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NTENSIFICAÇÃO, PRECARIZAÇÃO E DESQUALIFICAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE: REDUÇÃO DRÁSTICA NA QUALIDADE DE ENSINO E SAÚDE PRECÁRIA DO PROFESSOR.

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Por:   •  9/8/2014  •  4.874 Palavras (20 Páginas)  •  472 Visualizações

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Marcelo Tuani, Universidade de Sorocaba – mestrando em educação

Lilian de Fatima Zanoni - mestrando em educação

Juliana Tonon, Universidade de Sorocaba - mestrando em educação

Resumo: O presente trabalho analisa, valendo-se da pesquisa sobre a qualidade do ensino e trabalho docente, alguns resultados preliminares obtidos por meio da experiência-piloto realizada em uma escola de ensino fundamental e médio, na cidade de Porto Feliz, SP. Tal pesquisa tem como objetivo identificar e analisar os fatores da precarização do trabalho docente. Parte-se do pressuposto de que o trabalho docente compreende não só o que envolve o ensino e aprendizagem, mas, ainda, a participação do professor no planejamento das atividades, na elaboração de propostas político-pedagógicas e na própria gestão da escola, incluindo formas coletivas de realização do trabalho escolar e articulação da escola com as famílias e a comunidade. Pretende-se analisar a complexidade das novas situações que abarcam o cotidiano da organização escolar e as relações de trabalho na escola. O trabalho de campo, na escola piloto, realizou-se por meio de encontros planejados em Htpcs (Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo). O estímulo à reflexão e a discussão, foi realizado por meio de temáticas que buscavam a reflexão e a expressão dos docentes acerca de sua realidade de trabalho e das relações sociais que a compõem. A pesquisa revela que os professores preocupam-se a qualidade da educação, reconhecem a intensificação do trabalho docente e a precariedade financeira, manifestando inquietação com as conseqüências desses aspectos sobre o processo de trabalho e com a própria formação continuada dos professores. Nota-se que parte dos professores entrevistados conforma-se com as condições de trabalho existentes, ocasionando formas de acomodação como a dessensibilização ideológica , a qual se traduz em um abandono de compromissos com os usos e fins sociais do trabalho. Conclui-se que 75% dos professores da escola em questão possuem uma jornada de trabalho superior a 35 horas de trabalho semanal e invariavelmente trabalhavam em mais de uma escola. Com essa jornada de trabalho, fica restrito o tempo para estudar, se aperfeiçoar ou desenvolver estratégias diferenciadas de ensino. Fica evidente o descontentamento dos professores com a política atual de ensino, com a intensificação do processo de trabalho, desqualificação do trabalho docente, mas também fica claro o despreparo e o comodismo frente a atual situação.

Palavras-chave: Intensificação do trabalho docente. Desqualificação do trabalho docente. Precarização do trabalho.

DESENVOLVIMENTO

O presente trabalho analisa, valendo-se da pesquisa sobre a qualidade do ensino e trabalho docente, alguns resultados preliminares obtidos por meio da experiência-piloto realizada em uma escola de ensino fundamental e médio, na cidade de Porto Feliz, SP. Os trabalhos foram iniciados por uma explanação do tema seguido de uma pesquisa empírica através de entrevistas com os professores, levando-os a refletir sobre a complexidade do trabalho na escola. A adesão dos professores ocorreu “praticamente por unanimidade”, embora tenham transparecido incertezas expressas na seguinte frase: “O que nós vamos ganhar com isso?”.

O questionário aplicado com os professores está disponível na tabela anexa.

Os professores revelaram preocupação com a qualidade da educação, com o reconhecimento da intensificação do trabalho docente e da precariedade financeira, manifestando ainda inquietação com as conseqüências desses aspectos sobre o processo de trabalho e com a própria formação continuada dos professores, conforme se pode observar nestes depoimentos:

“Vejo um abismo muito grande entre o discurso e a prática. A realidade em que vivemos está muito aquém daquela que é colocado em teoria, o que dificulta em demasia o trabalho docente”

“Estamos nos transformando em robôs com funções pedagógicas pré-determinadas, que educação é essa?”

“A elaboração de políticas pedagógicas por especialistas, deve ser sempre filtrada e direcionada para a realidade local, caso contrário o ensino público estadual sempre foi e será um laboratório de experiências pedagógicas”

“O fator mais preocupante é que os membros responsáveis pela política educacional, na sua grande maioria são donos de escolas particulares os quais elaboram sistemas educacionais voltados para o capital”.

Poucos professores questionam as mudanças que acontecem nas escolas com o passar do tempo, o que se apresenta por meio de uma crise de confiança no sentido e na qualidade da educação e nas repercussões sobre o seu trabalho. O que percebe-se por este estudo é que significativa parcela desses professores estão conformados com as condições de trabalho existentes, demonstrado por formas de acomodação como a dessensibilização ideológica que implica não reconhecer que “a área em que se perdeu o controle tenha algum valor ou importância”, a qual se traduz em um abandono de compromissos com os usos e fins sociais do trabalho.

De acordo com Jáen, M. J, 1991, os professores revoltam-se não enquanto proletários, mas contra o fato de serem tratados como proletários: contra a divisão hierárquica, a parcelarização e a estupidez de seu trabalho, contra a perda no todo ou em parte de seus privilégios sociais. O mesmo autor refere que existem duas formas de acomodação por parte dos professores: 1ª) A dessensibilização ideológica, que implica não reconhecer que a área em que se perdeu o controle tenha algum valor ou importância, a qual se traduz em um abandono de compromissos com os usos e fins sociais do trabalho; 2ª) Cooptação ideológica, que se refere a uma redefinição ou refundição dos fins e objetivos morais. (p.78)

A intensificação do trabalho torna-se cada vez mais intensa, mas as condições de trabalho alteram-se pouco, deixando os professores mais expostos a críticas , que responsabiliza o professor pelos males que atingem a escola. Essa desqualificação acarreta em um engessamento do trabalho do professor que com o passar do tempo perde sua autonomia tornando-se marionetes manipuladas pelos especialistas da educação. Estes especialistas visam sempre atender aos interesses capitalistas, conflitantes como a realidade da educação brasileira. Muitos professores desenvolvem sua metodologia de ensino exatamente como as políticas educacionais determinam, sem ao menos questionar ou modificar suas

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