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Resenha do Livro "A Trégua"

Por:   •  26/5/2016  •  Resenha  •  580 Palavras (3 Páginas)  •  224 Visualizações

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Mario Benedetti (1920 – 2009), ao retratar a vida de um homem quase cinquentenário com maestria através de seu diário, consegue envolver o leitor na história de Martin Santomé de tal forma, que faz parecer com que este conhece o personagem muito bem. A Trégua é um livro que propõe à vida de cada um que o lê, que se identifique com o narrador, e faça o que o próprio título diz: que dê um tempo, a si mesmo.

Santomé, visto em meio a uma encruzilhada entre se aposentar, coisa que tanto quis alcançar, e passar o resto de sua vida sem frequentar todos os dias o escritório de contabilidade em que trabalha, busca encontrar um outro significado à sua vida. O homem de 49 anos, com três filhos e uma finada esposa, passa a rever os conceitos que adotou ao longo dos anos a respeito de trabalho, família e principalmente, amor. Se reaproxima das pessoas que compartilham sua casa e são a memória viva de sua saudosa Isabel, os filhos Esteban, Blanca e Jaime, este último, sempre teve uma relação conturbada com o pai, já que era visto como a causa da morte de sua mãe, que faleceu no parto.

Trabalho e um novo conceito de amor se misturam no escritório em que Martin ainda trabalha, a partir do momento em que Laura Avellaneda é contratada, uma jovem com “traços definidos, de gente leal”, e ele se apaixona por ela. O conflito aqui, é a diferença de idade entre os dois, coisa que amedronta um pouco ambos, mas que também estão dispostos a enfrentar o apontamento da sociedade. Com Avellaneda, Santomé redescobre o sentimento de amar e ser amado, trazendo assim uma nova felicidade e sentido à sua existência. Sua filha, Blanca, que sempre foi mais próxima do pai, acoberta e apoia o relacionamento dos dois, protegendo-os logo no início de seus irmãos, que podiam não aceitar a ideia.

Já decepcionado por conta da descoberta quanto à opção sexual de seu filho caçula, que o fez inclusive expulsá-lo de casa, parece que alguma coisa ainda pode dar certo na vida do narrador-personagem. Entretanto, uma reviravolta em sua história acontece e o destino lhe prega a mesma peça pela segunda vez, levando a jovem moça para junto de Isabel, de forma que Martin perde o chão novamente. Seu diário, como uma válvula de escape, tem ali registrado todo o sofrimento e a dúvida, dia após dia, noite após noite.

Toda a história tem uma amarração incrível e muito bem feita, que prende o leitor e faz com que ele mergulhe na história, se envolva e se sinta parte dela. Embora escrita em 1960, nada a impede de ser ainda atual, tanto que as situações-problema, são mais corriqueiras do que se imagina. Mesmo que esteja longe da realidade de uma grande parcela da sociedade, é comum por exemplo, a repressão por parte dos pais ao descobrirem a homossexualidade de seu filho, é comum a dor que se sente quando se apaixona por alguém e este, por algum motivo deixa de fazer parte de sua vida, e mais ainda, a dor de perder alguém que se ama muito.

O leitor, compartilhando da vida deste homem, se perde entre suas decepções e felicitações, coisas que podem parecer pequenas, mas que no dia-a-dia de um homem ou uma mulher na década de 1950, ou nos anos 2010, fazem uma grande diferença para quem ainda tem um pouco de esperança e que um dia já foi completamente apaixonado pela vida.

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