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Arte Educação Arte é Guardar o Coração

Por:   •  26/11/2017  •  Ensaio  •  715 Palavras (3 Páginas)  •  284 Visualizações

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Arte é guardar o coração

Entre todas as coisas, é do coração que mais precisamos cuidar. Falo do coração-essência, coração-sensibilidade, coração-espírito, coração-criança, coração-olhos. A coisificação de tudo tem produzido pessoas sem esse coração. Essa minha geração é uma das mais bonitas esteticamente, onde se consegue recriar corpo e cabelo, roupas lindas, adolescentes estilosos e fotos perfeitas. Mas a falência das relações e consequentemente a brutalidade da violência em todos os setores sociais também não se viu em outros tempos.

Quando um dia comecei a fazer descobertas, encontrei na música e na escrita uma parceria e pude me aproximar mais de mim e dos outros. A arte, no seu sentido mais amplo, sempre foi meu caminho de crise e lucidez. Entrei no curso de Pedagogia para ter ferramentas de um bom combate pela vida, a minha e mais ainda a de outras pessoas. Vejo que o solo da educação é fértil, especialmente da infância até a juventude, mas pode ser improdutivo se não receber os cuidados adequados. Passei um tempo dando aulas de Violão e de Português em uma comunidade e vi nos adolescentes desde muita sede de crescimento à muita descrença no amanhã. Na ocasião, o pretexto da música, por exemplo, deu razões de esperança a alguns deles. Algo aparentemente tão simples, mas forte para fazê-los guardarem o coração.

Vejo na arte-educação um chão por onde saciar o sedento e resgatar o que não tem esperança. A formação humana pede uma sinergia com o mundo, que o explore ao ponto de extrair ouro dos escombros. Isso significa enxergar o que não se vê com os olhos físicos – educar o olhar. Enquanto a sociedade diagnostica alguém como perdido, o arte-educador/artista-professor, não consegue ver outra coisa além de um humano em potencial. Somente tendo esses olhos é que ele poderá abrir os olhos de outros.

Em 2007, um acontecimento me chocou em muitos de seus detalhes, além do fato em si: no Rio de Janeiro, João Hélio de seis anos de idade ficou preso pelo cinto do carro que estava sendo roubado por cinco jovens e foi arrastado ao ponto de ter o corpo destruído. Os jovens, dos quais o mais velho com 23 anos e o mais novo 16, o viram por fora do carro e, segundo testemunhas, aumentaram a velocidade. Uma tia de João falou em entrevista que gostaria que acontecesse com esses jovens o mesmo que aconteceu ao seu sobrinho. Ela estava chorando por algo que passou a desejar, como se a raiva fosse a porta de contágio da realidade, como o amor também é. Claro que esse é um dos vários exemplos de violência já ocorridos. Mas é um retrato da perda do coração. Esses jovens não tinham coração, pois o perderam em algum lugar pelas circunstancias de suas vidas. E se não tivermos cuidado também podemos perder o nosso, mesmo sem cometer um ato grave como esse, ou podemos, também, deixar que outras pessoas percam os seus.

Como nesse belíssimo texto de Eduardo Galeano, a educação do pai para o filho não seria apenas apontar ou mostrar o que ele ainda não tinha visto, mas ensinar como ver. O educador mostra o que não está sendo visto. Ele educa o olhar, antes de ensinar qualquer habilidade. Sem a educação do olhar, que é a educação do coração, qualquer conhecimento e habilidade são vãs na formação humana. É como ter o olhar de uma criança, que sempre

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