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O Conceito de Sociedade

Por:   •  23/5/2018  •  Exam  •  1.124 Palavras (5 Páginas)  •  254 Visualizações

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Jorge Oliveira

Estudante nº 1600579

Turma nº 6

1)

De acordo com Viveiros de Castro (2002, 297-298, citado em Sousa, 2016, p.32) o conceito de sociedade pode ser analisado em dois sentidos:

- O sentido geral onde, para a vida humana, a sociedade é uma condição universal permitindo assim uma interpretação biológica (instintual), e uma outra simbólico-moral (institucional). Nesta interpretação biológica o autor refere que o indivíduo está “desenhado” (geneticamente) para o convívio social, para o viver em grupo/sociedade. Refere ainda que o processo evolutivo (físico e psicológico) do ser humano, depende da interacção com os seus semelhantes, ou seja, a evolução que nós próprios criamos (a nossa linguagem, e trabalho) está intrinsecamente ligada à evolução da nossa espécie (como ser biológico). Quanto à interpretação simbólico-moral, o autor refere que a sociedade, com todas as suas normas e regras (de âmbito comportamental) é algo característico e único do ser humano (assunto, a meu ver, algo discutível).

- O sentido particular onde o autor enumera três componentes como sendo os principais para existência de uma sociedade. O primeiro, componente populacional, onde “o termo é usado como sinonimo de ‘(um) povo’” que contém um grupo específico de indivíduos, num determinado território e onde a reprodução sexual, entre os mesmos, é um factor de crescimento e manutenção dessa sociedade. O segundo, componente institucional-relacional, onde o autor destaca questões como morfologia (composição, distribuição e relacionamento entre grupos e subgrupos dessa sociedade), normas jurídicas (cidadania, regras, leis e autoridade). O terceiro, componente cultural-ideacional, onde normalmente se confunde, ou troca, a palavra sociedade por cultura e onde o autor destaca questões como, conteúdos afectivos e cognitivos praticados entre os elementos do grupo, e os quais servem para transmitir a cultura e regras (distintas) dessa mesma sociedade, garantindo assim a persistência dos valores culturais e institucionais através dos tempos, da mesma.

   2)

   No que diz respeito à questão do estudo sobre os índios, como refere Roberto da Matta (1981, 11-16, citado em Sousa, 2016/2017, p.13), temos que retroceder atrás no tempo para podermos explicar, e até compreender o cerne da questão.

   Inicialmente a Antropologia enquadrava-se, um pouco, no campo da Filosofia. A necessidade que o Homem tinha de se conhecer, a ele e ao próximo, fez com que esta ciência (Antropologia) começasse a dar os primeiros passos nesse mesmo sentido, o real conhecer do eu e do outro no seu todo. Assim sendo a Antropologia deixaria de ser um “apêndice” da Filosofia, para passar a ser uma das muitas ciências sociais, no entanto, talvez a única a tentar estudar o Homem no seu todo, logo utilizando e partilhando conhecimentos com todas as suas “parceiras” como: Sociologia, Psicologia, Filosofia, Politicologia, Biologia, etc… todas no ramo das Ciências Sociais, todas a estudar o mesmo “objecto”, no entanto, só a Antropologia olha para o Homem como ser pensante, como ser biológico, como ser cultural, como ser social, como ser no seu todo abrangendo todas as suas áreas, lados e facetas. Ora se antigamente os primeiros antropólogos observavam, sem participar, uma sociedade e/ou grupo social, hoje em dia essa mesma observação já é vista e efectuada com uma participação do próprio antropólogo. Como refere Tim Ingold (in Barnard, 2006 ix-xii), a antropologia não é o mero estudo das pessoas, mas o estudo com as pessoas. Para efectuarmos tal estudo temos que participar, e até partilhar, a vivência com essas pessoas e/ou grupos sociais, criando assim um processo de conhecimento partilhado, onde quer observador, quer o observado acabam por partilhar conhecimento adquirido, criando assim um conhecimento mútuo. Só assim o antropólogo consegue ir ao encontro das grandes questões de Antropologia, conhecer o homem, conhecer-se a si, ao próximo, conhecer a sua cultura e as outras culturas de outros grupos sociais e/ou sociedades, e (talvez o mais importante de tudo) conhecer as ligações entre o Homem e essas mesmas sociedades nos vários campos existentes (cultural, biológico, sociológico, económico, psicológico, etc…).

   Pelo que entendi do texto de Lúcio Sousa (2016/2017, p. 12-14 citando R. Matta) não estudamos os Índios por serem um povo em vias de extinção, ou para relatar os maus tratos que sofreram, mas sim porque são um povo que ainda hoje se regem por valores importantíssimos dentro de qualquer grupo social (ou pelo menos, penso eu, que deveriam ser) em qualquer lugar da terra, como: “honra”, “verdade”, “justiça” e “dignidade”. Valores que eu acho que, a cada dia passa, se vão perdendo em todas as sociedades, não porque não estejam intrínsecos nas mesmas, mas sim porque vamos colocando outros valores acima destes, porque por vezes, não paramos para pensar no próximo como ser humano, como ser igual nós e parte da mesma sociedade e/ou grupo social, ao fim ao cabo, por não nos colocamos no lugar do próximo, porque não partilhamos a sua vivência, porque apesar de a conhecermos, pouco aplicamos a Antropologia no dia à dia das nossas vidas. Acho que todos nós deveríamos, de vez em quando, ser antropólogos, observar, partilhar as experiências do outro, talvez assim nos conhecêssemos melhor a nós e ao outro, por consequência, conheceríamos melhor a nossa própria cultura, e a cultura do próximo. Nem sempre é fácil deixar de parte a nossa cultura, a nossa língua e começarmos a “respirar” uma cultura diferente da nossa (processo conhecido como enculturação) mas, se o conseguirmos fazer, quase de certeza que vamos enriquecer o nosso conhecimento em relação à nossa própria cultura, ou talvez só relembrar regras e valores que, por este ou aquele motivo, deixámos de respeitar, de ter em conta ou de usar.

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