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Psicologia da Comunicação em tempos de crise

Por:   •  8/8/2021  •  Bibliografia  •  6.922 Palavras (28 Páginas)  •  145 Visualizações

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PSICOLOGIA DA COMUNICAÇÃO EM

TEMPOS DE CRISE

Luciano Alves Pereira: Professor efetivo da Universidade Federal de Goiás. Graduado em Relações Públicas pela Universidade Federal de Goiás (2000). Especialista em Assessoria em Comunicação. Mestre em Comunicação pela UFG. E-mail: luciano_alves_pereira@ufg.br[pic 3]

Jordanna Vieira Duarte: Psicóloga com especialização em Avaliação Psi- cológica e Mestra em Música na Contemporaneidade com ênfase em Cultura e Sociedade. Professora de Habilidades de Comunicação, coorientadora de ligas acadêmicas nas áreas da saúde e psicóloga do Núcleo de Apoio Psicope- dagógico da Faculdade de Medicina da Universidade de Rio Verde - Campus Aparecida de Goiânia. E-mail: jordannaduarte@gmail.com[pic 4]

[pic 5]PSICOLOGIA DA COMUNICAÇÃO EM TEMPOS DE CRISE

Luciano Alves Pereira Jordanna Vieira Duarte

Resumo

As estruturas governamentais exercem papel fundamental na orientação coletiva e no enfrentamento de crises. Nos propomos a debater o papel dos discursos oficiais de Governo, dos órgãos de Estado e autoridades mé- dicas brasileiras na formação dos sentidos individuais e sociais na perspectiva da psicologia da comunicação em meio a pandemia provocada pela Covid-19. A informação de interesse público é um direito do cidadão, dever do Estado e do Governo. Buscamos refletir e questionar quais são os possíveis impactos psicológicos da politização do noticioso e da (des)construção da informação de interesse público durante o contexto de crise.

Palavras-chave: Psicologia; comunicação; crise; Covid-19; Brasil.

Introdução

A discussão sobre a gestão de crise é premente nos cursos de comunicação, especialmente, nas rela- ções públicas. A atual pandemia causada pelo novo Coronavírus1 é uma situação de crise de larga escala e que se acentua por atingir todos os segmentos da sociedade. Trata-se de uma crise sanitária aguda que não implica em tensão localizada em uma instituição ou organização, mas que atinge toda a sociedade. Os desdobramen- tos da pandemia ainda são de caráter excepcional e não se pode precisar o que será permanente e o que será passageiro. Além disso, no Brasil, a crise do coronavírus se constituiu rapidamente em uma crise econômica, política, de representação e de liderança. O que nos propomos a discutir aqui é o papel dos discursos oficiais de Governo, dos órgãos de Estado e autoridades médicas na formação dos sentidos individuais e sociais na perspectiva da psicologia da comunicação em meio a pandemia da Covid-19, principalmente, entre os meses de março e maio de 2020.

A informação de interesse público é um direito do cidadão, dever do Estado e do Governo. Buscamos refletir sobre os impactos psicológicos da politização do noticioso e da (des)construção da informação de in- teresse público e, por fim, analisamos o papel e os recursos da psicologia da comunicação na informação e no conhecimento.

A psicologia, as representações sociais e a comunicação

As representações sociais se formam na vida diária das pessoas e estão presentes nos meios de divulgação, nos costumes e instituições, na herança histórico-cultural das sociedades e na abordagem de vários temas.

As representações sociais no cotidiano das pessoas, sobretudo neste momento de pandemia, crise eco- nômica e política, são percebidas por meio de opiniões, valores e ideias que ao serem transmitidas e absorvi- das se convergem na construção de sentidos e passam a ser retransmitidas através dos meios de comunicação (TV, rádio, internet e periódicos) com destaque para as mídias sociais (Instagram, Twitter e WhatsApp) de forma individual ou assumidas por organizações sociais, como partidos políticos, igrejas, associações de clas- se etc. (COLL & MONEREO, 2010).

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[pic 6]Os profissionais de relações públicas e os demais da área da comunicação precisam desenvolver sua capacidade crítica na recepção e na emissão das informações e em todo processo comunicacional. Compreen- der o papel fundamental que a comunicação exerce na sociedade contemporânea, sobretudo, durante a pan- demia causada pela Covid-19.

A influência do processo comunicacional no comportamento humano e para a saúde física e mental das pessoas faz parte deste debate. A comunicação certamente é uma das principais aliadas da medicina e das atividades sanitaristas no combate ao novo Coronavírus. Assim como a informação incorreta ou falsa pode ser considerada um inimigo com poder para causar enormes e irreparáveis perdas sociais. Ao viver um processo pandêmico, que marca tragicamente o mundo em 2020, as ações que visam salvar milhares de vidas humanas devem unir o conhecimento sobre medicina, educação, psicologia e a comunicação. Isto demanda ciência (expertise) e sinergia de ações de comunicadores, líderes e autoridades tanto sobre os determinantes dos com- portamentos sociais, econômicos e ambientais quanto sobre o controle e prevenção dos desdobramentos da crise. O objetivo comum deve ser minimizar perdas (vidas, saúde mental, econômica) e oferecer capacidade de reconstrução social que, possivelmente,  surgirá como novo modelo social.

“Estamos num universo em que existe cada vez mais informação e cada vez menos sentido” afirmou Bau- drillard (p. 103, 1991) apontando uma diferença radical entre conhecimento, aquilo que se aplica no cotidiano e, portanto, é produtor de sentido e, informação, enquanto conceito generalizante que coloniza o pensamento para o mais habitual e mais confortável reconduzindo o pensamento e as ações às mesmas coisas já conheci- das.

Os conceitos surgem quando a resposta se torna mais importante que a questão, [...] pois estabelece um conhecimento definido, preciso e exato. Os conceitos tiveram um duplo enca- minhamento. Primeiro, eles se tornaram a definição de verdades por oposição ao erro. O seu fundamento foi a verdade da lógica. [...]. Com o surgimento da ciência, a partir dos conceitos filosóficos, estes sofrem uma transformação: além dos limites definidos, passa a ser exigidos deles exatidão. E então, além da lógica, introduz-se a linguagem matemática, a linguagem da exatidão e da precisão. [...] O conceito traz a idéia de objetividade (CASTRO, 2005, p. 14-5).

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