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Antropologia

Por:   •  10/11/2015  •  Projeto de pesquisa  •  1.412 Palavras (6 Páginas)  •  456 Visualizações

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Com o final da Idade Média, marcado pelo início do Renascentismo, há uma retomada do Humanismo. No terreno da reflexão ética, esse fato orientou uma nova concepção moral, centrada na autonomia humana. Nessa dinâmica, o jusnaturalismo fortaleceu essa tendência ao estabelecer a Igualdade natural entre os homens e reconhecer os direitos naturais individuais. No Iluminismo, essa orientação fica ainda maia evidente, pois os filósofos passaram a defender que a moral deve ser fundamentada não mais em valores religiosos, mas em valores oriundos da compreensão acerca do que seja a condição humana.

A nova visão de homem, que nasce a partir da Renascença, está fortemente marcada pelo desejo de emancipação da esfera religiosa e eclesial. Esse projeto de emancipação se faz presente em praticamente todos os âmbitos. Em conformidade com esse ideal, rompe-se com qualquer ideia de dependência ou existência alienada. O objetivo e assumir-se como sujeito e senhor de seu próprio destino.

O antropocentrismo moderno aborda o mundo natural como um objeto de manipulação, um recurso disponível ao infinito poder da razão humana, poder de transformação, mediante a ciência e a técnica. Enquanto o humanismo renascentista, acentuando o papel da experiência e da razão, busca conhecer o mundo natural, o antropocentrismo moderno, ao fazer do homem senhor da natureza, subjuga as outras formas de vida ao senhorio humano.

Ao referirmo-nos à sociedade moderna como antropocêntrica, estamos dizendo que sua razão é uma razão técnico-cientifica, instrumental, na qual os outros seres estão colocados a serviço do homem. Assim, o homem e o senhor da natureza, senhor que deve reinar e subjugar a si todas as coisas. Tendo como pressuposto a inesgotabilidade dos recursos naturais, aliada a confiança nos ilimitados poderes da razão humana, nasce a ideia do progresso linear e infinito.

A Antropologia, sendo a ciência da humanidade e da cultura, tem um campo de investigação extremamente vasto: abrange, no espaço, toda a terra habitada; no tempo, pelo menos dois milhões de anos e todas as populações socialmente e devidamente organizadas. Divide-se em duas grandes áreas de estudo, com objetivos definidos e interesses teóricos próprios: a Antropologia Física (ou biológica) e a Antropologia Cultural, para alguns autores sinônimo de antropologia social, que focaliza, talvez, o principal conceito desta ciência, a cultura. Segundo o Museu de Antropologia Cultural da Universidade de Minnesota, a antropologia cultural abrange três tópicos gerais que por sua vez subdivide-se e constituem-se como especialidades: Etnografia / EtnologiaLinguística aplicada à antropologia e Arqueologia. A cultura e a mitologia correspondem ao desejo do homem de conhecer a sua origem, ou produzem um modo de autoconhecimento que é a identidade, diferenciando os grupos em função de suas idiossincrasias e adaptação em ambientes distintos.

Para pensar as sociedades humanas, a antropologia preocupa-se em detalhar, tanto quanto possível, os seres humanos que as compõem e com elas se relacionam, seja nos seus aspectos físicos, na sua relação com a natureza, seja na sua especificidade cultural. Para o saber antropológico o conceito de cultura abarca diversas dimensões: universo psíquico, os mitos, os costumes e rituais, suas histórias peculiares, a linguagem, valores, crenças, leis, relações de parentesco, entre outros tópicos.

Embora o estudo das sociedades humanas remonte à Antiguidade Clássica, a antropologia nasceu, como ciência, efetivamente, da grande revolução cultural iniciada com o Iluminismo.

Homero, Hesíodo e os filósofos pré-socráticos já se questionavam a respeito do impacto das relações sociais sobre o comportamento humano; ou vendo este impacto como consequência dos caprichos dos deuses, como enumera a Odisseia de Homero e a Teogonia de Hesíodo, ou como construções racionais, valorizando muito mais a apreensão da realidade no dia a dia da experiência humana, como preferiam os filósofos pré-socráticos. Foi, sem dúvida, na Antiguidade Clássica que a "medida Humana" se evidenciou como centro da discussão acerca do mundo. Os gregos deixaram inúmeros registros e relatos acerca de culturas diferentes das suas, assim como os chineses e os romanos. Nestes textos nascia, por assim dizer, a Antropologia, e no século V a.C. um exemplo disto se revela na obra de Heródoto, que descreveu minuciosamente as culturas com as quais seu povo se relacionava. Da contribuição grega fazem parte também as obras de Aristóteles (acerca das cidades gregas) e as de Xenofonte (a respeito da Índia).

Entre os romanos merece destaque o poeta Lucrécio, que tentou investigar as origens da religião, das artes e se ocupou do discurso. Outro romano, Tácito analisou a vida das tribos germânicas, baseando-se nos relatos dos soldados e viajantes. Salienta o vigor dos germanos em contraste com os romanos da sua época. Agostinho, um dos pilares teológicos do Catolicismo, descreveu as civilizações greco-romanas "pagãs", vistas como moralmente inferiores às sociedades cristianizadas. Em sua obra já discutia, de maneira pouco elaborada, a possibilidade do "tabu do incesto" funcionar como norma social, garantia da coesão da sociedade. É importante salientar que Agostinho, no entanto, privilegiou explicações sobrenaturais para a vida sociocultural.

Embora não existisse como disciplina específica, o saber antropológico participou das discussões da Filosofia, ao longo dos séculos. Durante a Idade Média muitos escritos contribuíram para a formação de um pensamento racional, aplicado ao estudo da experiência humana, como fez o administrador francês Jean Bodin, estudioso dos costumes dos povos conquistados, que buscava, em sua análise, explicações para as dificuldades que os franceses tinham em administrar esses povos. Com o advento do movimento iluminista, este saber foi estruturado em dois núcleos analíticos: a Antropologia Biológica (ou física), de modo geral considerada ciência natural, e a Antropologia Cultural, classificada como ciência social.

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