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Relação Entre Polis e Natureza Humana

Por:   •  2/3/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.451 Palavras (6 Páginas)  •  141 Visualizações

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Relação entre a polis e a natureza humana

         Para Aristóteles, a política é a mais autêntica de todas as ciências, visto que ela reina sob as outras ciências, organizando e ordenando a cidade para que os homens alcancem o bem comum a todos, que no caso dos antigos, se tratava da sobrevivência da espécie humana e que sem a intervenção política eles logo pereceriam, ou pelas feras selvagens ou entre eles mesmos. Desse modo, a política é uma ciência prática, cujo objetivo visa a formação de várias aldeias que se constituem polis, com suas características de bastar a si mesma, não apenas para a conservação de sua existência, mas também para a busca do bem comum.

         O ser do homem, para Aristóteles, se diz de dois modos: político e racional. Empiricamente, para o autor, os meios para a obtenção do conhecimento se devem por meio da observação, ao invés do raciocínio intelectual. Dessa forma, a capacidade da fala, inerente ao homem, é um exemplo de racionalidade, pois é a partir dela que se obtêm a autarquia, cujo objetivo é bastar-se a si mesma, visando a plenitude e felicidade de todos os indivíduos como polis, esta seria uma excelência enquanto relação dos homens que constituem a cidade-estado, visando tomar decisões que culminam o bem-estar unânime de todos.

“De fato, segundo o que sustentamos, a natureza não faz nada em vão e o homem é o único animal que tem a capacidade de falar; a voz é simples sinal do prazer e da dor e, por isso, a têm também os animais, enquanto a sua natureza chega até o ponto de ter e significar aos outros a sensação do prazer e da dor. Ao invés, a palavra serve para indicar o útil e o danoso e, por isso, também o justo e o injusto: e isso é próprio do homem com relação aos outros animais, enquanto ele é o único ser a ter noção do bem e do mal, do justo e do injusto e das outras virtudes (...)”

ARISTÓTELES. Política. In: REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga: II Platão e Aristóteles. Trad. Henrique Cláudio de Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994. p. 433

        Há sempre uma decomposição sistêmica, podemos assim dizer que a familía pode ser decomposta dentre vários indivíduos: senhor e escravo; marido e mulher; pais e filhos. Respectivamente, a autoridade do senhor “pater familias” (pai de famílias), conjugual e civil. Aristóteles não descarta a teoria da qual a lei do mais viril prevalece sobre os homens, que por natureza nascem livres, porém ele tenta fundamentar que a ideia de escravidão se dá pois, a natureza determinou uma hierarquia, sob a qual cada coisa nela está suscetível, uns à ordem e outros à servidão. Sendo assim, todo poder é depositado nas mãos do homem, ficando submisso a ele: a mulher, os escravos e os filhos.

        No que diz ao respeito ao Estado, ele é a última instância e confere o todo, mas é necessário que ontológicamente haja a aldeia e a família, bem como o todo que antecede as partes. Condiz à aldeia e as famílias sua plena participação no Estado.

“A comunidade perfeita de várias vilas constitui a cidade, que alcançou o que se chama o nível da autarquia, a qual surge para tornar possível a vida e subsiste para produzir as condições da boa existência. Por isso, toda cidade é uma instituição natural, se o são também os tipos de comunidade que a precedem, enquanto ela é o seu fim, e a natureza de uma coisa é o seu fim,isto é, dizemos que a natureza de cada coisa é aquilo que ela é quando se concluiu a sua geração, como acontece com o homem, o cavalo, a casa. Ora, o escopo e o fim são o que há de melhor; a autarquia é um fim e o que há de melhor. É claro,portanto, que a cidade pertence aos produtos naturais, que o homem é um animal que, por natureza, deve viver numa cidade, e quem não vive numa cidade, por sua própria natureza e não por acaso, ou é um ser inferior ou é mais que um homem, é o caso dos que Homero chama, com desprezo, de “apátridas, sem lei, sem-lar”. Por isso é claro que o homem é um animal mais sociável do que qualquer abelha e qualquer outro animal gregário. E quem é assim por natureza, é também sedento, enquanto não possui laços e é como uma peça de jogo posta ao acaso. Por isso é claro que o homem é animal mais sociável do que qualquer abelha e qualquer outro animal gregário (...) A comunidade dos homens constitui a família e a cidade. E na ordem natural a cidade precede a família e cada um de nós. Com efeito, o todo precede necessariamente a parte, porque sem o todo, não haverá mais nem pés nem mãos, a não ser por homonímia, como ocorre, por exemplo, quando se fala de uma mão de pedra; mas esta realidade é uma mão morta. Todas as coisas são definidas pela função que cumprem e pela sua potência, de modo que, não possuindo nem uma nem outra, não poderão mais ser ditas as mesmas de antes, senão por homonímia. Portanto, é claro que a cidade existe por natureza, e é anterior ao indivíduo, porque se o indivíduo, tomado isoladamente, não é autárquico, relativamente ao todo está na mesma relação em que estão as outras partes. Por isso quem não pode fazer parte de uma comunidade, quem não tem necessidade de nada, bastando a si próprio, não faz parte de uma cidade, mas é ou um animal ou um deus.”

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