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Etnocídio, genocídio e morte social podem se entrelaçar nas reflexões Antropológicas na Sociedade Contemporânea

Por:   •  30/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  579 Palavras (3 Páginas)  •  164 Visualizações

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Temas como o etnocídio, genocídio e morte social podem se entrelaçar nas reflexões Antropológicas na Sociedade Contemporânea?

O antropólogo e etnógrafo francês Pierre Clastres (2004) explanou que há alguns anos, o termo etnocídio não existia. Entretanto, julgava-se inadequada ou imprópria diante na nova realidade imposta, o uso da palavra genocídio, do qual foram vítimas os indígenas americanos. É válido destacar que desde o descobrimento da América em 1492, até os dias atuais, foi instalada na sociedade uma máquina de destruição dos índios. Embora os massacres de índios no Brasil, na Colômbia, no Paraguai tenham sido denunciados, as mudanças ainda são irrelevantes e caem no descaso.

Em pleno Século XXI, o genocídio atua fortemente no município de Viana, no Maranhão, com o caso do indígena da etnia Gamela Aldelir Ribeiro que teve as mãos decepadas com golpes de facão, em um confronto com os fazendeiros na ocupação de terras indígenas que foram griladas. O próprio Ministério da Justiça, órgão que em tese deveria atuar em favor dos menos favorecidos, informou em nota iria averiguar "o ocorrido envolvendo pequenos agricultores e supostos indígenas”, entendendo-se desse modo que não se tratava de índios. Uma abominação política num país que se diz democrático e livre. Nesse contexto, o Estado age como etnocida, pois suprimi as diferenças culturais e julga os indígenas como inferiores, nele revela-se sempre a vontade de redução da diferença e da alteridade. Esses povos são invisibilizados, pois a diversidade cultural e linguística que eles representam colocam em risco a ideia desse Estado nacional. Já afirma Clastres (2004): “toda organização estatal é etnocida, o etnocídio é o modo normal de existência do Estado” (p.61).

Clastres (2004) enfatiza que as “[...] populações indígenas do continente são simultaneamente vítimas desses dois tipos de criminalidade genocídio e etnocídio” (p.56). Enquanto o etnocídio destrói paulatinamente os modos de vida e pensamento de povos diferentes daqueles que empreendem essa destruição, o genocídio aponta para a destruição física dos homens.

Em ambos os conceitos a morte está presente, “mas de uma morte diferente: a supressão física e imediata não é a opressão cultural com efeitos longamente adiados, segundo a capacidade de resistência da minoria oprimida” (CLASTRES, 2004, p.56). Essa morte lembra “a morte social” explanada por Pierre Bourdieu no caso dos desempregados de Marienthal, pequena cidade austríaca cuja principal empresa havia fechado em 1931.

Tanto no âmbito do desemprego quanto na questão indígena há o estado bruto da experiência do abandono. Ambos são privados da ação da vida social, o tempo livre é para eles apenas tempo morto, não-tempo. Desempregados e indígenas caminham na mesma direção, pois são espoliados da ilusão vital de ter uma função ou uma missão, para existirem matarem o não-tempo, recorrem a atividades como os jogos de azar, a bebida, ao suicídio. São esvaziados de toda energia, de todo ímpeto rumo ao futuro, logo pairam sobre ambos o sentimento de desamparo. Enquanto, os desempregados são privados de uma atividade e de um salário, possuem um tempo morto, tempo para nada, esvaziado de seu sentido, os indígenas são privados de suas atividades e de suas terras.

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