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UMA PERCEPÇÃO DOCENTE A RESPEITO DAS RELAÇÕES ENTRE OS JOVENS DO ENSINO MÉDIO E SUAS FAMÍLIAS

Por:   •  16/11/2021  •  Artigo  •  5.237 Palavras (21 Páginas)  •  104 Visualizações

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UMA PERCEPÇÃO DOCENTE A RESPEITO DAS RELAÇÕES ENTRE OS JOVENS DO ENSINO MÉDIO E SUAS FAMÍLIAS

Cassiano Quinino de Medeiros Figueirêdo[1]

1 INTRODUÇÃO

        O presente artigo é elaborado a partir da real necessidade de se buscar produzir ciência com base nas experiências compartilhadas por aqueles que perfilam os ambientes escolares e acadêmicos. No contexto que aqui será apresentado, relaciona-se às práticas de docente da disciplina de Sociologia no Ensino Médio Regular de uma escola pública do município de Juazeirinho - PB, enriquecida com o aprendizado decorrente da vivência acadêmica na primeira turma do Mestrado Profissional em Sociologia (Profsocio) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). O conhecimento adquirido e partilhado em ambos os espaços decorrente do intercâmbio das experiências proporcionadas pela dinâmica cotidiana de participação da sala de aula como docente no Ensino Médio e, como discente, no referido mestrado, tem possibilitado ao pesquisador um aperfeiçoamento da maneira de pensar e ver estes dois mundos que se inter-relacionam.

Desta feita, cabe expor que o pesquisador se insere num contexto de breve experiência docente, afinal, acumula pouco mais de sete meses como profissional. Porém, o tempo foi suficiente para pesquisar e observar diretamente, mesmo que de maneira sucinta, sobre o jovem estudante e, por esta razão, ter um conhecimento básico e geral sobre as suas vivências. Assim, escreve o artigo ao concluir o primeiro semestre da pós-graduação supracitada, onde a temática do jovem e da juventude foram amplamente discutidas em encontros regulares. Igualmente, a temática sobre a família também foi examinada e discutida, compondo inclusive o seu objeto de pesquisa no projeto de mestrado.

        De maneira introdutória, cabe expor que antes de tomar consciência dos preceitos científicos apresentados por Paulo Freire para condução de um adequado processo de ensino-aprendizado, o pesquisador meio que instintivamente e seguindo uma prática que carrega consigo ao longo da vida – de inteirar-se sempre sobre o universo onde trabalha - buscou conhecer previamente ao início do exercício da docência, um pouco sobre aqueles com quem iria dividir boa parte do seu tempo, os estudantes.

Em relação à prática adotada, Freire (2016) defende que os processos de ensino-aprendizagem devem ocorrer num contexto de educação onde o professor começa a dialogicidade quando mantém, consigo mesmo, a prática de se perguntar sobre o que vai dialogar com os seus alunos. Por óbvio, que a resposta para tal inquietação só é possível de ser manifestada quando se conhece o universo daqueles que serão os alunos. Somente assim o professor poderá trabalhar em um conteúdo programático que efetivamente atenderá aos anseios dos discentes. Esta é a “prática da liberdade” defendida por Freire (2016, p. 142).

Tratar dos processos de ensino-aprendizagem implica em compreender que “[...] os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador [...]”, o educando e o educador são sujeitos de um mesmo processo, é o que defende Freire (1996, p. 14). Assim, como sujeito integrante de um processo é preciso que, no mínimo, o docente conheça sobre o universo que adentrará, consequentemente, que saiba um pouco sobre as objetividades e subjetividades dos alunos.

Portanto, a fim de melhor conhecer o referido universo, o docente titular da disciplina de sociologia aplicou logo no primeiro dia de aula uma pesquisa exploratória. A partir dela pôde ampliar a visão sobre o mundo ao qual os jovens estavam inseridos e, assim, intermediar melhor os processos inerentes à prática educacional.

Destarte, a pesquisa foi realizada no primeiro encontro ocorrido entre o docente-pesquisador com os alunos. Da mesma forma correspondeu ao primeiro contato com a prática docente no Ensino Médio Regular. Inicialmente foi explicado ao público para que tais informações serviriam e que não deveriam colocar seus nomes na folha de resposta. Foi aplicada ao universo dos 26 alunos que se encontravam na sala, a cada um deles foi entregue uma folha com 31 questões abertas e fechadas para serem respondidas. Em seguida todas as perguntas foram lidas e as dúvidas relacionadas ao conteúdo das indagações esclarecidas. Todos os alunos responderam aos questionários, houve variação apenas em relação à quantidade de perguntas respondidas, pois alguns optaram por deixar questões em branco. As razões para a omissão foram desconhecidas.

        Uma grande contribuição que pode ser apontada e que foi dada pelo Profsocio, caminhou no sentido de possibilitar ao pesquisador quando da reanálise/releitura da pesquisa exploratória aplicada, correlacioná-la e compreendê-la conforme as várias formas que existem de ser jovem, assim como entender a relação entre o ser jovem e a juventude. Paulo (2011, p. 71) assegura que “[...] as condições juvenis vivenciadas de forma diferente pelos jovens em situações juvenis específicas serão responsáveis pela construção de significados que, em última análise irão compor culturas juvenis diferenciadas [...]”. Compreender a forma como os jovens se reconhecem como tal é preponderante para um satisfatório desenvolvimento dos processos de ensino-aprendizagem.

Notadamente, também é importante assimilar que as famílias destes jovens exercem um papel de suma importância para a construção dos significados que eles atribuem às coisas. Tanto é, que com a pesquisa exploratória foi possível identificar que os jovens dão grande importância ao tema da família. Por conseguinte, este artigo abordará sobre a percepção do docente-pesquisador a respeito das relações entre os jovens do Ensino Médio e suas famílias.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 OS JOVENS E AS JUVENTUDES

        Para discorrer sobre os ‘jovens e as juventudes’ foi tomado como texto norteador a tese de doutorado de Maria de Assunção Lima de Paulo (2011), com título “Juventude Rural: suas construções identitárias”. Todavia, outros autores, incluindo clássicos, também serviram para fundamentar os posicionamentos adotados.

        Paulo (2011) para falar das juventudes percorre um caminho que vai desde Ariès, passando por Pierre Bourdieu, Karl Mannheim até os contemporâneos Anthony Giddens e José Machado Pais. Por meio de uma breve análise sociohistórica afirma que na modernidade a juventude foi reconhecida como uma etapa da vida que opôs, de maneira distinta, “[...] o jovem ao adulto e ao velho [...].”. (PAULO, 2011, p. 59).

        A construção textual direciona para compreensão de que foi na sociedade moderna que também ganhou corpo a ideia de identidade, que no contexto aqui abordado relaciona-se ao tema das juventudes, uma vez que se buscou e ainda se busca construir uma identidade juvenil com base no recorte/separação abrupta de gerações.

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