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Resenha do Livro Górgias de Platão

Por:   •  28/4/2019  •  Resenha  •  1.418 Palavras (6 Páginas)  •  287 Visualizações

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         O livro discursa sobre questões filosóficas através de um diálogo entre Sócrates, Górgias, Polo, Querefonte e Cálicles. São abordados temas acerca de justiça, política,artes,razão,prazer,bem e mal, belo e feio e primordialmente sobre a retórica. Os debates são conduzidos por Sócrates que pergunta quase a todo momento diretamente a Górgias, pouco a Polo e Cálicles. Durante o texto percebe-se que os sofistas as vezes são contrários e outras concordam com os argumentos e pensamentos de Sócrates.

        É necessário enxergar a linha de pensamento de cada filósofo para assim compreender o diálogo entre eles. De um lado temos os sofistas(representados por Górgias, Polo e Cálicles) considerados os mestres da oratória que se propunham a ensinar a sua arte de convencimento a quem os contratasse. Do outro lado temos os filósofos(Sócrates,Querefonte) com seus pensamentos contrários aos métodos sofistas.

        O texto tem por início o questionamento de Sócrates direcionado à Górgias sobre qual arte ele diz fazer, se realmente pode ser considerado uma arte, e como ele poderia ser denominado por praticá-la. Polo, que era discípulo de Górgias, responde a pergunta dizendo que se tratava da arte da retórica feita através de um orador, que tinha como intuito persuadir aos que ouviam. Segundo Górgias, a persuasão era a mais elevada arte, pois não havia nenhum assunto que ela não conseguisse dominar, pois não se tratava de nada manual e sim à classe dos negócios humanos, seu diferencial era o convencimento através do uso da palavra(retórica).

      Sócrates questiona o sofista de acordo com o que ele próprio explicou a respeito da retórica, dizendo que qualquer um que ensina uma arte tem a capacidade de convencer(quem ensina seja lá o que for, persuade os outros a respeito do que ensina). Concluindo então que o homem possui poder sobre outro homem através da retórica, mas que ela não é a única mestra na arte do convencimento, visto que outras artes também são convincentes em sua essência.

      Sócrates continua a indagar sobre que espécie de persuasão é a retórica e sobre que se manifesta.
Górgias rebate dizendo que a retórica tem como função a ação em tribunais e assembleias políticas, tendo total envolvimento com o justo e o injusto.

      Por seguinte Sócrates entra no debate de que os conceitos de "aprender" e "conhecimento", assim como "crer" e "crença" são diferentes entre si. Completa o raciocínio dizendo que o "saber" não é a mesma coisa que "crer", pois podemos crer em algo que a crença não é verdadeira enquanto o saber sempre será o verdadeiro. Para Sócrates essa diferença é capaz de dividir a persuasão em duas: uma envolvida com o conhecimento e outra com a crença. Continuando essa linha de raciocínio Górgias concorda que a persuasão nada mais é que o uso das crenças, que vão ao oposto do compromisso com a verdade e justiça. Sócrates determina então que a retórica mais se trata do convencimento das multidões, sem ser necessário compreender as coisas como elas são. Refutando assim a tese de que os oradores seriam sempre justos( "é justo quem aprendeu o que é justo").

     Polo então resolve intervir no diálogo iniciando um novo debate e assim aliviar o seu mestre que foi "envergonhado". Ele diz que considera a retórica a arte mais bela de todas. Sócrates logicamente rebate dizendo que a retórica não pode ser considerada uma arte mas sim uma rotina que procura a produção de prazer e satisfação, visto que não é exigido conhecimento e sim habilidade e coragem para lhe dar publicamente. O filósofo a considera como uma adulação, bem caracterizada dos sofistas. Classifica-a como ruim e por isso não é bela.

    Sócrates divide a arte em duas, relacionadas com a alma e o corpo. A política se relaciona com a alma e a ginástica e medicina teriam relação com o corpo. Pra ele a retórica não se preocupa com o bem e carece da razão. Ela é tão sedutora que faz o homem deixar de se preocupar com o que é necessário(o bem e o belo) e a enxergá-la como única. Segundo ele a retórica se faz passar por todas as outras artes para tentar parecer a mais importante, mas não é.

     Polo indaga Sócrates a respeito dos oradores, perguntando se ele pensa que tais não possuem influência na cidade e Sócrates o rebate dizendo que é a influência só é algo bom para quem a pratica, já que os que tem mais poder não são os mais poderosos, como diz Polo. Afirma Sócrates que eles jamais poderiam fazer o bem, pois são privados da razão.

     Visto a retórica como algo completamente superficial, que ao oposto das artes não busca nem a saúde nem a beleza verdadeiras, mas apenas aparentes e artificial, o diálogo começa a puxar pra ideia acerca de justo e injusto. De acordo com Sócrates só é feliz quem é justo e bom, aquele que é desonesto e mau é infeliz, sendo assim pior cometer uma injustiça do que ser injustiçado. É melhor levar uma punição por cometer uma injustiça, mais bem visto ser um mal justo do que cometer um ato injusto.

     Na concepção dele a felicidade consiste em ser livre de todos os males, e sofrer os castigos merecidamente. Somente através dos castigos é que nossa alma é "curada" e só assim somos capazes de ter uma alma pura, voltando-se para o belo e para o bem. Para Sócrates o maior mal é cometer uma injustiça e não ser punido e o segundo maior mal é cometer a injustiça.

     Ao final do texto Cálicles desacorda com os pensamentos de Sócrates, refutando seus argumentos sobre justiça e injustiça e acredita que existem as leis da natureza e as leis que regem o povo e que tais não estão de acordo. Para Cálicles essas leis foram formuladas pelos mais fracos e minoria, sendo considerado feio e injusto querer ter mais do que a maioria, e ele defende a teoria da justiça natural que consiste em estabelecer a superioridade natural do mais poderoso sobre o mais fraco, assim os mais fortes dominem os inferiores em que a lei da maioria é a lei do mais forte.

     Cálicles se mostra corajoso ao discursar que a vida ideal é aquela em que buscamos o prazer, pois o prazer é que traz a felicidade real ao homem. Além disso ele julga Sócrates por se ocupar muito tempo com a filosofia e não com outros assuntos. Sócrates discorda pois pra ele prazer e dor tem ligação e a felicidade só é alcançada através da ligação dos dois.

      Por fim encontra-se que as ideias de Sócrates é o que se tem de mais verdadeiro, uma vez que diversos conceitos são usados equivocadamente, formando-se ideias erradas acerca do bem, da verdade, do justo, do belo, do agradável e tudo que se é equivalente ou contrário.      

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