Resenha Iara e a Arca a Filosofia

PONTOS IMPORTANTES - Iara e a Arca da Filosofia

Rúbia Larissa Köpp Hollunder

Lêmure Filolau: seu ensinamento inicial é mostrar que para entender as coisas não basta somente a definição. Essa reflexão nos faz refletir sobre o “porquê” das coisas, e nos faz pensar com mais criticidade tudo aquilo que acontece. Nessa perspectiva, aparece o conceito de “pensamento ingênuo”, que é aceitar tudo do jeito que vemos. Em contradição a esse conceito, é introduzido o conceito de “reflexão”, que é uma crítica ao “pensamento ingênuo”. A reflexão deve ser usada para enxergar além do que os nossos olhos podem ver, ou seja, tudo tem um lado “invisível” que só é visto quando refletimos sobre o seu “porquê”. O exemplo do chocolate é perfeito para entender essa reflexão. Filolau leva Iara a entender além do que se pode ver, lhe mostrando todo o procedimento, desde a produção do insumo até a sua industrialização e transformação no chocolate. Com esse exemplo, podemos refletir sobre a essência das coisas ao invés de olhar somente para o fenômeno em si, e saber que por trás de tudo há uma história.

Outro aprendizado com o livro se refere à diferença entre inteligência e sabedoria. Nem sempre um ser inteligente, que detém um vasto conhecimento, é dotado de sabedoria. Pois em muitos casos, podemos observar que uma pessoa inteligente não é capaz de interligar seu conhecimento com o mundo real.  Isso nos faz refletir sobre as consequências dos nossos atos e, como exemplo disso, o livro lembra a tragédia causada pela bomba atômica lançada no Japão, onde foi necessária muita inteligência para sua elaboração, no entanto não foi uma atitude sábia diante das 150 mil mortes causadas.

A TV: instrumento de manipulação e propagação de ideias que se tornam verdades absolutas, nos leva a uma “mente programada” que concorda com tudo, sem reclamar e nos faz pensar e agir de uma única maneira. Isso é facilmente observado na atual disputa política em que estamos vivenciando no Brasil. As pessoas parecem estar “programadas” a reproduzirem tudo aquilo que vêem e ouvem na Televisão, sem qualquer filtro ou análise fundamentada. A mente humana tem liberdade, porém é preciso refletir e ir além do pensamento ingênuo para tornar-se crítico.

Os poderes de Pwylls: estão ligados ao uso da astúcia e da enganação, mascarados de alegria e felicidade. Esse poderes em nosso mundo atual estão ligados ao individualismo do ser humano na sua busca por interesses particulares ao invés de algo que beneficie o bem comum. Consequências disso são os escândalos de corrupção, violência, ganância, guerras, e misérias. Se não nos perguntarmos o porquê desses problemas existirem, jamais serão solucionados.

Heródoto: o encontro de Iara com Heródoto nos ensina que é preciso ter vontade para aprender, e que mesmo em confusão de ideias é possível encontrar sabedoria e que em qualquer lugar podemos obter grandes ensinamentos. Heródoto nos faz refletir sobre quando um conhecimento se torna verdade absoluta inquestionável, acaba se transformando em dogma, fazendo com que não haja reflexão sobre ele e desta forma perca toda a sua essência.

Metafloresta: o significado que encontramos no livro se refere a um lugar misterioso de nossa existência, dentro de nós e que está além da nossa compreensão racional. A metafloresta se refere muito ao nosso autoconhecimento, que é peça chave para que superemos nosso obstáculos (medos, angústias, falta de autoconfiança…). Atualmente, vivemos na era da “doença do Século”. A depressão que atinge cada vez mais pessoas, pode ser colocada nesse sentido. Pois vivemos em um mundo que é dominado pelos poderes de Pwyll que acabamos não encontrando mais sentido na vida e o autoconhecimento pode ser um instrumento importante na destruição desses poderes.