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RESENHA DO LIVRO: O QUE É CIÊNCIA AFINAL?

Por:   •  31/5/2019  •  Resenha  •  4.055 Palavras (17 Páginas)  •  1.908 Visualizações

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RESENHA DO LIVRO: O QUE É CIÊNCIA AFINAL?

DE A. F. CHALMERS

Por Washington Carlos Santos Silva

Mestrando em Sociologia Política IUPERJ-UCAM

31 de maio de 2019.

Chalmers, filósofo britânico, busca trazer uma certa simplicidade e clareza no entendimento sobre a natureza da ciência.[1]

Por que ciência?

Modernamente, a adoção de um método científico a uma linha de raciocínio ou uma peça de pesquisa reveste o resultado de credibilidade. Muitas áreas de estudo aplicam métodos considerados por elas como científicos em um esforço para que seus resultados sejam considerados tão confiáveis como aqueles demonstrados pela física. Na ciência política ou ciências sociais, por exemplo, os marxistas consideram verdadeiro o materialismo histórico como ciências.

Autointitulados ‘cientistas’ nesses campos podem frequentemente ver a si mesmos seguindo o método empírico da física, o que para eles consiste na coleta de dados por meio de cuidadosa observação e experimentos e da subsequente derivação de leis e teorias a partir desses dados por algum tipo de procedimento lógico.

Muitos pesquisadores que seguem essa linha, fechados em seus laboratórios universitários, não se dão conta que “o método que se empenham em seguir não é apenas estéril e infrutífero, mas também não é o método ao qual deve ser atribuído o sucesso da física”.

A ciência não necessariamente “repousa sobre um fundamento seguro adquirido por meio de observação e experimento e com a ideia de que há algum tipo de procedimento de inferência que nos possibilita derivar teorias científicas de modo confiável de uma tal base”. Isto porque é uma falácia o pensamento de que exista “método que possibilite às teorias serem provadas verdadeiras ou mesmo provavelmente verdadeiras”.

Para o filósofo Paul Feyerabend , “a ciência não tem características especiais que a tornem intrinsecamente superior a outros ramos do conhecimento”. Sugere ainda que nas ciências, “a escolha entre teorias se reduz a opções determinadas por valores subjetivos e desejos dos indivíduos”.

Chalmers valoriza o entendimento de Feyrabend, mas não o isenta de críticas. Infere-se de seu texto que recorrer ao subjetivismo e individualismo como características essenciais das escolhas das teorias seria reduzir o debate.

O propósito do livro de Chalmers é “dar conta dos desenvolvimentos recentes, explicando tão clara e simplesmente quanto possível algumas teorias modernas sobre a natureza da ciência, e eventualmente sugerir alguns aperfeiçoamentos”.

Primeira Parte: Indutismo e falsificacionismo: duas explicações simples, mas inadequadas da ciência.

INDUTIVISMO: CIÊNCIA COMO CONHECIMENTO DERIVADO DOS DADOS DA EXPERIÊNCIA (CAPÍTULO I).

  1. Uma concepção de senso comum da ciência amplamente aceita (concepção popular de conhecimento científico nos tempos modernos): Conhecimento científico é assim reconhecido por ser passível de prova objetivamente, por isso, confiável. Os dados são provenientes rigorosamente, pela observação e experimento, daquilo que podemos ver, ouvir, tocar, etc. as subjetividades como opiniões, preferencias, suposições... não tem lugar na ciência. Francis Bacon, por exemplo, insistia que “se quisermos compreender a natureza, devemos consultar a natureza e não os escritos de Aristóteles”.

  1. Indutivismo ingênuo: é a tentativa de se formalizar essa imagem popular da ciência, cujo início seria a observação, registrando com fidelidade o que puder ver, ouvir... Seria indutivista por ser baseada em um raciocínio indutivo. Nesta visão, (i) a ciência começa com observação; (ii) a observação fornece uma base segura sobre a qual o conhecimento científico pode ser construído; e (iii) o conhecimento científico é obtido a partir de proposições de observação por indução. As observações por si sós não são estimulantes e são chamadas e afirmações singulares por referirem-se a ocorrências específicas ou a um estado de coisas num lugar ou num tempo específico. Já as informações gerais que afirmam coisas sobre as propriedades ou comportamento de algum aspecto do universo, referindo-se a todos os eventos de um tipo especifico em todos os lugares e em todos os tempos, são denominadas afirmações universais, obedecendo as leis e teorias que constituem o conhecimento científico.
  1. Raciocínio lógico e dedutivo: Com a teorias e leis universais à sua disposição, um cientista pode verificar várias consequências que “servem como explicações e previsões”.
  1. Previsão e explicação no relato indutivista: “para um indutivista, a fonte da verdade não é a lógica, mas a experiência”. Se algo já aconteceu a depender do ambiente, do material o da temperatura, não significa dizer que possa acontecer de novo nas mesmas condições. Deve-se tentar e observar para se chegar à verdade, à dedução.
  1. A atração do indutivismo ingênuo: tanto a observação como o raciocínio indutivo são eles mesmos objetivos: (i) dá uma explicação formalizada de algumas das impressões popularmente mantidas a respeito do caráter da ciência; (ii) seu poder de explicação e previsão; (iii) sua objetividade e confiabilidade superior; (iii) não é permitido a intrusão de nenhum elemento pessoal, subjetivo.

Críticas ao indutivismo (cap. II e III)

Capítulo II: A explicação indutivista da ciência será criticada lançando-se dúvida sobre a seguinte suposição: “o conhecimento científico é obtido a partir de proposições de observação por indução”.

  1. O princípio da indução pode ser justificado?

Princípio da indução, segundo Chalmers: “Se um grande número de As foi observado sob uma ampla variedade de condições, e se todos esses As observados possuíam sem exceção a propriedade B, então, todos os As possuem a propriedade B”.

O princípio da indução pode ser válida e explicável? Para o indutivistas, existem duas linhas de abordagens abertas na tentativa de resposta: (i) tentando justificar apelando para a lógica: “se a premissa do argumento é verdadeira, então a conclusão dever ser verdadeira”. Mas os argumentos dedutivos possuem esse caráter, não os indutivos. É possível a conclusão de um argumento indutivo ser falsa embora as premissas sejam verdadeiras; (ii) ou apelando para a experiência: o princípio da indução foi bem na ocasião x1, o princípio da indução foi bem-sucedido na ocasião x2, etc. Logo, o princípio da indução é sempre bem-sucedido. Ora, não podemos usar a indução para justificar a indução, isso exclui o próprio principio da indução básico à posição indutivista. Se o princípio da indução deve ser um guia para o que se estima como uma inferência científica legítima, então a clausula “grande número” terá de ser determinada detalhadamente.

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