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RESENHA :A CONSTRUÇÃO DE UM CIBERTARIADO? TRABALHO VIRTUAL NUM MUNDO REAL?

Por:   •  17/4/2018  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.539 Palavras (7 Páginas)  •  775 Visualizações

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Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

Resenha

A CONTRUÇÃO DE UM CIBERTARIADO? TRABALHO VIRTUAL NUM MUNDO REAL?

(Ursula Huws)

Disciplina: HZ554B - Tópicos Especiais em Sociologia V

Profº. Drº. Ricardo Antunes

Aluno: Lucas Forlevisi de Mello RA: 147013

Mediante o cenário de mudança de uma possível construção econômica global (pós colapso da União Soviética de 1989), os trabalhadores foram inseridos em um complexo sistema produtivo, que altera suas relações sociais com o grande capital. Os processos de produção, mercadorização e acumulação desenham novas dinâmicas sociais, onde um indivíduo está intimamente ligado a outro, do outro lado do mundo, diante da cadeia produtiva da qual fazem parte; criando novos grupos no trabalho, que localizam-se entre o proletariado paradigmático e a burguesia: o capataz, o gerente de compras etc. - Todavia, esse proletariado global, possui alguma consciência comum? Fatores e novas formas de apropriação da mão de obra ganham corpo, na medida em que o proletário não necessariamente mais é o homem rústico do chão de fábrica ou da roça, pois o filho do camponês que aventura-se na cidade (devido também uma pressão própria do capital contra o campo), é muitas vezes abraçado pelas novas formas de trabalho, que o faz homem de escritório e “colarinho-branco”, mas não menos proletário; “martelam um teclado todo o dia”. As novas formas de trabalho deixam a ideia do típico operário de chão de fábrica para trás, não na perspectiva de que o trabalho acabaria, como muitos afirmaram, mas na evidente constatação de que o grande capital desenha novas formas de exploração e apropriação da força de trabalho, mediante as necessidades que estão colocadas para sua expansão. É nessa linha, que Ursula Huws, vem desenvolver a reflexão da construção de um proletário cibernético e que é explorado na dimensão do mundo virtual, mas que é fundamental para os processos exploratórios do mundo real na dinâmica capitalista.

A categorização desses trabalhadores dentro do próprio pensamento socialista, causa controvérsias de maneira que segundo Huws, seguidores de Vladimir Lenin e Nicos Poulantzas, os classificariam como parte da pequena burguesia, contrários aos interesses da classe trabalhadora manual, compartilhando das ideias dos pequenos empregadores. Para Erik Olin Wright, suas ocupações são “contraditórias dentro das relações de classe”, o fato é que para o próprio Marx, são considerados “trabalhadores assalariados comerciais”, não proletários por não produzirem mais-vaila. Todavia, na atualidade, são tantas as funções, ramificações desses trabalhadores e de tamanha complexidade, que as variadas atividades exigiram a necessidade de muitas às vezes, serem analisadas separadamente, afinal um webdesign produz mais-valia? Pensemos novamente cada nova função do trabalho com Marx, para então a classificarmos. A Nova Classe Média (White Collar) de Charles Wrigth Milss e The Black-Coated Worker [O trabalhador coberto de preto] de David Lockwood, são dois estudos clássicos, que mostram um desinteresse em uma denominação concreta que atenda esses trabalhadores e que verifiquem os traços que característicos, os distanciando do resto da força de trabalho.

Os anos de 1960 e 1970, por exemplo, debruçaram-se sobre essa questão de maneira que suas teorias puderam constatar a forte ascensão de mobilidade das mulheres nestes postos de trabalho e em tantos outros, alterando e contrariando inclusive, uma dinâmica social onde o homem trabalhador saia de casa para buscar o sustento para sua prole, de maneira que a mulher viria ocupar igualmente papéis de classe.

Os trabalhadores de escritório podem ser analisados mediante alguns fatores que Huws considera importantes: a) relação funcional de seu trabalho com o capital b) suas ocupações c) sua relação social com a produção d) seu lugar na divisão social do trabalho e) rendas comparadas f) seu status social. Essas categorias permitem a reflexão das mais variadas atividades desenvolvidas no capitalismo moderno, de modo que as funções dos indivíduos podem ser analisadas como elementos ímpares de inserção na cadeia produtiva, sendo constantemente renovadas pelo avanço tecnológico e pelos próprios ajustes exploratórios do grande capital. Frequentemente novas formas de trabalho nascem para atender demandas capitalistas e outras deixam de existir, trata-se de um constante processo adaptativo do trabalho, onde exponencialmente crescem as funções dos trabalhadores de escritório.

A complexidade da classificação dos trabalhadores no atual capitalismo, decorre da crescente mercadorização das atividades de serviços, de maneira que um produto pode ser vendido para o varejo ou atacado em diversas etapas de produção e processos comerciais, não precisando ser necessariamente físico e palpável, pode ser um software. Estudar esse processo, parte da ideia de seguir cada etapa entendendo as dinâmicas e relações compostas nesse organismo capitalista.

Quando pensamos nas estruturas das grandes organizações, fatores como a terceirização (tema exaustivamente discutido no Brasil 2015) e a privatização, desmontam as classificações de diferenciação entre o público e o privado e confundem as divisões que tínhamos de setores “primários”, “secundários” e “terciários” de maneira que uma crítica e detalhada análise precisa ser feita; o capitalismo tem tido a audácia e habilidade de manobrar as esferas sociais e integra-las à favor da acumulação e agilidade produtiva. Essa integralização é tamanha, que diversas empresas unem-se em também diversas corporações trazendo instabilidade e heterogeneidade aos processos produtivos que são constantemente mais subdivididos.

As ocupações dos trabalhadores de escritório, embora distanciem-se do conceito clássico de operariado, mantém íntimas lógicas de apropriação de suas forças de trabalho, a hierarquização ‘qualificativa’ desses trabalhadores, se faz demasiadamente presente no que se relaciona à suas ocupações. As novas funções do trabalho, instauram também novas divisões de precarização da força de trabalho. O tomando como exemplo, o setor da informática, se

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