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A TÉCNICA PSICANALITICA ATRAVÉS DO BRINCAR: SUA HISTÓRIA E SIGNIFICADO

Por:   •  6/10/2020  •  Resenha  •  1.458 Palavras (6 Páginas)  •  474 Visualizações

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A TÉCNICA PSICANALITICA ATRAVÉS DO BRINCAR: SUA HISTÓRIA E SIGNIFICADO.

KLEIN, M. Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1991-1997.

Quando Klein atendeu seu primeiro caso, já havia um trabalho psicanalítico, particularmente o da Dra. Hug Hellmuth (1929). No entanto, ela não empreendeu a psicanálise com crianças menores de 6 anos, embora usasse desenhos e ocasionalmente o brincar como produtor de material, ela não desenvolveu uma técnica específica.

Quando iniciou seu primeiro trabalho, Klein estabelecia um preceito, princípio de que as interpretações deveriam ser dadas de modo parcimonioso. Os psicanalistas, achavam potencialmente perigoso explorar as profundezas do inconsciente da criança, na época, a psicanálise era indicada apenas para crianças de latência em diante.

O primeiro paciente de Klein, tinha 5 anos de idade, “Fritz”, no início achava suficiente orientações direcionadas a genitora, sugeriu que deveria encorajar a criança discutir livremente com ela muitas questões não verbalizadas que estariam no fundo da mente e que impedia o seu desenvolvimento intelectual.

Klein percebe um bom efeito, mas, as dificuldades neuróticas não foram aliviadas. Ao fazer o atendimento, Klein devia de algumas regras estabelecidas até então, pois interpretava o que pensava ser mais urgente do material apresentado pela criança, e, percebeu que seu interesse central se dava nas ansiedades e defesas usadas contra elas.

Essas ansiedades encontradas por Klein eram agudas, embora se sentisse no caminho certo ao observar alívio das ansiedades, ficava perturbada com surgimento de novas ansiedades que iam sendo trazidas à tona. Preocupada buscou conselhos com o Dr. Abraham que a encorajou a seguir com o mesmo método de abordagem.

“Esta análise representou o início da técnica psicanalítica através do brincar, porque desde o início a criança expressou suas fantasias e ansiedades principalmente através do brincar, e eu interpretava consistentemente seu significado a ela, com o resultado de que o material adicional aparecia em seu brincar”.

Ao interpretar não apenas as palavras, mas também as atividades da criança com o brinquedo, Klein aplicou um princípio básico à mente da criança, cujo o brincar e atividades variadas, na verdade, todos os seus comportamentos são modos de se expressar, o que nós adultos expressamos predominantemente por meio de palavras.

Contudo, Klein se apoia em dois princípios fundamentais da psicanálise a exploração do inconsciente e análise da transferência.

A partir de 1920 a 1923, teve diversas experiências com atendimentos de crianças. Em particular o caso que contribui significativamente com a técnica foi o tratamento de uma criança de 2 anos e 9 meses analisada em 1923.

“Rita” sofria terrores noturnos e fobias de animais, era muito ambivalente para com a mãe, porém era apega a ponto de não ficar sozinha. Apresentava neurose obsessiva acentuada e as vezes ficava muito deprimida, seu brincar era inibido, demonstrava inabilidade de tolerar frustração que tornava sua educação algo difícil.

Inicialmente Klein ficou hesitante em aceitar o atendimento devido idade da criança. Na primeira sessão Rita ao ser deixada no quarto sozinha com Klein demonstrou sinais de transferência negativa. Rita estava silenciosa, ansiosa e solicitou ir para parte externa, ao jardim. Os observados tia e genitora demonstravam olhares, sinais de um trabalho fadado ao fracasso e ficaram surpresas ao verem Rita sendo amistosa com Klein 10 minutos mais tarde.

Klein narra que a explicação para tal mudança se deu enquanto estavam fora, ela interpretou a transferência negativa, sendo isso, novamente contra a prática usual.

A partir de poucas coisas que a criança falou e o fato de ter ficado menos amedrontada, Klein conclui que a criança estava particularmente receosa com o que poderia acontecer a ela a sós no quarto. Ela interpretou isso, referindo ao medo noturno, ao medo de uma mulher má hostil a atacasse quando estive sozinha. Depois dessa interpretação Klein sugeriu que retornassem ao quarto, pedido prontamente atendido pela criança.

A inibição de Rita ao brincar era acentuada, dificilmente fazia outra coisa a não ser vestir e desvestir uma boneca. Logo Klein passou a entender as ansiedades subjacentes as obsessões de Rita e as interpretou.

A partir deste caso, Klein ficou convicta de que a precondição para psicanálise de criança é de compreender e interpretar as fantasias, sentimentos, ansiedades, experiências expressas no brincar, ou se as atividades do brincar estão inibidas, as causas da inibição.

Klein considerando o caso de “Fritz” chegou à conclusão de que o trabalho psicanalítico não deveria ser feito na casa da criança. Percebeu também que mesmo a mãe de Rita precisando de ajuda e optando pela psicanálise como solução apresentava postura muito ambivalente para com Klein. Situações transferenciais que no consultório podem ser estabelecidas e mantida como algo separado da vida familiar cotidiana.

Outra observação de um atendimento realizado no mesmo ano foi de uma menina de 7 anos que apresentava dificuldades neuróticas aparentemente não grave, mas os pais estavam preocupados com o desenvolvimento intelectual da criança. Embora bastante inteligente não acompanhava os demais de sua faixa etária, sua relação com a genitora era amistosa e de confiança, e, com o início da vida escolar passou a ser reservada e silenciosa.

Klein passou algumas sessões sem muito contato, pelas falas e comportamentos da criança ficava claro que não gostava de ira a escola. Em uma sessão a criança estava aparentemente indiferente e retraída, não gostava de desenhar, com isso, Klein foi ao quarto de seus próprios filhos e pegou alguns brinquedos e dispôs para criança.

A criança estava desinibida ao brincar, logo destacou duas figuras de brinquedo que representava a si mesmo e outro um menino pequeno, parecia haver algo secreto entre eles, pois sentia ressentimento com os outros bonecos que interferiam e espiavam eles. As atividades com os brinquedos levavam a catástrofes, tais como quedas, colisões de carros, eram repetidos e demonstravam sinais de ansiedade crescente. Neste ponto Klein interpreta que algo poderia ter acontecido ela e seu amigo e que estava com medo de ser descoberta e por isso desconfiava das outras pessoas. Assinalou também que quando brincava ficava ansiosa a ponto de parar a brincadeira. Lembrou que parecia que ela tinha medo da diretora descobrir sua relação com seu colega e a punisse. “Sobretudo estava com medo da mãe e, portanto, desconfiava dela e agora poderia estar desconfiada de mim”.

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