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Sofrimento psicológico entre acadêmicos

Por:   •  13/8/2018  •  Artigo  •  1.600 Palavras (7 Páginas)  •  169 Visualizações

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Estudo comparativo de diferentes centros acadêmicos de graduação da UFSC sobre tensão acadêmica e sofrimento psicológico entre os graduandos

                  Ana Luiza GEVAERD

Johnnathan FIGUEIREDO

Luiza Fontana LAZZARI

Maria Clara Gomes da SILVA

Taís Ribeiro HOLETZ

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC

RESUMO

A proposta deste estudo é indicar os principais motivos que causam sofrimento psicológico e estresse entre os estudantes de graduação de diferentes centros da Universidade Federal de Santa Catarina e compará-los. O método usado foi a pesquisa qualitativa, executada através de entrevistas presenciais de forma aleatória em três centros da UFSC, Centro Tecnológico, Centro de Ciências da Saúde e Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Os resultados, coletado dos depoimentos dos alunos, mostraram preocupações em relação a pressão dos professores, à carga horaria pesada e à falta de assistência estudantil. Foi concluído que em todos os centros estudados há forte presença de sofrimento psicológico que se dão por diferentes motivos em cada área.

PALAVRAS-CHAVE: Ansiedade. Sofrimento. Graduação. Capitalismo. Globalização.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho é resultado de uma atividade interdisciplinar entre disciplinas integrantes da Prática Pedagógica como Componente Curricular (PPCC) do primeiro período do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Catarina.

Pesquisas feitas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstram que de 350 milhões de pessoas diagnosticadas por depressão (uma das doenças psíquicas), 11,5 milhões estão no Brasil. Dado, este que só perde para os Estados Unidos. A região Sul é a que mais sofre com o distúrbio.

Um artigo executado, dessa vez aqui no Brasil, chamado “Vivências Acadêmicas e Sofrimento Psíquico de Estudantes de Psicologia” realizou um estudo por diversas universidades públicas no país e resultou os índices de 25% a 58% de TMMs (Transtornos Mentais Menores) as quais se encaixam estresse, irritabilidade, insônia etc.

Com os estudos feitos acima e também partindo de um pressuposto de que o modelo socioeconômico vigente, o capitalismo, tem intensa relação entre estresse e vida acadêmica, tentamos entender se há realmente tal correlação dentro da Universidade Federal de Santa Catarina. Com isso, fizemos 30 entrevistas de ordem qualitativa com estudantes da graduação de três campos diferentes da UFSC - Centro de Filosofia e Ciências Humanas, o Centro Tecnológico e o Centro de Ciências da Saúde – de forma aleatória e notamos que há alguma preocupação em todos os estudantes, contudo de naturezas distintas.

 A maioria queixou-se das dificuldades de se manter dentro do curso pelo excesso de projetos, relatórios, leituras e provas por semestre; houve também casos de questões pessoais afetando a vida acadêmica; perturbações sobre a precariedade da permanência estudantil e também lamentações do deslocamento casa-universidade prejudicando a tranquilidade. Como destaque, casos de suicídio e tentativa de suicídio na área de exatas – Centro Tecnológico.

Um ponto que nos marcou bastante durante os meses de entrevistas foi a ausência de minorias nos espaços: negros, grávidas, mulheres com filhos, indígenas, pessoas com deficiência. Por isso, tivemos que recorrer diretamente a tais pessoas, e falamos com um aluno negro de ciências sociais. Por mais que todos tenham sofrimentos e nunca devam ser inferiorizados, as preocupações de uma pessoa que faz parte das minorias é visto por outra perspectiva.

2 OBJETIVO

Conhecer os principais motivos que acabam por causar sofrimento psicológico e estresse entre os estudantes de graduação de diferentes centros da universidade, buscando estabelecer as principais similaridades e diferenças entre eles, para que seja possível comparar os resultados ao que diz respeito ao sexo, idade, semestre e curso do graduando e ainda buscar responder a seguinte questão: Há indícios de tensão e sofrimento psicológico na UFSC devido a vida acadêmica e pressão social para se ter uma profissão bem-sucedida?

3 JUSTIFICATIVA

O assunto predominante da pesquisa realizada que teve como intenção analisar o comportamento de alunos de graduação da Universidade Federal de Santa Catarina quanto as suas sensações e sentimentos perante a vida acadêmica e de que maneira a sociedade é capaz de atuar como agente decisivo para a escolha profissional dos graduandos, foi o viés social perante a globalização, o capitalismo e suas respectivas influências, uma vez que tem se expandido tornando as relações frágeis e os indivíduos cada vez mais sujeitos a capitalização.

Vivemos num mundo de transformações que afetam quase todos os aspectos do que fazemos. Para bem ou para mal, estamos sendo impelidos rumo a uma ordem global que ninguém compreende plenamente, mas cujos efeitos se fazem sentir sobre todos nós. (GIDDENS, 2007, p.17)

Para Standing (2014), faz parte da humanidade nos definirmos pelo o que fazemos ou pelo que somos. A memória social surge do pertencimento a uma comunidade reproduzida ao longo de gerações, observa-se construções sociais quando uma em algumas sociedades, crianças de classe trabalhadora que viessem a aspirar uma profissão características da classe dominante, era motivo de riso; uma criança da classe média seria repreendida caso aspirasse ser um encanador ou um cabelereiro. Todos nós nos definimos tanto pelo que não somos, quanto pelo que somos.

A crescente tendência da busca por uma definição e inserção na sociedade globalizada e altamente capitalizada, tende a acarretar um sentimento de angustia entre jovens universitários.

Na nossa cultura atual não há espaço para o tristonho. Este geralmente é rotulado como o ‘baixo-astral’, o desanimado, aquele que sempre está de ‘mal com o mundo’. Esta mesma sociedade que o produz também o rejeita a partir do momento em que impera a necessidade de ser feliz. Mais que um estado, a felicidade estatui-se como condição do ser vivente. (GOMES CAMARGO, 2007)

Essa onda de turbulências é cada vez mais observada nas gerações atuais, a quais estão em constante contato com as transformações sociais e mais precisamente no mercado de trabalho, acarretando, obviamente, essa típica confusão interna e frustração analisada nos entrevistados.

Segundo Guignon (2004) apud Bauman (2009),

Os programas voltados para ajudar as pessoas a entrar em contato com seus verdadeiros “eus”, supostamente motivados por ideais emancipatórios, muitas vezes tem como efeito pressioná-las a pensar de maneira a confirmar a ideologia dos criadores desses mesmos programas. Assim, muitos dos que começam pensando que suas vidas são vazias e sem direção acabam perdidos na estrutura de pensamento de determinado programa ou no sentimento de que “nunca somos bons o bastante”, não importa o que façamos.

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