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Gênero e Sexualidade: Um olhar acerca da identificação e busca em se Transformar

Por:   •  23/11/2021  •  Ensaio  •  2.271 Palavras (10 Páginas)  •  138 Visualizações

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Gênero e Sexualidade: um olhar acerca da identificação e busca em se TRANSformar[1]

     

Arthur Santana Rodrigues Boaventura[2]

Enzo Felipe Fabbri3

        

Não é de hoje que a questão que envolve os muitos termos existentes na comunidade LGBTQ+ revela a dificuldade encontrada por ela em poder se definir dentro da sociedade, seja em uma visão micro (individual) ou em uma visão macro (grupo). Muitas vezes o que é tido por meio de um consenso não se aplica na identificação de uma pessoa para consigo mesma, ainda mais no cotidiano em que vivemos atualmente, em que a pluralidade surge como uma nova perspectiva de poder encaixar cada um em um pensamento “fora da casinha”. Quando se fala em gênero e sexualidade, o leque se torna ainda mais amplo e permite uma gama de identificações que vem sendo desconstruídas cada vez mais pela comunidade como um todo.

Por isso, busca-se compreender como são criadas e firmadas as diferenças de gênero, naquilo que os indivíduos de certa forma se encontrem ou diferenciem-se por meio de características valorizadas dentro de um contexto social, ressaltando-se as diferenças e preconceitos em relação à sexualidade de cada um.

Nesse sentido, é de suma importância conhecer o que esses termos (gênero/sexualidade) têm a dizer e o que de fato podem significar. Faz-se jus, portanto, responder às perguntas que se seguem de uma forma direta e não necessariamente precisa, como uma alternativa de entender melhor esse universo que rodeia as possibilidades de se expressar, se entender e se transformar, haja vista a multiplicidade e diversidade existente em relação às orientações (heterossexual, homossexual, lésbica, bissexual, HSH – homens que fazem sexo com homens, MSM – mulheres que fazem sexo com mulheres) e identificações (cisgêneras e transgêneras).

Gênero

Gênero, de algum modo, pode ser concebido como algo que reconhece e distingue os homens e as mulheres, ou seja, os gêneros em seu sentido literal. Tipicamente, sua definição histórica era acompanhada de “sexo”, inclusive sendo usada como sinônimos, permitindo relacionar-se com aquilo que é da natureza dos sexos (masculino e feminino). Contudo, segundo Louro (1997), partindo-se de um viés das ciências sociais e, fundamentalmente, de um ramo voltado para a psique humana, o gênero é percebido e entendido como aquilo que diferencia socialmente as pessoas, levando em consideração uma série de padrões atribuídos, historicamente, para os homens e mulheres.

De acordo com Matos (2010), devido ao seu caráter mutável perante a sociedade, o gênero permite passar por processos de construção e desconstrução, e, assim, pode ser entendido como algo impermanente e não restrito, indo contra ao que é regido pela comunidade científica. Mais especificamente, nos estudos advindos do campo da ciência biológica, gênero surge como uma expressão utilizada para classificar cientificamente certo agrupamento de seres vivos, que formam um grupo de espécies com características semelhantes. Porém, consoante sob a visão de Braga (2007), a percepção que se tem voltada para o gênero aponta para o âmbito das relações sociais do masculino e do feminino.

Identidade de Gênero

A identidade de gênero, agora em um olhar consideravelmente individual, se dá na maneira em que o sujeito se posiciona e se identifica dentro de um contexto de coletividade, permeando-se na colocação social do gênero e na afeição individual de identidade da pessoa. Por muito tempo se considerou como algo voltado, ainda, para questões biológicas, mas, na verdade, parte da identificação individual com certo gênero, podendo ser masculino, feminino os dois, ou nenhum. Conforme Torres (2010), entende-se que uma pessoa que nasceu como homem (masculino) pode se identificar como sendo do gênero feminino, sendo este o sua identidade social e, consequentemente, passa a ser discernida e confirmada como mulher. Tal situação configura o indivíduo como transgênero, uma vez que sua identidade de gênero se distingue da identidade biológica.

Não se pode, contudo, fazer a correlação entre a identidade de gênero da pessoa com a sua orientação sexual, de forma que a heterossexualidade, homossexualidade ou bissexualidade podem se apresentar em pessoas transexuais e/ou cisgênero. Neste contexto, a formação da identidade pessoal serve como alicerce para o desenvolvimento de uma identidade sexual (GUIMARÃES, 1995).

Ideologia de Gênero

A ideia de ideologia de gênero se relaciona com o conceito de identidade de gênero, de forma que abarca os papéis de gênero com uma pegada política e cultural, esta que vem sendo constituída por interpretações e entendimentos patriarcais e  heteronormativos.

De acordo com este pensamento, as pessoas nascem de forma igual e, ao decorrer da vida, vão construindo e constituindo-se em uma identidade própria (TORRES, 2010).

Sexualidade

A Sexualidade, por sua vez, é entendida como uma agregação de processos sociais que fomentam e desenvolvem a expressão do desejo e o contentamento dos prazeres corporais, podendo ser orientados de maneira diversa, para com: sexo oposto, mesmo sexo, ambos os sexos, si mesmo. O termo também faz alusão ao apetite sexual (como uma propensão ao prazer carnal) e ao conjunto dos fenómenos emocionais e comportamentais relacionados com o sexo (ANDRADE, 2005).

Antigamente, a sexualidade era considerada como uma característica instintiva dos seres humanos. As derivações comportamentais da sexualidade eram, portanto, determinados biologicamente, como defendido pelo determinismo naturalista de Foucault (1997, p.100):

[...] A sexualidade é o nome que se pode dar a um dispositivo histórico: não a uma realidade subterrânea que se apreende com dificuldade, mas à grande rede da superfície em que a estimulação dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação ao discurso, a formação do conhecimento, o reforço dos controles e das resistências, encadeiam-se uns aos outros, segundo algumas grandes estratégias de saber e de poder.

Porém, com o passar do tempo, a concepção de sexualidade foi adquirindo uma noção social e cultural (MEIRA, 2002). Tendo isso em mente, entende-se que os seres humanos desenvolvem as características da sua sexualidade de acordo com o meio que os rodeia. O jeito de lidar com o corpo nunca é integralmente livre. É, ainda, fortemente influenciado pela cultura que estabelece padrões estéticos, de saúde, entre outros. Sendo assim, o corpo é condicionado, pensado muitas vezes como natural, matéria viva, passa por revisões e questionamentos.

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