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O que é filosofia?

Por:   •  10/2/2017  •  Tese  •  2.397 Palavras (10 Páginas)  •  118 Visualizações

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O que é Filosofia?

É determinante para a compreensão de qualquer teoria pertencente a qualquer área do conhecimento a compreensão precisa de seus conceitos. Ora, se pensarmos em termos puramente linguísticos chegaremos à conclusão firmada na seguinte tese: “Todo e qualquer signo linguístico dotado de significação, isto é, poder associativo, funciona por si mesmo como um conceito, pois pode ser aplicado em diferentes contextos segundo certos critérios precisos. Como a preposição “de”, por exemplo, pois é aplicada em contextos envolvendo o estabelecimento de relação entre termos de certo tipo”, então a pergunta adequada se faz presente: “Quais são exatamente os conceitos-chaves presente em qualquer teoria?”. A resposta para última questão é clara como água de rocha, pois cada teoria se diferencia em certo aspecto (semântico) uma da outra mediante a diferenciação entre seus conceitos-chave. Por exemplo, se eliminarmos todos os termos estruturais (preposições, conjunções, pronomes, etc) de um texto teórico restarão apenas seus conceitos-chave, como a “substância” de Aristóteles ou as “ideias” de Platão.

A filosofia não se difere das demais áreas do conhecimento, pois se expressa através da linguagem e, é por meio dela que constrói, portanto, suas teorias. Vemos, portanto, que cabe a todo indivíduo relacionado à atividade filosófica a correta compreensão de cada conceito, de sua história, do modo como está inserido no contexto atual, etc. Chamemos isso de “natureza do conceito”. Eis o que temos em mãos então, os instrumentos necessários para a formulação da pergunta essencial: “Qual a natureza do conceito expresso pelo sinal “filosofia”?”.

Se analisarmos o desenvolvimento histórico do conceito “filosofia”, veremos que os gregos compreendiam por filosofia toda e qualquer atividade intelectual humana, dado que para compreender o sentido do conceito “filosofia” no contexto grego o melhor a se fazer não é atribuir uma definição ao sujeito “filosofia” construindo uma sentença do tipo “S é P”, mas sim analisá-la do ponto de vista etimológico, isto é, “amor pela sabedoria” ou “amigo da sabedoria”. Sócrates, por exemplo, não buscava critérios epistemológicos precisos para definir o conceito de “filosofia” e distingui-lo das demais formas de conhecimento, pois acreditava que a atividade filosófica genuína não estava ligada a aspectos meramente intelectuais, mas também morais. Platão, por sua vez, uniu elementos morais a elementos epistemológicos, conferindo, assim, critérios mais rígidos para atribuir o conceito “filosofia” a qualquer forma particular de conhecimento (teoria). Já Aristóteles concentrou seus esforços na construção de um sistema holístico que compreendesse toda a realidade perceptível e não perceptível, compreendia a filosofia em diferentes graus de natureza e importância. Ora, a conclusão que nos resta é a seguinte: “Se desde os gregos não havia uma concepção universal e acabada a respeito da filosofia ou da atividade filosófica, então é altamente provável que não possamos compreender o conceito “filosofia” do mesmo modo pelo qual podemos compreender o conceito de “círculo” ou “quadrado””. Seria até saudável supor que a confusão feita envolta deste sinal advenha do hábito psicológico de tentar o compreender do mesmo modo pelo qual compreendemos a maioria dos conceitos universais e acabados.

Mas a história não se resume ai, pois bem que podemos pensar como os contemporâneos—pois estes, ao atribuir ao conceito de filosofia a definição de metafísica, ou seja, a filosofia é a própria metafísica e nada mais— e a partir daí buscar nas diversas metafísicas existentes um ponto em comum e, mediante tal ponto de convergência, operar uma abstração a fim de se determinar a sentença definitória de filosofia, ou seja, uma sentença possível de ser inserida no contexto de qualquer teoria metafísica existente ou vindoura. Será isso possível?

Ora, de início parece temerária nossa empresa, pois para tal feito precisaríamos conhecer todas as teorias metafísicas existentes e vindouras, a mim parece que ambas as ambições são impossíveis. Porém, se construirmos um argumento baseado na discriminação entre metafísica e ciências verificáveis (empíricas), então perceberemos que a única possibilidade de construção de um sistema teórico cujo critério de verdade não reside na verificação—e definimos aqui o conceito de verificação como a relação entre sistema coerente de sentenças articuladas em um texto e percepções sensoriais— se dá a partir de relações lógicas internas ao próprio sistema teórico. Por exemplo, a premissa fundamental decorrente do método da dúvida de Descartes é “Se penso, então existo”, tal sentença composta não tem como fundamento de sua verdade as percepções sensoriais, pois estas foram postas em dúvida em decorrência de seu método, e também pelo fato de seu conteúdo refletir a própria atividade mental em efetivação e, portanto, não poder se referir a nada exterior à própria mente em seu efetivo uso. A questão que se põe é: “Qual o critério de verdade da sentença composta cartesiana fundamental?” A resposta, segundo os mais entendidos no assunto, reside em três níveis distintos, um semântico, este concerne às relações de dependência entre todas as sentenças que compõem o pensamento cartesiano registrado em seu texto “Discurso do método”, outro sintático, pois as palavras devem estar organizadas dentro das regras de produção de sentenças com sentido e, por último e não menos importante, a intenção por detrás da sentença “penso, logo existo”, que consiste em sua própria execução, pois não faz sentido reduzir toda a realidade à mente e tratar a sentença “Penso, logo existo” como algo passível de ser percebido pelos órgãos de sentidos (gritante contradição (neste caso os níveis semântico-sintático estariam idem vinculados à mente singular pensante como elementos basilares e indubitáveis, tal como o princípio de não-contradição, por exemplo)).

Céus irmãos, aparentemente temos diante de nós uma resposta interessante para nossos espíritos cheios de dúvidas: “A metafísica é a tentativa de se determinar com rigidez lógica (por oposição aos métodos indutivos e outros menos eficazes) a realidade”.

A fenomenologia, por exemplo, apesar de aparentemente se distinguir de uma metafísica lógica, não pode se abster das leis da lógica na medida em que para se descrever o fenômeno se faz necessário o uso da linguagem e de suas leis.

Mas devemos agora nos concentrar em uma tarefa um pouco mais interessante que a metafísica, isto é, seu pressuposto, a saber, o conceito de realidade. O que é a realidade? Para homens dotados de um conjunto mínimo e humilde de conexões entre neurônios, diríamos de tiro certo: “A realidade é um conceito”. Pois bem, se a realidade é um conceito, então a metafísica se distingue das demais ciências, pois, ao contrário destas, que dependem de um pressuposto infundado e incontestável de realidade, a saber, que tudo o que percebemos existe de fato fora de nós e, portanto, é tão real quanto nossas mentes, a metafísica é a ciência que justamente contesta tal pressuposto e, portanto, busca estabelecer diferentes planos de realidade.

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