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Museu: da preservação da história à transmissão democrática do conhecimento

Por:   •  6/1/2021  •  Monografia  •  1.501 Palavras (7 Páginas)  •  142 Visualizações

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Museu: da preservação da história à transmissão democrática do conhecimento.

Aluno: Matheus Pereira Baltazar

Pós-

Desde os primórdios de sua história, o ser humano sente a necessidade de guardar e preservar todas suas produções artísticas, culturais e históricas, que eventualmente acabariam sendo deterioradas com o tempo, até desaparecerem. Para suprir essa necessidade, foram criados os museus, que além de preservar objetos do passado, preserva ideias, memórias e traços culturais que nos ajudam a compreender quem nós somos. Instituições parecidas com os museus que conhecemos hoje já existiam há milhares de anos atrás, já que o hábito de colecionar objetos sempre esteve presente na história da humanidade. Na cidade-estado de Ur, da antiga Suméria, haviam coleções de artefatos, que eram preservados por sacerdotes e identificados com inscrições, de forma muito semelhante aos museus modernos. O nome “museu” vem do grego mouseion, que significa Templo das Musas, entidades presentes na mitologia grega que representavam as mais diversas formas de expressões artísticas.

Durante os séculos XVI e XVII, com a expansão marítima, surgiram diferentes coleções, com objetos dos mais variados tipos: desde objetos naturais, obras de arte, até máquinas e invenções. Essas coleções eram armazenadas nos gabinetes de curiosidades, que apesar de terem um rico acervo, eram restritos à um determinado grupo, portanto a população em geral não tinha acesso. Foi no século XVII, na Inglaterra, que foi criado o que é considerado o primeiro museu moderno: o Ashmolean Museum. Criado pela Universidade de Oxford o museu tinha um acervo diversificado, mas que foi sendo sistematicamente catalogado com o passar do tempo.

Os museus começaram a ganhar força com a consolidação dos Estados nacionais, no século XIX. Esses Estados recém-unificados tinham a necessidade de criar para si uma identidade, de modo que a ideia de nação fosse fortificada e aderida por toda a população. Foi nesse período que se desenvolveram (inclusive no Brasil) diversas manifestações artísticas como literatura, pintura e música, que visavam contribuir na criação dessa identidade nacional. Foi com esse objetivo que os museus passaram a ser mais valorizados e ganharam uma grande importância. A identidade nacional é formada pelos diversos hábitos culturais de um povo, pelos seus pensamentos e ideias, ou seja, não só pelo patrimônio material, mas também pelo imaterial.

Foi durante esse período que surgiram as Exposições Universais, grandes eventos em que objetos das mais variadas naturezas podiam ser observados, mas que geralmente eram organizados de forma a transmitir uma ideia. A primeira dessas exposições ocorreu na Inglaterra, em 1851, e teve como foco a exibição de produtos manufaturados e inovações tecnológicas, de forma a demonstrar a soberania do país e os frutos da Revolução Industrial. A partir daí, foram diversas as Exposições Universais, que tinham como principais objetivos transmitir a ideia de soberania e poder, além de contribuir no desenvolvimento da identidade nacional.

Tendo em vista esses fatos, é possível perceber que a organização de um museu não é feita por acaso. A própria existência dessas instituições, na verdade, tem objetivos ideológicos. Assim como os museus no século XIX serviam para os objetivos dos Estados nacionais, os museus atuais têm seus próprios objetivos. E isso se reflete em cada detalhe observável nesses estabelecimentos, desde os objetos selecionados, a ordem em que eles são dispostos, a iluminação e cor das paredes, até sua própria estrutura arquitetônica.

Todas essas características estão incorporadas em um modelo expográfico, responsável por utilizar todos elementos do ambiente e também dos objetos que serão expostos de forma a desenvolver uma ideia, criar um discurso. Essa parte deve receber muita atenção por parte dos curadores e dos demais organizadores do museu, para que a arquitetura do lugar seja utilizada de forma interessante e conceitual, fazendo com que a experiência do visitante seja proveitosa e construtiva.

Ao organizar uma boa exposição, além de aproveitar e administrar essas características para transmitir um conceito específico, também deve-se ter a consciência de que os visitantes do museu serão indivíduos de diferentes realidades, sendo assim, a interpretação que cada um será única, particular. Portanto, a exposição deve sempre deixar espaço para diferentes possibilidades de interpretação.

Levando em consideração esse fato da diversidade entre os visitantes, é necessário que o acesso ao museu seja democrático. A cultura deve estar disponível para todos, portanto a entrada para as exposições devem ter um preço acessível. Sendo assim, é importante que a instituição tenha um bom planejamento financeiro, que leve em conta os gastos e orçamentos para a manutenção e preservação dos objetos.

Quanto à organização interna, é preciso um enorme cuidado para organizar e preservar as diferentes peças do acervo. Tudo deve ser catalogado e registrado de acordo com documentos, fontes históricas e relatos. Os objetos que não estão em exposição devem ser armazenados em uma reserva, de forma que sejam preservados e organizados para uma futura exibição. Também deve-se tomar cuidado com os objetos que estão em exibição, para que não sejam danificados durante as visitas, estabelecendo uma distância entre o visitante e a obra, e também limitando o uso de câmeras fotográficas quando há objetos que possam ser danificados com flashes.

Para que o museu atinja o grande público, é necessário o desenvolvimento de estratégias de comunicação que, além de despertar o interesse nas pessoas, também construa uma identidade visual própria. Para isso, é interessante o uso de um banco de imagens, selecionadas de forma que a ideia e os propósitos daquela instituição sejam evidenciados, assim como a natureza de seu acervo. Ferramentas como websites e a distribuição de materiais impressos são interessantes para esses fins.

O museu é um lugar muito importante para a preservação da memória da humanidade, e reflete os desejos do ser humano de conservar aquilo que acha importante. E muito além da preservação, o museu serve para transmitir o conhecimento de uma forma dinâmica e interativa, fazendo com que os visitantes de uma exposição conheçam mais, não só sobre o tema apresentado, mas sobre suas próprias histórias, como indivíduos e também como parte de um grupo. Todo esse cuidado é essencial para que o potencial do museu como uma forma democrática de transmissão de cultura e conhecimento seja aproveitado.

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