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A Intolerância Religiosa

Por:   •  18/10/2017  •  Artigo  •  547 Palavras (3 Páginas)  •  235 Visualizações

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Ainda o tempo de caçar bruxas

        No país símbolo do acolhimento não se suporta várias culturas. Contrariando a liberdade de crença assegurada pela  Constituição no artigo 5°, tal qual o conceito por trás do termo "religião" (religar)  —  este que trata da aproximação do homem  junto à espiritualidade, aos princípios éticos, ao outro — denúncias sobre ataques a centros tanto umbandistas quanto candomblecistas suscitam a questão do crescente medo da convivência com a diversidade  em conssonância com a passividade estatal e desinformação. Nesse sentido, a paz que Deus tem oferecido para certos indivíduos é a de não usar o próprio nome para fundamentar seus atos violentos.

        Entre 2011 e 2014, o maior número de queixas sobre intolerância religiosa registradas pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, 35%, contemplavam os cultos afro-brasileiros; em 2015 ganhou a imprensa o apedrejamento da garota  Kayllane Campos, 11 anos, enquanto vestia roupas tradicionais do Candomblé;  mais recentemente, divulgado agora em outubro,  o governo do Rio de Janeiro atendeu no período de dois meses 32 casos de depredação a terreiros, destacando que 1/4 ocorreram  só na Baixada Fluminense. A teia das causas leva até o sentimento egocêntrico dos que julgam carregar uma verdade absoluta, não o ponto de uma vista inteira, e daqueles que experimentam insegurança para manter a identidade, pertencer, existir; assim, a pessoa tenta evitar ser anulada impondo seus valores sobre o próximo que, ao não aceitar, sofre agressões verbais e/ou físicas. A isso reforça um caráter de superioridade e de promoção do bem sem entendimento da inerente relatividade da sua natureza abstrata, surgindo polarização, estigmatização e patrulha. Jung já dizia que o humano persegue a sombra de si mesmo. Acima de tudo, ele persegue o que sacode as estruturas ideológicas por comodidade de não gastar energia refletindo ou não querer mudar as relações do poder.

        Através da raíz psicológica pouco trabalhada da guerra cultural de dominação, a história se repete desde o Brasil colônia. Quando chegaram em meados do século XVI, os jesuítas portugueses investiram na cateczação dos índios nativos que já tinham manifestações de fé; além deles sofreram mais tarde demonização e coibição os escravos, obrigados a vincularem as imagens dos orixás com santos católicos, praticar o sincretismo, enganando os senhores no intuito de manter vivo o credo da nação de origem.

        Hoje,apesar dos papéis assinados punindo quem não respeita o livre-arbítrio, verifica-se, por exemplo, a pena branda de no máximo 1 ano detido ou pagamento de multa para aquele que avacalha cerimônias, imagens ou pensamentos religiosos, medida prevista pelo artigo 208 do Código Penal; também a solidificação de uma bancada neopentecostal no senado desejando criar projetos segundo a moral cristã; programas da mídia reforçando estereótipos negativos (dá para citar supostas incorporações de exus e pombogiras, entidades da Umbanda/Quimbanda, se declarando  malignas durante a transmissão dos cultos evangélicos na Rede Record); assim como a decisão favorável do Supremo Tribunal Federal, em setembro, acerca de aulas teológicas proselitistas, isto é, com mestres promovendo uma crença específica. Essa herança do preconceito, emboram pretenda infectar a educação, pode ser remediada igualmente por meio dela.

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