PIXO E ARTE: DUALIDADES DA ARTE URBANA

PIXO E ARTE: DUALIDADES DA ARTE URBANA

Ádrian G. B. da Silva 1

Davi Santos 2

Gabriel Monteiro 3

Jean Arruda 4

Pamela Cristal 5

RESUMO: Quando vagamos pela metrópole, é comum que nos deparemos com pixações. Pixos, no entendimento do senso-comum, se tratam de escrituras de pouca compreensão e de vandalização, no entanto, o sentido dessa arte marginal é muito mais profunda do que parece. O presente trabalho visa, justamente, apresentar essa profundidade, isto é, uma compreensão melhor fundamentada do que é a pixação, trazendo em mente as questões de como surge, porque surge, qual o objetivo, quem pratica, etc. Dessa forma, colocando a pixação no mesmo patamar da arte, da simbologia e da cultura (na verdade, uma contra-cultura, por origem e essência) urbana, e mais, dar uma voz a essas pessoas que são capazes de preencher uma metrópole inteira, de cima a baixo, de um lado a outro, como uma forma de revolta a essa ausência de alguém que os ouçam. Este trabalho baseia-se, inicialmente, no documentário “Pixo”(2010), além de aprofundar-se em outras pesquisas bibliográficas. Em resumo, queremos aqui demonstrar o que é de fato a pixação, essa arte política do caos e da anarquia, sem as correntes ideológicas e reacionárias que a compreendem apenas como um crime contra o espaço público.

PALAVRAS-CHAVE: Arte marginal. Arte periférica. Contra-cultura. Pixação.

ABSTRACT : When we wander through the metropolis, it is common to come across pixações. Pixos, in the understanding of common sense, are writings of little understanding and vandalism, however, the meaning of this marginal art is much deeper than it seems. The present work aims, precisely, to present this depth, that is, a better grounded understanding of what pixação is, bearing in mind the questions of how it arises, why it arises, what is the objective,

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1 Graduando de Bacharel em Ciências Sociais/ Universidade Federal Rural de Pernambuco

2 Graduando de Bacharel em Ciências Sociais/ Universidade Federal Rural de Pernambuco

3 Graduando de Bacharel em Ciências Sociais/ Universidade Federal Rural de Pernambuco

4 Graduando de Bacharel em Ciências Sociais/ Universidade Federal Rural de Pernambuco

5 Graduando de Bacharel em Ciências Sociais/ Universidade Federal Rural de Pernambuco

who practices it, etc. In this way, placing pixação on the same level as art, symbolism and urban culture (actually, a counter-culture, by origin and essence), and more, giving a voice to those people who are capable of filling an entire metropolis. , from top to bottom, from one side to the other, as a form of revolt against the absence of someone who would listen to them. This work is based, initially, on the documentary “Pixo” (2010), in addition to delving into other bibliographic research. In summary, we want to demonstrate here what pixação is, this political art of chaos and anarchy, without the ideological and reactionary currents that understand it only        as        a        crime        against        public        space.

KEYWORDS: Marginal art. Peripheral art. Counter-culture. Graffiti

1 INTRODUÇÃO

O pixo6 ou pichação, como é popularmente conhecido no Brasil, desde seu início no período ditatorial e ao decorrer do tempo ligado às práticas do punk e hip hop possui como principal objetivo causar impacto na sociedade, agindo como forma de manifestação de cultura e comunicação do proletariado jovem e periférico. Ferrara afirma que toda a área de conhecimento é comunicação, seja ela causa, efeito ou manifestação cultural, por meio de signos e registros das relações interpessoais ou não dos homens com o mundo. (FERRARA, 2002). Assim, podemos compreender que estudar a pixação é uma das formas de estudo da comunicação que uma cidade possui.

Assim sendo, consideramos a necessidade de uma desconstrução da prática da pixação, buscando mostrar a profundidade dos aspectos que envolvem a pixação para além da ordem da opinião pública e da segregação causada pelo capital, assim como compreender o que ocasiona essa prática tão recorrente nas metrópoles, oriunda principalmente dos subúrbios, as classificando como não só como arte, mas também como uma porta para a compreensão da realidade da juventude.

Contudo, há outras manifestações consideradas artísticas pelo senso comum, um exemplo deles é o grafite, que é bem aceito pela sociedade e tido como arte, diferente da pixação, visto como algo marginalizado. Existe profundidade e significado não somente para quem o pratica, mas para todos que estão dispostos a conhecer, algo muito além do que simples rabiscos. O grafite é classificado e considerado como arte, por que o pixo não estaria incluso? Por

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6 Adotamos a grafia da palavra pixação, com “x”, e não com “ch”, segundo a ortografia da norma culta, para respeitar o modo como os pixadores escrevem o termo de sua prática. Esse modo de escrita é considerado por alguns dos pixadores como uma maneira de diferenciar o sentido comum que é atribuído à norma culta da nossa linguagem: o termo pichação. A diferença que lhes é atribuído é que “pixar” é diferente de “pichar” pois “pichar” estaria ligado às práticas de qualquer intervenção feita na paisagem urbana, já o termo “pixar” remete às práticas de jovens que deixam inscrições grafadas de forma estilizada no espaço urbano.

incomodar e ser lida de uma maneira superficial? Se a pichação fosse produzida pelas classes sociais mais elevadas, ela seria tão incômoda e aceita pelo restante da população?

A partir dessa perspectiva, buscou-se empreender uma investigação acerca do fenômeno contracultural urbano, por meio de uma análise estética dos fatos envolvidos nas influências e das suas manifestações e dualidades na arte urbana. Assim, foram consideradas as seguintes questões para a obtenção de dados além das indagações citadas acima: por que o fazem? Como o fazem? Quais as implicações dessas atividades? Por meio dos seguintes objetivos: