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Piaget E Kant: Uma Análise Das Regras E Do Desenvolvimento Da Moral

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Por:   •  19/1/2015  •  4.393 Palavras (18 Páginas)  •  1.110 Visualizações

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Piaget e Kant: uma análise das regras e do desenvolvimento da moral

Elisandra dos Santos Lima

RESUMO

O estudo da teoria do desenvolvimento moral de Piaget, mais precisamente sobre a constituição das regras que está expressa em relações sócio-culturais, nos mostra que as experiências realizadas com crianças podem ser esclarecidas através da teoria de Kant, onde nos proporcionará melhor compreensão de alguns termos empregados por Piaget, bem como fazendo um resgate da reflexão sobre termos aplicados nas teorias psicológicas que tem sido utilizadas com diversas interpretações de seus significados filosóficos originais. Portanto esse trabalho busca demonstrar como Piaget utilizou a tese de Kant para explicar seus estudos, ressaltando as diferenças existentes entre autonomia e heteronomia, respeito e moral, bem como o processo de formação das regras.

PALAVRAS-CHAVE: Piaget; Kant; desenvolvimento moral.

Este artigo tem como objetivo analisar dentro da teoria de Jean Piaget a importância da constituição das regras e sua compreensão no desenvolvimento da moral. No cumprimento deste objetivo iremos observar os métodos que esse autor utiliza para falar dos termos da filosofia de Kant.

Os termos analisados serão: regra em Piaget e proposições fundamentais da razão prática pura em Kant, constituição da autonomia em Piaget e juízo sintético a priori em Kant, autonomia e heteronomia em Piaget e finalizando respeito moral em Piaget e Kant.

Imannuel Kant estrutura sua obra em dois grandes eixos: o primeiro trata do alcance das esferas do conhecimento e o segundo sobre o “problema da moral” do que o ser humano é capaz de fazer para “alcanças o bem supremo” (Rohden & Moosburger, 1980).

Sendo assim, o estudo da obra de Jean Piaget, propicia o resgate da reflexão sobre os termos utilizados com variadas interpretações na visão Kantiana e nos diversos significados filosóficos originais, salientados por Ramozzi – Chiarottino (1988, p.2):

…é importante notar que há muitos outros obstáculos a vencer para interpretar corretamente o pensamento de Piaget. Um deles é o vocabulário. Termos utilizados pelo pensador são costumeiramente entendidos à luz de prevalentes “tradições” da psicologia ou da pedagogia…sem lhes dar, no entanto, o significado exato que deveriam receber, no âmbito das noções piagetianas.

Este estudo está baseado em dois vértices, sendo o primeiro o livro de Piaget “O juizo moral da criança” (1932/1994), que segundo Freitas (2002) esse demonstra a primeira tentativa de examinar empiricamente sua problemática coma moral e de acordo com Biaggio (1999), é nesse livro que Piaget identifica as condutas das crianças em relação as regras.

O segundo vértice trata-se da compreensão onde utilizaremos como obra principal de Kant a “ crítica da razão prática” (1788/2002), onde nessa obra Kant faz a confrontação da autonomia, da heteronomia e do dever moral ( Reagle & Antisseri, 1990).

Sendo assim, abordaremos a importância na construção das regras para o desenvolvimento da moral segundo Piaget, criticando os termos utilizados por ele com base na obra “Crítica da razão prática” de Kant (1788/2002), possibilitando assim uma aproximação entre as publicações de Piaget e Kant, dando uma interpretação da teoria pigetiana na visão filosófica Kantiana.

A Formação das Regras em Piaget

No início do seu livro “ O Juízo Moral da Criança”, Piaget salienta sobre o sentido e o objetivo de sua obra: “ propusemo-nos a estudar o juízo moral, e não os sentimentos morais”( Piaget 1932/1994, p.21), e que para o estudo do juízo moral, utilizar-se-ia de análises das “regras do jogo social”, onde na medida que “toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras” (Piaget, 1932/1994, p.23).

As regras morais segundo Piaget geralmente chegam até as crianças impostas pelos adultos, geralmente pelos pais, e estas aprendem a respeitar e tomam pra si como verdade. Em sua pesquisa ele examinou as regras do jogo de bolinhas de gude, onde as crianças maiores transmitem as regras para crianças menores, então as regras são passadas de criança para criança. As maiores por sua vez, já podem escolher modificar ou não as regras do jogo. Dessa maneira pode-se verificar de que forma se pratica a regra: se ela for algo sagrado (heterônomas) ou algo sobre o que se pode decidir obedecer ou não (autônoma). Piaget conduz suas observações tentando esclarecer de que maneira os indivíduos se ajustam as regras, quais entendimentos têm da regra de acordo com sua faixa etária e seu desenvolvimento mental, bem como adquirem consciência e domínio da regra (Piaget, 1932/1994).

Em sua pesquisa Piaget entrevistou aproximadamente vinte crianças de quatro a treze anos e identificou de acordo com a prática das regras quatro estágios: (a) no primeiro estágio (0-2 anos), assinalado como estágio motor, as crianças não fazem uso das regras, há simplesmente uma manipulação motora e individual das bolinhas, não há atividade social, as bolinhas observadas parecem servir a um conhecimento físico do objeto; (b) no segundo estágio (2-5 anos) chamado egocêntrico, as crianças recebem as regras do exterior codificadas e jogam imitando o exemplo, mas não há um interesse em encontrar parceiros para jogar ou ganhar o jogo, pois as regras são utilizadas individualmente, cada criança joga para si mesmo quando em grupo; (c) terceiro estágio(7-8 anos) denominado estágio da cooperação onde surge a importância de se ganhar o jogo, logo há necessidade de sistematização das regras, ainda que em uma mesma partida observa-se variações referentes as regras gerais do jogo; (d) no quarto estágio (11-12 anos) as regras do jogo são definidas e entendidas por todos os jogadores. Piaget caracteriza esse estágio como de codificação das regras, pois a partir deste momento as regras fazem parte da sociedade (Piaget, 1932/1994; Wadswarth,1997).

Piaget dividiu a consciência das regras em três estágios: onde no primeiro compreende o estágio motor e a metade do segundo estágio, descritos anteriormente, visto que “…a regra ai ágio, descritos anteriormente, visto que “…a regra ainda não é coercitiva…”(piaget 1932/1994, p.34); o segundo estágio tem início na segunda metade do estágio egocêntrico e termina na metade do estágio da cooperação, em que a regra é entendida como sagrada, “… de origem

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