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Resenha do livro 'O Príncipe'

Por:   •  12/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.380 Palavras (6 Páginas)  •  176 Visualizações

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A linguagem adotada por Nicolau Maquiavel durante o texto exprime claramente o interesse do autor pela máxima objetividade da sua obra. Nota-se o esforço para torná-la aplicável à realidade, e os exemplos descritos no seu decorrer, revelam uma necessidade ilustrativa muito peculiar de se apresentar como uma síntese factual da ações humanas e relações de poder ao longo da história.

Em seu início, o texto se põe a classificar as organizações de poder vigentes que exercem algum domínio governamental no que viria a ser a Itália, sendo estas, repúblicas ou principados. Ainda nesse momento, Maquiavel se ocupa em apresentar formas as quais o príncipe pode alcançar e legitimar sua figura por meio desse poder. Nesse sentido, o autor introduz a virtù como sendo a capacidade de condução administrativa; e a fortuna como a sorte individual, as oportunidades para operar frente às circunstâncias. Tais conceitos serão repetidamente aplicados ao longo da argumentação central do texto, e tidos como parâmetros para a conquista e manutenção dos principados de forma substancial.

Nos capítulos que se sucedem, Maquiavel discorre sobre os tipos de principados possíveis, e como se dão as interações do poder temporal dentro destes considerando suas especificidades. Segundo ele, os principados hereditários se mantém mais facilmente pela afeição do povo pela imagem de uma família já consolidada no poder, ou seja, príncipes em tais circunstâncias sofriam com menos retaliações. Nos territórios recém-denominados principados faz-se necessária uma atenção maior para conter revoltas. Medidas como a neutralização da aristocracia local e a imposição de uma representação soberana são imprescindíveis, seja pela própria presença do príncipe, seja pela instalação de colônias ou pela cobrança de tributos.

Para que haja sucesso na aquisição, formação ou reformulação de novos principados, o autor traz uma classificação própria com base no modo em que cada unidade foi conquistada. O primeiro conjunto de exemplos ilustra situações em que a conquista foi dada em circunstâncias de fortalecimento militar interno e pelo mérito do príncipe, devido ao seu preparo para lidar com situações de conflito, definidas por intermédio da virtù; o segundo conjunto de exemplos caracteriza-se pelo pouco esforço no ato da conquista, e por isso há a necessidade posterior do uso de artifícios alternativos e astutos para manter o seu domínio. Nesse momento o autor começa a nos colocar em uma posição de relativização da moral em detrimento da defesa do poder temporal.

Outras formas de afirmação e ascensão são apresentadas. Desconsiderando a presença da fortuna e da virtù, fala-se na possibilidade de alcançar o poder por meio de golpes criminosos; também existem casos em que há a ascensão por meio do apoio popular ou da nobreza local, caracterizando assim, o principado civil. A última forma de constituir-se enquanto principado é dentro do âmbito eclesiástico, e nesse sentido é necessário agir eminentemente pela fortuna ou pela virtù devido a sua ligação com a igreja.

Maquiavel põe-se a discorrer sobre a conduta a qual o príncipe deve adotar, alertando para o fortalecimento da estratégia militar a ser seguida pelo mesmo. Ele defende que é necessária uma constituição bélica sólida para que não haja dependências e fragilidades voltando-se contra o governante. Diante disso, percebe-se muito fortemente a prioridade atribuída à guerra pelo autor, para ele, a dispersão do foco cede espaço para encantamentos materiais, servindo de precedente para a queda do governo.

Ainda no intuito de aconselhar sobre a postura a ser tomada pelo príncipe, Nicolau Maquiavel ocupa-se em responder questões referentes à ética política. O autor argumenta que nos momentos em que é dada a escolha entre aparentar ser piedoso ou cruel, a piedade é indicada, mas a crueldade não pode ser descartada por motivos de controle comportamental dos súditos. Quando a alternativa que lhes resta é ser amado ou temido, deve-se optar pelo temor, pois o amor é um laço corruptível e, de tal forma, não é confiável. Seguindo esse princípio, o príncipe deve agir com a flexibilidade que a virtù permite, sendo forte como um leão nas circunstâncias que lhes é exigido, e astuto como uma raposa para contornar situações em que a inteligência sobrepõe a força.

Como dito, um príncipe não precisa ocupar-se do amor de seus súditos, porém é necessário cuidar para não ser odiado. Faz-se de bom grado não parecer inimigo do seu povo, dessa forma, deve preocupar-se em não tomar deles seu respeito e honra. Cabe as atribuições de um comandante atentar-se a atribulações internas e externas, de modo que deve observar e se preparar para forças que venham ameaçar seu poder levantando-se das massas locais ou de manifestações estrangeiras. Para aproximar-se dos novos súditos em principados recém conquistados, o governante deve agir com confiança no povo, dando-lhes armas para lutar ao seu lado.

O príncipe zela por sua imagem, desta forma, é útil que o mesmo destaque-se por seus empreendimentos ousados ou por suas alianças. Faz-se necessário que um bom governante saiba tomar partido para conseguir o apoio de potências estrangeiras, tomando cuidado para não ser neutralizado por estas. As coligações internas também exigem cuidado, escolher um ministro é sobretudo um exercício da virtù,

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