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Por:   •  29/10/2014  •  1.130 Palavras (5 Páginas)  •  247 Visualizações

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A Fenomenologia é comumente vista no âmbito da Psicologia como um instrumento, uma ferramenta metodológica. Isso se deve ao fato de que a Gestalt-Terapia, a Daseinanálise e outras psicoterapias de base humanista-existencial confessam abertamente sua adesão ao método fenomenológico como forma de abordar os fenômenos humanos, de tal forma que há uma gama de psicólogos, adeptos destes enfoques, já bastante familiarizados com expressões como: redução (epoché), intencionalidade, descrição fenomenológica etc2. Mas a fenomenologia não é simplesmente um método, uma ferramenta. Ela é bem mais do que isso. Tratá-la como mero instrumento é permanecer no paradigma instrumentalista e tecnicista das ciências da natureza. Em outras palavras: é deixar de lado a própria atitude fenomenológica.

É bem verdade que se formos resgatar a origem da palavra “método”, veremos que significa muito mais do que mera ferramenta, como costumamos utilizá-la. Metá significa “através de”, “por meio de” e hódos significa “caminho”, “direção”, portanto o termo “método” designa um certo caminho que permite chegar a um fim. Isto posto, o objetivo deste artigo se define como uma tentativa de transcender o mero “falar sobre” o método fenomenológico enquanto ferramenta, buscando percorrer este “caminho fenomenológico” aludido pela etimologia da palavra “método”. Trata-se de privilegiar a atitude, a postura, a perspectiva ou, em suma: o olhar fenomenológico. Quando se fala de fenomenologia, fala-se exatamente disto: da forma como olhamos para o mundo. Acreditamos que compreender fenomenologia apenas explicitando seus conceitos básicos sem se dispor a mudar a forma de olhar o mundo, sem de fato praticá-la, seja tão difícil quanto conhecer o sabor de um bolo a partir das informações contidas na receita, a respeito dos seus ingredientes e da forma de misturá-los. Definir epoché, explicitar os passos da redução fenomenológica, os conceitos de intencionalidade, intuição e evidência, tudo isso pode ser apenas “falar sobre” o método. É obviamente muito importante entender todos esses conceitos, mas de pouco adianta saber tudo isso, e não compreender de fato o que significa viver fenomenologicamente. De nenhuma forma isso significa que o método não seja importante, mas ao contrário: isso significa que ele é importante demais para nos contentarmos em descrevê-lo em vez de praticá-lo.

O Mundo da Ciência e o Mundo-da-Vida

Então, dizíamos que método é uma direção, um certo caminho que permite chegar a um fim. Que fim é este? Aonde a fenomenologia pretende nos levar? Trata-se, na verdade, de um “retorno”, um caminho de volta, em que o “fim” nada mais é do que o começo: “de volta às coisas mesmas”, para citar a tão famosa expressão husserliana. A fenomenologia é, portanto, o caminho de volta às coisas mesmas, ao mundo da experiência vivida ou Lebenswelt (mundo-da-vida).

O que existe, o que é real, é aquilo que eu experiencio, aquilo que eu vivo. Todas as coisas são percebidas de um ponto de vista subjetivo, porém as necessidades cotidianas e o desenvolvimento das sociedades exigem que se convencionem parâmetros intersubjetivos que levem a um acordo, uma linguagem comum. O exemplo mais clássico é o sistema de medidas. Escolhendo uma “medida” e fixando-a a corpos empíricos constantes e disponíveis, chega-se a um grau relativo de objetivação das aparências (que são percebidas de forma subjetiva – e, portanto, muito possivelmente discrepante – por diferentes sujeitos). As exigências de rigor nessa padronização são cada vez maiores e, ao longo dos tempos, mudanças vão sendo feitas numa tentativa de aumentar a precisão e a objetivação da realidade. Inicialmente, as unidades de medida eram imprecisas e subjetivas: antes do sistema métrico, a medida mais usada, a polegada, era uma referência à medida do polegar de um homem (entre a dobra e a ponta do dedo). Para dar outro exemplo, podemos pensar na jarda, unidade de medida usada até hoje nos jogos de futebol americano, que era originalmente a medida do cinturão masculino, que recebia exatamente esse nome. Numa tentativa (bastante peculiar) de melhor padronização da medida, o rei Henrique I, da Inglaterra, no século XII, fixou a jarda como a distância entre seu nariz e o polegar de seu braço estendido.

Foi apenas em 1789, para resolver o problema da imprecisão,

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