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Pensamento Social Brasileiro

Por:   •  4/7/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.205 Palavras (5 Páginas)  •  157 Visualizações

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Gilberto Freyre

  1. Para Gilberto Freyre grande fator de colonização não foi o estado como nas colônias espanholas, não foi o individuo como na America do norte, e não foram empresas comerciais como nas colônias holandesas. A família foi esse fator no Brasil. A unidade da sociedade brasileira é a família e não o individuo. A autoridade é a família

Essa família é a família que tem na liderança o patriarca, é a família patriarcal, que tem abaixo do patriarca a mulher, os filhos, agregados que entram numa relação de prestação de favor e os escravos.

Freyre vê a família patriarcal de modo positivo, uma espécie de prova de que nem a invenção ocidental moderna de individuo e nem o Estado autoritário, ou mesmo democrático é tão adequado para organizar a sociedade quanto o principio da família patriarcal, justamente porque nos dois casos os conflitos se acirram e tornam-se o motor da vida social, a grande sabedoria da sociedade patriarcal foi conseguir manter esse conflito em equilíbrio.

Para ele houve um intercurso sexual na colônia brasileira que não existia na mesma proporção e no mesmo sentido em outras experiências coloniais, mesmo as portuguesas. Esse processo tomou um sentido de miscigenação, miscigenação não apenas sexual, mas também cultural.

Freyre diz que a família patriarcal é o princípio de organização da sociedade, principio do qual deriva a democracia social/racial que é uma forma de autorregulação das relações que não dependem do público. Ele se preocupa em apresentar a democracia racial/social como uma espécie de democracia superior a democracia política.

Para ele o Estado não tem papel algum, pois ele tem uma visão de que a sociedade se autorregula, mas não no sentido do mercado como um instrumento de autorregulação, ele não é um liberal, mas sim nas relações sociais de dominação.

Freyre reconhece esse entrelace ou essa confusão entre privado e publico, mas esse modelo de sociedade com a prevalência do privado é superior a qualquer democracia política contemporânea. Ele diz claramente que numa democracia política os direitos são meramente formais e na nossa sociedade temos uma democracia social, ela é substantiva. Essa experiência social é superior a democracia política.

A pergunta central de Freyre é como que uma sociedade tão hierárquica desigual violenta não explodiu num conflito, e a resposta para isso está nessa democracia social/racial que é substantiva e muito superior a democracia política

A visão de Sérgio Buarque se opõe substancialmente a esta, ele concordava que a família patriarcal representou a unidade da sociedade, mas divergia e dialogava na oposição sobre as consequências dessa organização.

Sérgio diz que numa sociedade onde a unidade é a família patriarcal não existe democracia, pois não está no horizonte de possibilidade a ampliação da noção de direitos do indivíduo, é apenas na negação dos direitos da família que pode-se afirmar esses direitos; o que se opõe fortemente ao argumento de Gilberto Freyre que acredita numa continuidade, pois para ele, já que somos uma democracia racial, isso é muito superior a uma democracia política que é meramente formal e não substantiva. Sérgio quer marcar a distinção entre a esfera publica e privada, e para Freyre não havia essa distinção, o que organizava a sociedade era a democracia social e não a democracia política.

Sergio Buarque vê problema nesse baralhamento entre público e privado e propõe uma saída democrática, já Gilberto Freyre é conservador, quer conservar algo que ele acha que é positivo, no caso a família patriarcal.

Para Sérgio Buarque o público não é um continuo do privado, pois o público se organiza por regras próprias, que em grande parte, são regras que contradizem a lógica do privado, pois no privado são as preferências pessoais que regem, no publico é a igualdade, a impessoalidade.

Público é aquilo que diz respeito ao que é comum. A unidade da esfera pública é necessariamente o indivíduo, já a unidade da esfera privada, no caso de uma sociedade patriarcal, é a família.

Sérgio discute a cultura da personalidade que expressa uma particular concepção da natureza humana que privilegia aquilo que diferencia o individuo do seu grupo, aquilo que o destaca com base nas características pessoais e que está ligada a um tipo de organização social muito particular, uma frouxidão do feudalismo que permite mobilidade social.

Com isso ele debate um ponto central de sua obra, o conceito de homem cordial, pois cordialidade é o culto da personalidade posta em prática na esfera pública, é toda a tentativa de transpor para a esfera publica, valores e formas de orientação da conduta que são próprias da esfera privada, já que estão baseadas nas preferências pessoais e não naquilo que é universal. A esfera privada é a esfera da privação de direitos.

Segundo Sérgio Buarque é uma aversão ao que é universal, ao que te dissolve como indivíduo, concreto e te reduz a um papel, mas não só uma aversão, ser cordial é ser superior, é uma forma superior de se relacionar.

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