo que sejam pressionados socialmente a não revelarem os segredos dos círculos interiores de seus superiores, é frequentemente os que se encontram mais insatisfeitos com o status quo social, e portanto suscetíveis a dialogo. Ao mesmo tempo, os homens que gozavam de certo privilégio social se mostram mais fechado a dialogo pela pressão social e por aquilo que os outros pensam sobre ele, isso tudo dentro das sociedades estratificadas por status.

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