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A Epistemologia e Conhecimento Antropológico

Por:   •  6/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.865 Palavras (8 Páginas)  •  288 Visualizações

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Pedro Vidigal

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UC Epistemologia e Conhecimento Antropológico

Docente: Francisco Oneto

Outubro de 2017

Paradigmas da ciência: a historicidade e as condições

sociais que constroem o conhecimento científico

Keywords: epistemologia; paradigmas; racionalismo; história; ciência moderna; pósmodernismo.

Abstract:

Pretende-se fazer uma análise da obra de Boaventura de Sousa Santos, Um discurso sobre as

Ciências, complementada com o capítulo Ciência e humanismo, capacidade criadora e

alienação, de Germinal Cocho, José Luis Gutiérrez e Pedro Miramontes inserida na obra de

coletâneas Conhecimento prudente para uma vida decente e também parte da obra de Edgar

Morin, Ciência com consciência. Focarei o contexto histórico e social em que surgiu e

desenvolveu o paradigma dominante e hegemónico: o paradigma racionalista. Após uma análise

descritiva baseada nas obras lidas, procurarei entender as características que levaram esse

paradigma a entrar em crise e eventual colapso. Também terei em consideração as

complexidades da sociedade atual que vê surgir um novo paradigma, e qual o fundamento

humano desse paradigma emergente.

1

Ensaio:

Este ensaio pretende tratar a vasta e complexa obra Um discurso sobre as ciências do sociólogo

português Boaventura de Sousa Santos publicada em 1987, que tratei de complementar com a

leitura do capítulo Ciência e humanismo, capacidade criadora e alienação, inserida na obra

"Conhecimento prudente para uma vida decente". Ambos os textos fazem uma abordagem

abrangente da história da ciência, das suas mudanças, problemas e crises de um ponto de vista

social, histórico, epistémico e científico. Dado o leque de problemáticas que se desdobram em

ambos os textos e que podiam ser objeto de análise neste ensaio, pretendo incidir sobre os pontos

de encontro entre os dois textos, numa comparação que procurará encontrar o conjunto de

mensagens e o conteúdo teórico que me pareceu mais relevante, sem deixar de tomar uma

posição crítica. Incidirá de uma maneira geral sobre a historicidade da ciência, a interação de

condições sociais e materiais que sustentam a prática e o saber científico, assim como a

impossibilidade de se construir uma ciência neutra.

Na sua obra, Boaventura traça um quadro profundamente histórico daquele que é o paradigma

científico dominante, que se encontra em crise e em rutura: o paradigma racionalista. Embora

tenha sido o século das luzes (aliado à fomentação de toda uma nova ordem social) o

preconizador deste paradigma totalitário, o autor do Discurso sobre as ciências fundamenta o

racionalismo nas descobertas ou "revoluções" científicas iniciadas no século XVI, com a

astronomia de Galileu e Copérnico, as leis de Kepler e, importante na sua conceção metódica que

viria cunhar a ciência moderna com uma "consciência filosófica", o racionalismo cartesiano. Um

aspeto fundamental do pensamento de Descartes que fundamenta a ciência moderna é a cisão

entre o ser humano ou o espírito humano (res cogitans) do mundo físico, da natureza que o

circunda (res extensa). Nessa separação entre o homem e a natureza existe, segundo Boaventura,

um intuito implícito de dominar o mundo que nos rodeia e de o usar a nosso proveito.

A natureza é tão só extensão e movimento; é passiva, eterna e reversível, mecanismo

cujos elementos se podem desmontar e depois relacionar sob a forma de leis; não tem

qualquer outra qualidade ou dignidade que nos impeça de desvendar os seus mistérios,

desvendamento que não é contemplativo, mas antes ativo, já que visa conhecer a

natureza para a dominar e a controlar. Como diz Bacon, a ciência fará da pessoa

humana "o senhor e o possuidor da natureza". (SANTOS, 1987: 25).

Desta forma, o determinismo mecanicista, alicerce do paradigma dominante, faz do mundo uma

"máquina" cujas leis podem-se desvendar e prever, tudo em vista de um possível controlo da

natureza, já que esta rege-se de maneira previsível e causal.

2

Por outro lado, a revolução científica moderna implicou uma rutura completa com o saber

medieval e aristotélico, e, consequentemente, com o senso comum, que é completamente

descartado como falível e ineficaz na construção de um saber científico. Há uma rutura das

ciências naturais, que vão ser a força motriz do paradigma racionalista, com os estudos

humanísticos, que incluem a história, a filosofia, a literatura, postas em segundo plano, o que vai

gerar, dentro do paradigma dominante, o perpétuo conflito entre ciências físicas e ciências

sociais.

A história dos paradigmas e das revoluções científicas é

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