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O PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO SOBRE A FELICIDADE EM ‘DE BEATA VITA’

Por:   •  29/5/2019  •  Artigo  •  1.748 Palavras (7 Páginas)  •  875 Visualizações

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O PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO SOBRE A FELICIDADE EM ‘DE BEATA VITA’

Douglas Kaefer Klug[1]

Resumo: O presente artigo traz a visão de Santo Agostinho de Hipona sobre a felicidade. O conceito está em algumas obras do filósofo, como nas Confissões, porém é estudado para este trabalho o diálogo sobre a felicidade, que se encontra em ‘de beata vita’. O texto apresenta também a divergência que há na concepção de felicidade na antiguidade com alguns filósofos, em Agostinho e nos tempos atuais. Expõe que outrora estava ligado à virtude, à alma boa, ao prazer e hoje à bens, poderes e não ao ser. Sendo a felicidade espiritual, divina e eterna, para Santo Agostinho, a posse de Deus é o objetivo do homem para este ser feliz. Entretanto na busca por Deus, é possível sentir um pouco da felicidade que virá depois e se tornará plena. O artigo conclui com o tema da sabedoria associada com a felicidade. Nada falta àquele que é sábio. Para ser feliz é preciso possuir sabedoria, é preciso possuir a Deus.

Palavras-chave: Agostinho. Felicidade. Vida feliz. Verdade. Deus.

Introdução

Este trabalho é o resultado de uma pesquisa para a disciplina de Ética I. Um breve desenvolvimento sobre o tema da felicidade em Santo Agostinho.

A busca pela felicidade sempre existiu. Todos os homens procuram a felicidade, cada um de seu jeito e forma, mas todos almejam a vida feliz. Cada época possui o seu ponto de vista sobre esse assunto. Para os gregos era o prazer, as virtudes, já nos dias de hoje é muito superficial, ligado a bens e riquezas, todavia ainda assim, existem pessoas que encontram em Deus a sua verdadeira felicidade.

O principal objetivo deste artigo é averiguar o conceito de felicidade segundo o ponto de vista de Santo Agostinho, através do diálogo ‘de beata vita’.

1 De beata vita (diálogo sobre a vida feliz)

A conversa que aconteceu sobre alguns assuntos, como o corpo e a alma, e, principalmente, sobre a felicidade em ‘de beata vita’ (diálogo sobre a vida feliz), iniciou no dia 13/11, dia da conversão de Agostinho, e durou três dias (Agostinho contava com 32 anos). Sempre acontecia depois do almoço. Estavam presentes no colóquio: Navígio (irmão), Trigésio e Licêncio (concidadãos e discípulos), Lastidiano e Rústico (primos), Adeodato (filho) e Mônica (mãe). Agostinho revela grande apreço e gratidão a Santa Mônica: “nossa mãe, a cujos méritos, estou persuadido, devo tudo o que vivo” (AGOSTINHO, 1993, p. 27).

O que é ser feliz? É um desejo presente no ser humano que o leva a querer conhecer, descobrir, encontrar e se realizar. Mesmo sendo um período tão distante, longo na história, entre as ideias de Agostinho e o tempo atual, o desejo do ser humano continua o mesmo. As realidades sofrem modificações, entretanto o desejo do homem de ser feliz permanece.

A felicidade esteve sempre presente nas discussões de diversos pensadores, diversos ramos do conhecimento e diversos tempos da história. E a busca por ela sempre existiu. Para Platão, para conseguir felicidade deve se praticar as virtudes, identificando a virtude como conhecimento, Verdade e o Bem. Para Pitágoras, os homens são felizes quando possuem alma boa. No epicurismo, o prazer é o único meio de atingir a felicidade. Agostinho baseia-se à luz das certezas cristãs para descrever a felicidade. Sua resposta condensa-se em uma palavra: sabedoria. E proclama ser Sabedoria um dos nomes de Deus. Portanto, a felicidade em Santo Agostinho de Hipona é espiritual, divina e eterna. A posse de Deus é o objetivo do homem para este obter felicidade.

No primeiro dia da conversa, no diálogo de beata vita de Agostinho, a discussão começa com a pergunta do santo aos presentes no diálogo: “Será evidente a cada um de vós, que somos compostos de alma e corpo?” (1993, p. 28). Todos concordaram, assim como todos aceitaram que nos alimentamos com o corpo. Inicia-se o grande debate: “Somos felizes por possuirmos o que queremos? [...] infelizes os que não possuem o que desejam?” (1993, p. 33-34). Mônica expressa: “[...] a pessoa seria infeliz pelo fato de querer sempre mais” (1993, p. 34). Cada um busca a felicidade conforme o seu modo e jeito, a forma que pensa ser a correta. Infelizmente nos dias de hoje vivemos em um mundo do ter, do prazer e não do ser, as pessoas ligam muito para as mídias sociais como algo verdadeiro e que traz alegria e felicidade. Muitos olham para a estética, para o físico, para a beleza. Querem muito fazer plásticas, transformações no corpo para atingirem a perfeição, mas isso ‘mascara’ a busca pela verdadeira felicidade. Estamos voltados e caminhamos em direção ao consumismo, aos bens, posses, deixando a felicidade abafada e confundida. A felicidade em Santo Agostinho é eterna, permanente e divina. É uma constante procura pela sabedoria e essencialmente, por Deus. Cada um tem a sua visão de felicidade, umas pessoas pensam ser suas posses, suas riquezas e bens, outras a encontram em Deus. Nas Confissões, o filósofo se dirige a Deus:

[...] A felicidade é uma alegria que não é concedida aos ímpios, mas àqueles que te servem por puro amor: tu és essa alegria! Alegrar-se de ti, em ti e por ti: isso é felicidade. E não há outra. Os que imaginam outra felicidade, apegam-se a uma alegria que não é a verdadeira [...] (2005, p. 231-232)

Agostinho exclama: “quem possui a Deus, é feliz” (1993, p.35), todos que ali se encontram, aceitam e ainda aperfeiçoam dizendo que é feliz quem vive bem, quem faz o que Deus quer e quem não tem em si o espirito imundo. Agostinho afirma que são expressões de igual valor, ou seja, a verdadeira felicidade só pode estar em Deus e é somente Ele que pode garanti-la. “Se alguma coisa merece ser designada como dom de Deus, certamente é a vida feliz” (AGOSTINHO, 1998, p. 14).

No colóquio do segundo dia, entrou em discussão se quem está à procura de Deus possui ou não o Senhor. Santa Mônica, com muita sabedoria, expõe sua posição:

[...] eis a minha opinião: quem vive bem possui a Deus, e de modo propício. Quem vive mal, possui a Deus, mas como distante. E quem quer que esteja à procura, sem todavia o ter encontrado ainda, não possui a Deus nem propício nem modesto. Contudo, não está sem Deus (1993, p. 46).

O comentário de Mônica ajuda a entender que quando se está à procura de Deus, já é possível sentir um pouco da felicidade, que depois, com a posse de Deus, será plena. Findando o dia, Agostinho apresenta a seguinte conclusão: “todo o que encontrou a Deus e O tem benévolo, é feliz. Todo o que ainda busca a Deus, tem-nO benévolo, mas ainda não é feliz” (1993, p. 46). No pensamento de Agostinho, o desejo de procurar Deus, equivale a procurar a felicidade. “Para sermos felizes, Deus deve ser o único objeto de nossas aspirações, pois é ele a nossa verdadeira beatitude” (1993, p. 15).

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