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Filosofia clínica

Por:   •  22/6/2017  •  Resenha  •  2.460 Palavras (10 Páginas)  •  271 Visualizações

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UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE- UNIPLAC

PROFESSOR: DR. Domingos Pereira Rodrigues

 1ª fase de ENFERMAGEM

ACADEMICA: Franciele Vingla Moraes

FILOSOFIA CLÍNICA: O QUE É ISSO?

Monica aiub

   Há momentos na vida em que não conseguimos organizar nossas ideias, nos encontramos como que absorvidos pelos problemas, sem um distanciamento suficiente para compreendê-los. Momentos difíceis, onde viver parece uma eterna luta, uma guerra diária consigo mesmo. Momentos em que o outro é nosso inferno, não são capazes de compreensão, sua presença é significada como cobrança e sua ausência como rejeição ou indiferença. Situações difíceis, onde os caminhos escapam, onde reina a confusão. Sentimos necessidade de ajuda para organizar as ideias, mais os amigos parecem mais confusos e perdidos que nós.

   Em situações como essas e outras precisamos de ajuda. Que bom seria encontrar um amigo disposto a ouvir, que não nos interrompesse para mostrar que suas feridas são maiores que as nossas, que nosso sofrimento é nada diante da desgraça  do mundo. Um amigo capaz de acolher e ouvir, sem de imediato dizer que estamos errados, que a vida não é assim, que sonhamos, pensamos, escolhemos e trabalhamos demais, que somos demasiadamente tortos, loucos, insanos, insensatos, insensíveis: que falta-nos vontade, razão, sensibilidade, exatidão, loucura também; que estamos errados, que somos  mesquinhos, que o caminho certo é outro.

  Pessoas em situações como essas tem  procurado ajuda nos consultórios de filosofia Clinica. O homem é a medida de todas as coisas, e como medida, aquele que procura ajuda é que determina  de que maneira  poderá ser auxiliado.

  O que busca ajuda é chamado partilhante porque partilha, participa ativamente de todo o processo Clinico, compartilhando sua vida  e suas questões com o filosofo  clinico.  Por sua vez, filosofia clinica acolherá  o partilhante e suas questões  e partilhará com ele o conhecimento produzido pela filosofia , auxiliando-o a refletir sobre suas questões e dificuldades.

  Desde os primeiros momentos, a filosofia cumpre o papel de refletir sobre as questões cotidianas, de pensar a vida, a existência e a natureza para aperfeiçoa-los e gerar benefícios  à humanidade.

  No Brasil, o filosofo gaúcho Lucio Parckter ( 1997), inspirado na filosofia prática, criou um instrumental especifico , próprio, adequado à realidade brasileira, diferentes dos trabalhos  dos filósofos já citados. Parckter apropria-se do conhecimento filosofo de maneira seletiva, e utiliza-o para atividade de ajuda ao outro, desenvolvendo o trabalho que nomeou Filosofia Clinica.

 Depois de muitos testes, pesquisas teóricas e práticas, organizou um instrumental flexível, possível de ser adaptado às necessidades de diferentes pessoas, mas que possui um grau de segurança capaz de fornecer informações suficientes para o filósofo clínico auxiliar as pessoas sem direcionar suas vidas e escolhas.

  Respeito à singularidade, ao modo de ser, agir e pensar do partilhante é a característica essencial desse trabalho, que surge para atender as necessidades existenciais criadas e desenvolvidas pelo ser humano no decorrer de sua história. O filósofo clínico é um profissional apto a pensar junto com a pessoa, sem interferir em suas decisões, auxiliando-a a refletir sobre si mesma e sobre o mundo que a rodeia, sobre opções e possibilidades para lidar com as questões cotidianas, respeitando seus valores, sentimentos, necessidades e escolhas.

  Não se trata de um mero aconselhamento pautado em referenciais filosóficos, colocando em risco a vida das pessoas. Há uma série de procedimentos clínicos, estruturados de modo a permitir a identificação de sinais e sintomas que indiquem a necessidade de um trabalho interdisplinar, pois apesar de ser a mãe das ciências, a filosofia admite os limites e as especificidades de cada área do conhecimento e, por isso, o filósofo clínico não se habilita a trabalhar todo e qualquer problema.

 Como cada partilhante é um universo a ser conhecido, o filósofo clínico acolhe esse universo com a escuta atenta, suspendendo seus juízos prévios, suas próprias concepções de mundo, seu próprio universo, para aproximar-se ao máximo do universo do partilhante, assumindo a postura do amigo que acolhe, ouvem, mas não julga, não interpreta ou avalia, apenas contextualiza, tentando compreender a gênese da situação, o que se passa e como auxiliá-lo em suas necessidades.

 Gadamer (1997) mostra-nos que para compreender um texto é preciso deixar que ele diga alguma coisa por si, posicionar-se de maneira receptiva a sua alteridade, o que não significa neutralidade ou auto-anulamento.

 Para possibilitar essa abertura para o outro na clínica, durante o processo de formação, o filósofo clínico submete-se a um procedimento denominado Clínica Didática ou Pré-Estágio. Esse procedimento consiste em passar por todo o processo clínico como um partilhante, ou seja, submeter-se à clínica, com o objetivo múltiplo de conhecer seus referenciais, suas concepções prévias, seus pré-juízos, de conhecer a si mesmo a partir do instrumental filosófico clínico e, principalmente, de vivenciar esse instrumental.

 A princípio, a postura do filósofo clínico é de escuta atenta. Ouvir interferindo o mínimo possível, acolhendo, acompanhando atentamente. .  Há interação, encontro desses universos como conjuntos que estabelecem interseções. Há atenção e cuidado que se fazem explícitos no decorrer dos trabalhos.

 Dentro das especificidades filosóficas clínicas, há exames iniciais que permitem um conhecimento das questões, divide-se em três eixos centrais: Exames Categoriais, Estrutura de Pensamento e Submodos.

Os Exames Categoriais são exames iniciais, consistem em conhecer o universo no qual o partilhante está inserido. A Estrutura de Pensamento fornece o modo como essa pessoa se estruturou a partir das vivências de seu universo. São trinta tópicos que abordam esse modo de ser, considerando. Desde sua visão de mundo, até suas emoções, sua expressividade, seus valores, a religiosidade, seus papéis existenciais, seus meios de expressão. Os Submodos intervenções clínicas dividem-se em dois momentos: a observação dos Submodos Informais e sua utilização como procedimentos clínicos. Como Submodos Informais são verificadas, no partilhante, as maneiras habituais de lidar com suas questões. Como procedimentos clínicos, os Submodos são maneiras, modos subordinados à Estrutura de Pensamento, aos Exames Categoriais e aos Submodos Informais, isto é, só fazem sentido e somente podem ser utilizados se estiverem de acordo com o que foi estudado e observado.

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