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A REGRA DE OURO EM SANTO AGOSTINHO

Por:   •  23/5/2019  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.186 Palavras (5 Páginas)  •  186 Visualizações

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A REGRA DE OURO EM SANTO AGOSTINHO

Autor: Marcos Vinícios Chiaretti Guedes

Para alguns pensadores “foi com Santo Agostinho que o pensamento cristão ganhou uma nova visão, pois, passou a melhor articular elementos do pensamento clássico com princípios cristãos para melhor adequar e fundamentar os ideais cristãos” (PAULA, Andriely Samanda de; MELO, José Joaquim Pereira. 2011, p.12).

Santo Agostinho, gera uma mudança de foco no sentido de amor, do desejo passa para a caridade. De eros, que indicava desejo, passou a ágape, que quer dizer caridade: “É um abuso de linguagem dizer que os concupiscentes amam, assim como é abusivo dizer que aqueles que amam são concupiscentes. Ora, o verdadeiro amor é aderir à verdade, para viver na justiça” (AGOSTINHO, Santo. 2018, p.168). Nesse sentido é dito por um de seus comentadores: “Desse modo, para Santo Agostinho, o cristianismo trouxe um novo conceito de amor, que recebeu um olhar diferente do que havia sido entendido por pensadores gregos como Platão. O foco que se dava ao amor tomou um novo sentido” (PAULA, Andriely Samanda de; MELO, José Joaquim Pereira. 2011, p.4). Ou seja, há então uma virada onde o amor que era mero desejo é substituído por um amor que vai além desse mero desejar.

O amor em geral é entendido como uma inclinação da vontade ao bem “O que é o amor ou a caridade, tão louvada e exaltada pela Escritura, senão o amor do Bem?” (AGOSTINHO, Santo. 2018, p.172) E ainda “o cerne da filosofia do amor em Santo Agostinho está diretamente relacionado com o projeto de Deus para o homem, pois, para o Santo Doutor, o amor faz parte da essência humana, o homem é obra da criação Divina e a essência divina é amor” (VIEIRA, Carlos Alberto Pinheiro. 2010, p. 60).

Dentro dos questionamentos sobre o amor no pensamento do filósofo, está inserida a regra de ouro, que é uma formulação moral que observa o tratamento do outro como a si mesmo, através da ordenação da caridade:

 “Nessa mesma ordem de ideias, o cristão ama o seu inimigo: não enquanto inimigo, mas enquanto homem, possuidor da natureza humana. Ao ponto de desejar para ele o mesmo que deseja para si mesmo, isto é, de poder chegar à felicidade do Reino dos Céus, após ter sido renovado e transformado.” (AGOSTINHO, Santo. 2017, p.75).

Ninguém ama a si, sem amar a Deus e ao próximo; ao próximo, sem amar a Deus e a si; nem a Deus, sem amar a si e ao próximo. “Para Santo Agostinho, a caridade aparece como a virtude primeira e será entendida como o fundamento de toda a vida ética” (VIEIRA, Carlos Alberto Pinheiro. 2014, p. 62).

Os textos nos quais Santo Agostinho usa a regra de ouro são numerosos, ela aparece em diversos livros do autor, as vezes mais de uma vez. A regra na filosofia do santo é vista como uma máxima do amor: “Pois a perfeição da misericórdia com a qual é atendida toda alma extenuada de pena e cansaço não vai além desse amor aos inimigos” (AGOSTINHO, Santo. 2017, p. 91). É o amor que atende a perfeição da misericórdia, amor esse que deve ser praticado mesmo aos inimigos, o amor é o caminho para a perfeição é a regra é o caminho para viver de modo ético esse amor.

A formulação mais conhecida da regra em Agostinho e provavelmente a mais conhecida na cultura em geral é a presente no sermão da montanha, tendo sido proferida pelo próprio Jesus Cristo: “Tudo, portanto, quanto desejais que os outros vos façam, fazei-o, vós também, a eles. Isto é a Lei e os Profetas” (Mt, 7,2).

Para Agostinho, aquilo que pode tornar os homens perfeitos é a capacidade de amar: “Assim, o que faz os homens invencíveis e perfeitos é somente o fato de eles poderem amar” (AGOSTINHO, Santo. 2017, p. 76), o amor também torna o homem invencível, ou seja, o torna capaz de superar as dificuldades. Segundo Giovanni Reale para Agostinho:

“quando o amor do homem se volta para Deus (amando os homens e as coisas em função de Deus), é charitas; quando, porém, volta-se para si mesmo, para o mundo e para as coisas do mundo, é cupiditas. Amar a si mesmo e aos homens não segundo o juízo dos homens, mas segundo o juízo de Deus, significa amar do modo justo” (REALE, Giovanni. 2003, p. 100)

É crucial para entender a concepção de amor em Agostinho entender essa diferença que ele traz entre charitas, amor ordenado a Deus e em Deus se volta as pessoas e aos demais seres, e cupiditas, quando o amor de si supera o amor a Deus e aos outros.

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