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Psicologia Intervenções em Crise

Por:   •  29/11/2022  •  Abstract  •  1.280 Palavras (6 Páginas)  •  58 Visualizações

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CURSO DE PSICOLOGIA

PSICOLOGIA E INTERVENÇÕES EM CRISE

AVALIAÇÃO PARCIAL - AP2

                                Danielly Cunha de Almeida

                                           2018010573

           

 As Vantagens de ser Invisível, livro de Stephen Chbosky lançado em 1999, e adaptado para cinema em 2012, retrata a história de Charlie, um rapaz de 15 anos que descreve, através de seu diário, como é o seu dia a dia e quais seus medos, inseguranças e sentidos para a vida. Pensando sobre as cartas que Charlie escreve com o objetivo de cessar pensamentos recorrentes e negativos, é interessante pensar que escrever também é uma forma de fuga e um método recomendado como forma de processar eventos de trauma emocional.

A trama se inicia com a problemática do personagem sob o medo da mudança de escola, devido a perda do seu melhor amigo por suicídio, o que o deixou desolado e sem companhias durante todo o verão. É narrada sua jornada contra depressão, ansiedade e as emoções que estão a flor da pele nesse estágio da vida adolescente.

Na escola, ele conhece dois outros adolescentes, Sam e Patrick, que ao perceberem o isolamento por parte de Charlie, resolvem acolhe-lo e incluí-lo no seu círculo de amizade, colaborando para que ele não se sinta mais sozinho e complexado com suas emoções. Essas duas amizades são de extrema importância para a evolução e descobrimento por parte do personagem, que consegue compartilhar suas dores com outros e não guarda tudo para si.

Essa adaptação para o cinema foi eficiente para captar todo o contexto de sensibilidade do enredo e como seriam tratados assuntos tão sérios com o público adolescente, onde esse público acaba sendo imerso na história que envolve Charlie e todos os seus contextos psicossociais. Essa obra é importante para entendermos que além de um mundo de descobertas, a adolescência é desafiadora e cheia de altos e baixos, onde muitas vezes a percepção do indivíduo com os problemas do mundo se desenvolve nessa fase da vida.

As descobertas sexuais da adolescência também são abordadas no filme, onde Charlie se relaciona com duas garotas, Mary Elizabeth e Sam, mas devido a traumas de infância não consegue levar a frente essas relações. Isso acontece em decorrência de abusos durante a infância, sofridos por ele por parte de sua tia. No decorrer de suas vivências amorosas, flashs e lapsos de memória desse acontecimento surgem, momentos esses que ele por muitas vezes não consegue descrever como sendo reais ou não. Como não consegue identificar a origem desse trauma, Charlie se encontra em uma prisão com seus pensamentos, muitas vezes o deixando apreensivo, nervoso e evitando algumas situações.

Charlie sofre colapsos durante muitas partes do filme, mas a mais intensa e onde envolve o telespectador na trama ocorre quando, ao ver todos os seus amigos indo embora para outras cidades e universidades, a crise de sobrecarga emocional começa a ativar memórias reprimidas de quando a tia o abusava, assim como do acidente de carro que ela sofreu e por muitas vezes, Charlie repetia para si mesmo que aquilo era sua culpa. No momento desse colapso, ele resolve ligar para sua irmã, Candace e diz: “é minha culpa, estou pirando de novo... e se eu quisesse que ela morresse?”. Nesse momento, a irmã liga para a polícia ir até a sua casa e ver o que está acontecendo. Essa cena é importante pois, o não julgamento por parte da irmã mostra que ela realmente levava a sério o que seu irmão estava sentindo, sem achar exagero ou forma de mostrar atenção, trazendo a ele a sensação de acolhimento por parte de um membro tão importante da família. Com isso, ele é levado para uma clínica e passa a ser auxiliado por uma equipe de médicos, psiquiatras e psicólogos, onde consegue relatar sobre os abusos até então desconhecidos por parte da família.

Situações de abuso físico, sexual e emocional marcam toda uma vida e moldam as relações interpessoais do indivíduo, ficam presas nas lembranças e são difíceis para o desenvolvimento psicológico e social da pessoa em trauma. O ideal é que essas angústias sejam tratadas mediante a um profissional, como forma de amenizar a dor presente em vários aspectos da vida, pois quando o indivíduo resolve tratar essas questões sozinho, pode não conseguir lidar e ter crises recorrentes como as de Charlie. Nessas situações, o apoio de amigos e principalmente da família é primordial para buscar alívio sobre essas emoções, com maior segurança para iniciar processos de conversa a respeito desses traumas e abusos. É importante ressaltar que, como no filme, um agravante dos abusos é que na maioria das vezes, eles ocorrem dentro de casa por familiares ou pessoas próximas da família, onde a criança ou adolescente se vê inseguro dentro de sua própria casa, que deveria ser o seu lar sagrado e de proteção. Quando essa “proteção” é invadida, se vê muitas vezes perdido e sem opções, muitas vezes recebendo ameaças e, como a tia de Charlie tratava no filme, sempre lembrava de falar ao sobrinho “esse é o nosso segredinho”. Quando essa vítima cresce e passa a entender a gravidade dessas situações, muitas reprimem o acontecimento e negam na tentativa de aliviar e esquecer esse sofrimento.

A reação ao trauma precisa ser tratada no processo terapêutico, onde a psicoterapia é essencial para perdoar-se e entender que o que aconteceu não é culpa da vítima, pois muitas vezes passam a se culpar no decorrer dos anos e não conseguem assimilar que esse acontecimento jamais é culpa da vítima. O abuso sexual infantil intrafamiliar é um fenômeno complexo que envolve aspectos psicológicos, sociais e jurídicos, com altos índices de incidência, que pode ocasionar sérias alterações cognitivas, comportamentais e emocionais para a vítima. A complexidade do problema aponta a necessidade de métodos de avaliação efetivos que incluem: a identificação do abuso, a denúncia, o acompanhamento do caso nos órgãos de proteção à criança, encaminhamento para atendimento médico e psicológico para a vítima e acompanhamento da família para garantir a proteção da criança de outras situações abusivas (Ferreira & Schramm, 2000; Furniss, 1993; Habigzang & Koller, 2006).

Com isso, As Vantagens de ser Invisível reforça que falar sobre suicídio, abuso sexual infantil e depressão não é uma tarefa fácil, mas é necessária. É um processo lento e doloroso, que necessita de cuidados especiais e de uma equipe preparada para lidar com aquele paciente com tamanha carga emocional. Felizmente, Charlie não segue o mesmo caminho do melhor amigo que acabou desistindo da vida, que talvez em tamanho desespero não conseguiu ter forças e procurar ajuda em um momento difícil. Mas Charlie consegue aos poucos, se restituir e poder ter a certeza de que jamais será invisível.

             

                                   

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