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A Sustentabilidade Urbana

Por:   •  1/12/2018  •  Ensaio  •  1.903 Palavras (8 Páginas)  •  335 Visualizações

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SUSTENTABILIDADE URBANA

A história da relação entre a sociedade ocidental e a natureza é dividida em dois momentos: natureza-sociedade e sociedade-natureza. Inicialmente a sociedade via a natureza com contemplação e temor, planejando assim suas ações de acordo com os ciclos naturais, utilizando técnicas rudimentares, sem quase alterar o ambiente. Posteriormente, a sociedade passou a tentar dominar a natureza e incorporar seus recursos naturais em dinâmicas e processos sociais (TEODORO, 2012).

Segundo Teodoro (2012), a Revolução Industrial, no século XVIII, foi o marco da ruptura entre a sociedade e a natureza, a qual passou a ser uma natureza modelada, humanizada, cultural, diferente da natureza física e voltada a fornecer matérias-primas ao modo capitalista de produção, para acumulação de riqueza.

No período moderno o progresso técnico moldou e produziu o meio geográfico de certa maneira que impulsionou uma nova dicotomia (substituindo a anterior sociedade-natureza), agora denominada relação sociedade-espaço, com o homem detentor das decisões (TEODORO, 2012).

Em relação à organização dos espaços mundial e, principalmente, nacional, é evidente a hegemonia do espaço urbano, o qual determina e dita desde os padrões regionais aos globais (TEODORO, 2012).

No que tange à urbanização brasileira, Teodoro (2012) explica que embora iniciadas em 1500 nas áreas litorâneas, as vilas começaram a de fato de destacar no Brasil rural a partir de 1950, ou seja, o Brasil tornou-se mais urbano somente depois que o plano de governo passou a promover a industrialização, desde 1930.

“Como resultado do processo industrial, a modernização do campo induziu o êxodo rural e, em decorrência, obrigou as cidades a abrigarem um contingente populacional adicional, de distantes partes do país”, segundo Teodoro (2012, p. 54), sendo que por meio do abandono dos moradores das zonas rurais, em busca de melhores condições de vida, as cidades notáveis urbanizaram-se rapidamente, transformando-se em cidades econômicas.

Ainda neste sentido, Teodoro (2012) acresce que a partir da década de 70, devido a desconcentração industrial e ampliação do setor terciário, houve um aumento no número de cidades médias no país, sendo que em 1980 e 1990 impulsionada pelas altas taxas de crescimento demográfico, houve o boom da urbanização, transitando o país da situação de arquipélago para a de urbanização interior, podendo-se considerar desta forma o século XX como o da urbanização, e  o XXI, o da cidade.

Referente aos problemas ambientais relacionados à urbanização do espaço, Teodoro (2012, p. 65), cita alguns dos mais comuns,

Movimentos de massa; ravinas e voçorocas; inundações e alagamentos; ilhas de calor; poluição do ar; resíduos sólidos; contaminação de cursos d’água e lençóis freáticos; mudanças na drenagem natural; desmatamentos; extinção de espécies da fauna e flora; entre muitos outros [...].

No tardar do século XX se iniciou a tomada de consciência acerca da finitude dos recursos naturais, que pode afetar os modos de produção e consumo e, em decorrência o modelo de crescimento dominante. Em virtude disso, certos agentes iniciaram reuniões e conferências voltadas às questões ambientais, sendo que as propostas desenvolvimentistas e sustentáveis abordaram o tema da sociedade de acordo com as necessidades do presente e das gerações futuras, entretanto não o consideraram em conjunto ao tempo da natureza, além de que projetaram expressões referentes ao desenvolvimento sustentável, mas não demonstraram como alcançá-las (TEODORO, 2012).

É necessário que a discussão sobre sustentabilidade seja situada nos campos temporais da sociedade e também da natureza, tendo em vista que a sociedade só existe em relação à natureza. A sustentabilidade, diretamente associada à sociedade e sua base natural, precisa ser tratada segundo as formas sociais de apropriação e uso de recursos e do meio ambiente (TEODORO, 2012).

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Mas o que exatamente seria o desenvolvimento sustentável? Segundo Romeiro (1999), o conceito de desenvolvimento sustentável surgiu pela primeira vez sob a denominação de ecodesenvolvimento, no início da década de 70.

Foi uma resposta à polarização, exacerbada pela publicação do relatório do Clube de Roma, que opunha partidários de duas visões opostas sobre as relações entre crescimento econômico e meio ambiente: de um lado, aqueles, genericamente classificados de possibilistas culturais (ou “tecno-centricos” radicais), para os quais os limites ambientais ao crescimento econômico são mais que relativos diante da capacidade inventiva da humanidade, considerando o processo de crescimento econômico como uma força positiva capaz de eliminar por si só as disparidades sociais, com um custo ecológico tão inevitável quão irrelevante diante dos benefícios obtidos; de outro lado, aqueles outros, deterministas geográficos (ou “eco-centricos” radicais), para os quais o meio ambiente apresenta limites absolutos ao crescimento econômico, sendo que a humanidade estaria próxima da catástrofe mantidas as taxas observadas de expansão da extração de recursos naturais (esgotamento) e de utilização da capacidade de assimilação do meio (poluição) (ROMEIRO, 1999, p. 02-03).

O conceito de ecodesenvolvimento acaba emergindo neste contexto como uma forma de conciliar as duas visões exemplificadas acima. Ainda segundo Romeiro (1999), por meio dele se reconhece que o progresso técnico de fato relativiza os limites ambientais, mas não os elimina e que o crescimento econômico, embora necessário, não é o suficiente para a eliminação da pobreza e disparidade social.

O tempo propicia uma atenuação das divergências entre as visões mencionadas. De certa forma isso se explica pelos efeitos contraditórios do progresso técnico e científico induzido pelo expressivo aumento da pressão do sistema econômico sobre o meio ambiente: por um lado, é clara a ameaça de seus impactos ambientais globais, como efeito estufa, destruição da camada de ozônio, dentre outros, e por outro o aumento da eficiência na prospecção e utilização dos recursos naturais acabou por reduzir seus preços, desautorizando desta forma as previsões catastrofistas do Clube de Roma (ROMEIRO, 1999).

 “Assim, a proposição de que é necessário e possível intervir e direcionar o processo de desenvolvimento econômico de modo a conciliar eficiência econômica, desejabilidade social e prudência ecológica, passa a ter uma aceitação generalizada” (ROMEIRO, 1999, p. 03), apesar do fato de que as divergências continuam em relação aos mecanismos necessários para tal intervenção.

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A sustentabilidade urbana enfrenta o mesmo paradoxo que as discussões acerca do clima e do meio ambiente: à medida que as cidades crescem e se desenvolvem nos padrões de urbanização adotados desde a Revolução Industrial, crescem também os impactos ambientais daí decorrentes; sendo este, portanto, o dilema dos países que vivem intenso ciclo de crescimento econômico e urbano (FERRARA; FERREIRA, 2015).

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