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A DISCIPLINA DE MÉTODOS QUALITATIVOS DE PESQUISA GEOGRÁFICA

Por:   •  17/8/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.105 Palavras (9 Páginas)  •  243 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

DISCIPLINA DE MÉTODOS QUALITATIVOS DE PESQUISA GEOGRÁFICA

Profª. Leila Christina Dias

Aluna: Andreza Martins

Florianópolis, 25 de abril de 2011.

NOTA LEITURA

Mc GUIRK, P; O´NEILL, P. Using Questionnaires in Qualitative Human Geography. In: Lain HAY (org.) Qualitative research methodos in human geography. 2 ed. New York: Oxford University Press, 2005.

McLAFFERTY, S. Conducting Questionnaire Surveys. In: CLIFFORD (orgs.) Key methods in geography. 2 ed. London: SAGE, 2010.

USO DE QUESTIONÁRIOS NA PESQUISA GEOGRÁFICA

        Porquê, quando e como usar questionários na pesquisa geográfica qualitativa? Essas foram as perguntas centrais que motivaram os escritos de Guirk; O’Neill (2005) e McLafferty (2010) sobre os quais trataremos doravante.

Embora nem todos os projetos de pesquisa utilizem o questionário como instrumento de coleta e avaliação de dados, ele ainda é bastante utilizado na investigação geográfica. Conforme sublinhado por McLafferty (2010), a técnica vêm sendo empregada na disciplina desde meados dos anos de 1970 e, desde então, vem acompanhado suas transformações teórico-metodológicas. Inicialmente os questionários foram empregados para facilitar a transição da análise estatística de dados secundários para às pesquisas de percepção do ambiente e do comportamento social. Em um segundo momento, durante os anos de 1980 e 1990, os questionários cairam em desuso como resultado da supervalorização, nas ciência humanas, de tratamentos de dados por análises estatísticas. Em anos recentes, eles ganharam nova expressão e vêm sendo empregados dentro de um “pool” de ferramentas de coleta de dados que mescla técnicas qualitativas e quantitativas na pesquisa  geográfica.

A técnica do questionário é extremamente útil quando um investigador pretende recolher informação sobre um determinado tema. Assim, através da aplicação de um questionário a um público-alvo constituído é possível recolher informações que permitam investigar melhor alguns aspectos desse grupo, tais como seus comportamentos, crenças e atitudes. Os questionários podem ser de natureza social, econômica, familiar, profissional, relativos à opiniões, à atitude em relação a algumas opções ou à valores e direitos humanos (individuais) e coletivos, à expectativas, ao nível de conhecimento ou de consciência de um acontecimento ou de um problema, etc.

Tanto para Guirk; O’Neill (2005) quanto para McLafferty (2010) a importância dos questionários passa também: a) pela facilidade com que se interroga um elevado número de pessoas, num espaço de tempo relativamente curto. Esse fator está associado a ganhos significativos no balanço entre custo e benefício das pesquisas científicas, sobretudo àquelas de longo fôlego que requerem grandes volumes de dados mediante aportes orçamentários reduzidos; b) pelo uso da ferramenta para o estabelecimento de tendências gerais de comportamento, processos e interpretações dentro de populações ou grupos específicos e; c) pela sua alta flexibilidade, ou seja, por seu potencial para ser combinado com outras técnicas metodológicas para obtenção de padrões satisfatórios de coleta e análise de dados qualitativos.

A despeito das vantagens e ganhos quantitativos na obtenção de dados, os questionários não são indicados para o aprofundamento das informações. Para Guirk; O’Neill (2005), eles estabelecem apenas tendências e padrões gerais e devem ser utilizados para identificar e classificar a lógica de diferentes grupos de respondentes mas, não podem ser utilizados para determinar com segurança opiniões e atitudes.  

Para esses autores, outro equívoco que deve ser evitado durante a análise dos resultados dos questionários é a quantificação dos dados (ex: tantos por cento da população vê positivamente seu bairro) e a classificação das respostas qualitativas em categorias descritivas, simplificando, sumarizando e comparando respostas. Não podemos ter certeza de que as interpretações que as pessoas deram para as questões são as mesmas que estamos tendo do que elas escreveram. Assim, a tentativa de sumarizar, classificar, enquadrar e “rotular” pode levar a perda das nuances e da complexidade do texto original.

A fim de obter um retorno de respostas com um máximo nível de detalhamento e precisão e, assim facilitar a análises dos dados, alguns cuidados devem ser observados durante a elaboração e apresentação de um inquérito por questionário. A linguagem empregada e o tom das questões são de suma importância e devem, antes de mais, levar em consideração as habilitações do público-alvo a quem ele vai ser administrado. Ademais o conjunto de questões deve ser cuidadosamente organizado e conter um sentido lógico para os respondentes, evitando informações irrelevantes e intrusivas assim como termos tendenciosos e emocionalmente carregados. A estrutura (formato) dos questionários deve ser clara e simples e desprovida de termos confusos e complexos, ou ainda questões demasiado longas.

McLafferty (2010) destaca ainda algumas ressalvas quanto: a) ao uso de expressões ambíguas que possam ter mais do que um significado e que, por sua vez, conduzam à diferentes interpretações; b) a inclusão de duas questões em uma só, pois pode levar a respostas induzidas ou irrelevantes, além de não ser possível determinar qual das “questões” foi respondida; c) ao uso de questões baseadas em pressuposições, pois elas ocultam o princípio de que o respondente se encaixa numa determinada categoria e, portanto, o pesquisador estaria buscando informações específicas desse grupo; d) formulação de questões de natureza pessoal, ou que abordem assuntos delicados ou incômodos para o respondente e; e) uso de expressões negativas tais como “não” e “nenhum”.

O formato dos questionários pode variar ainda quanto ao tipo de apresentação das opções de respostas. Os autores de ambos os textos discutem os limites e benefícios de questionários com respostas fixas e com respostas abertas, mas não mencionam uma terceira possibilidade, a mista. Ou seja, um formato de questionário que agrega questões com respostas abertas e fechadas e que, portanto, pode minimizar limites e maximizar benefícios de ambos os formatos.

Para Guirk; O’Neill (2005) os limites e fortalezas das respostas fixas e abertas podem ser sintetizados da seguinte forma: as respostas fixas são mais difíceis de preparar - pois exigem do pesquisador clareza na pergunta e objetivos da pesquisa, assim como conhecimento preciso das estruturas e processos que deseja investigar – porém são mais fáceis de responder e de analisar; por outro lado as respostas abertas são mais fáceis de elaborar, mas exigem maior concentração do público para responder e esforço do pesquisador para analisar as respostas. Para McLafferty (2010) a grande desvantagem da opção por respostas fechadas é a perda de detalhes e da riquesa de opiniões e pontos de vista que podem ser obtidos com questões abertas.

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