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Fichamento técnica, espaço e tempo

Por:   •  10/4/2019  •  Trabalho acadêmico  •  3.448 Palavras (14 Páginas)  •  248 Visualizações

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Fichamento

SANTOS, M. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional.4.ed. São Paulo: Hucitec, 1998.

I- Espaço e globalização

  1. Globalização e redescoberta da natureza
  • Somente a história nos instrui sobre o significado das coisas. Mas é preciso sempre reconstruí-las, para incorporar novas realidades e ideais. O Tempo passa e tudo muda.
  • Da natureza amiga a natureza hostil:
  • Antes o homem escolhia em seu entorno o que lhe podia ser útil para a renovação da vida; é o tempo do homem amigo e da natureza amiga. Ele se comunicava quase sem mediação.
  •  A história do homem na Terra é a história da ruptura progressiva entre homem e seu entorno, com a mecanização e novas maneiras e instrumentos de dominar o planeta. Daí vem os graves problemas de relacionamento entre a atual civilização material e a natureza.
  • Organizando a produção, o homem passou a organizar a vida social e o espaço, na medida de suas próprias forças, necessidades e desejos.
  • A necessidade do comercio introduziu nexos novos, e também desejos e necessidades, e a necessidade de organização da sociedade e do espaço tinha que se fazer segundo parâmetros estranhos aos grupos locais.
  • Essa evolução culmina na fase atual, onde a economia tornou-se mundializada e todas as sociedades terminaram por adotar, de forma mais ou menos total ou explicita, um modelo técnico único que se sobrepõe a multiplicidade de recursos naturais e humanos.
  • É nessas condições que a mundialização unifica o planeta. Suas diversas frações são posta ao alcance dos mais diversos capitais, que guia os investimentos, a circulação de riquezas e a distribuição de mercadorias.
  • Assim, cada lugar é ponto de lógicas que trabalham em escala diferente, reveladoras de níveis diversos, e às vezes contrastantes, na busca da eficácia e do lucro, no uso das tecnologias do capital e do trabalho. Assim se redefinem os lugares: como ponto de encontro de interesses longínquos e próximos, mundiais e locais, manifestados segundo a gama de classificações que está se ampliando e mudando”. (SANTOS, 1998, p.18).   
  • Atualmente, o natural cede lugar para o artefato e a racionalidade triunfante se revela através da natureza instrumentalizada, esta domesticada nos pe apresentada como sobrenatural. Já não é mais natureza amiga, e o homem já não é mais seu amigo.
  • O homem se afasta, então, em definitivo da possibilidade de relações totalizantes com o seu entorno e território.
  • A consciência depende de um fluxo multiforme de informação que as vezes a ultrapassam e não a atingem, de modo a escapar as possibilidades de ação e uso. Á medida em que a mais-valia pe mundializada, ocultam-se os parâmetros do meu próprio valor que, assim, se reduz.
  • A natureza mecanizada acaba sendo uma natureza abstrata, e as técnicas insistem em imitá-la e conseguem. Os objetos que nos cercam são cada vez mais objetos técnicos. Vivemos em um mundo exigente de um discurso, necessário a inteligência das coisas e das ações.
  • A técnica comanda nossa vida, nos impõe relações, modela nosso entrono e nossas relações com o entrono. Hoje é definição do entorno é cheia de mistérios.
  • A comunicação fica presa na apresentação e torna-se um clichê, afastando o desenvolvimento genuíno da significação. A falsidade do discurso escurece o entendimento, apresentando uma parte da natureza como o Todo.
  • Um dos traços mais dramáticos do nosso tempo são os papeis que passaram a obter, na vida cotidiana, o medo e a fantasia. Sempre houve época de medo, mas essa é uma época de medo generalizado e permanente. A fantasia sempre povoou o espírito do homem, mas agora, industrializada, ela invade todos os momentos e todos os recantos da existência, a serviço do mercado e do poder. É a mídia o grande veículo desse processo.
  • A natureza espetáculo substitui a natureza histórica, lugar de trabalho de todos os homens, e quando a natureza sintética ou cibernética substitui a natureza analítica do passado, o processo de ocultação da história atinge o seu auge. Falamos contra o efeito da exploração selvagem da natureza, mas não falamos o bastante entre sua dominação tecnicamente fundada: as forças mundiais que insistem em manter o mesmo modelo de vida e o fato da tecnicização estar levando ao condicionamento anárquico do homem moderno.
  • Ontem a técnica era submetida. Hoje, conduzida pelos atores hegemônicos, é ela que submete, num mundo em que o homem se torna escravizado e os dominadores podem ter objetivos, mas não sentido. Os objetivos humanos e sociais cedem lugar as preocupações econômicas.
  • Duplo movimento no mundo onde as tecnologias são avassaladoras: as disciplinas incumbidas de encontrar soluções técnicas recebem prestígio de empresários, políticos e administradores – racionalidade perversa da universidade numa gestão técnica que leva ao assassinato da criatividade e originalidade. Em nome do cientificismo são atropelados os conhecimentos abrangentes da realidade.

Segunda parte: técnica, espaço e tempo.

5 - Técnicas, Tempo, Espaço

  • Técnicas: dados explicativos do espaço de origem temporal diversa.
  •  Efetivação das técnicas: relações concreta, materiais ou não, que presidem a elas => modo de produção e relação de produção.
  •  Emprego da Técnica => condições técnicas incorporada a história.
  •  Tempo do lugar ou o conjunto de temporalidade proprias de cada lugar leva em consideração o conjunto de técnicas existentes naquele lugar.
  • Países subdesenvolvidos: variáveis presentes no lugar influenciadas por fatores externos.
  • “A combinação, num lugar, de técnicas de idades diferentes significa, em cada momento histórico, possibilidade local de acumulação ou desacumulação do capital, em virtude da rentabilidade diferencial devida aos modos de produção concretos” (p.58).
  •  A idade dos instrumentos de trabalho tem implicações com o resto da economia (em virtude das possibilidades concretas de relações) e com o emprego (possibilidade concreta de oferta de postos).
  • As possibilidades de expansão ou de estancamento diferem para cada lugar, sendo resultados também do que é produzido externamente.
  •  Formas organizativas do trabalho, seja no espaço, seja no tempo ou no domínio das relações entre os agentes.
  • Poder da firma: econômico (técnico – combinação de fatores da produção) e político (capacidade de modificar regras do jogo econômico)
  • São as relações sociais que explicam como, em diferentes lugares, técnicas atribuem resultados diferentes aos seus portadores, segundo combinações que extrapolam o processo direto de produção.
  •  Base: totalidade => por intermédio da totalidade analisar as partes.
  •  Espaço global e o lugar são realidade estruturais => formas de ser e de existir.
  • Idade tecnológica: idade das técnicas presentes (p.60) – composição técnica
  • Idade organizacional: forma como são disposto, em termos de espaço e tempo, os fatores de trabalho correspondentes aos dados técnicos.  (p.60) – composição orgânica
  • Cada sistema geográfico é sucedido por outro que recria sua coerência interna, onde cada variável muda com um ritmo próprio.
  • Na realidade são as defasagens entre as variáveis que explicam diferenças na organização do espaço.
  • Combinação de bens e serviços consumidos: interligados => combinação de tipos de infraestruturas
  • “nas condições da economia atual, é praticamente inexistente um lugar em que toda a produção local seja localmente consumida e vice-versa” O que nos obriga a considerar os processos de circulação. (p.61).
  • As infraestruturas locais muitas vezes encontram explicações fora do lugar.
  • A distribuição do produto influi no tipo, na quantidade, na forma e na disposição das infraestruturas.
  • O espaço total, principalmente em países subdesenvolvidos: variáveis assincrônicas. Todavia, o funcionamento é sincrônico.
  • Espaço assincrônico, ao mesmo tempo revelador e organizador de sincronia.
  • Paisagem: palimpsesto, isto é, resultado de uma acumulação de formas que expressam tempos desiguais

6 - A forma e o tempo: a história da cidade e do urbano

  • História urbana: forma e tempo
  • Dimensão material (formas espaciais), dimensão dos comportamentos obrigatórios (formas jurídicas e sociais) e a dimensão temporal
  • Como empiricizar o tempo?
  • Configuração territorial: soma de realizações pretéritas e presentes
  • Importância da história da cidade: criação, significado, relação e crítica da sua organização.
  •  Urbano: abstrato, geral e externo
  • Cidade: particular, concreto e interno
  • O estudo da cidade exige articular o conceito de espaço. Esse é uma categoria histórica.
  • precisamos dominar o que entendemos como espaço e como a divisão do tempo em períodos.
  • Período são pedaços de tempo submetidos à mesma lei histórica, com a manutenção das estruturas. Estas se definem como conjuntos de relações e de proporções prevalentes ao longo de um certo pedaço de tempo.
  •  A cidade é totalidade, é tempo-espaço ou tempo-espaços, e dispõe de um movimento combinado, segundo uma lei própria.
  • A histórica de uma cidade se produz através da incorporação e da não incorporação do urbano.
  • Não há uma única modernidade, mas sim modernidades. Essas que nos dão vista de fora padrões de urbanização, gerações de cidades; e vista de dentro, padrões urbanos, formas de organização espacial.
  • Atualmente: das formas criadas e formas criadoras. Essas podem se impor como aquilo que o passado nos herda e implica uma submissão do presente;  um presente submetido ao passado através das formas, cuja estruturas devemos reconhecer e estudar. (p.68)
  • Em todos os momentos as formas do passado tem um papel ativo na elaboração do presente e do futuro. Dado ativo. (p.68)

7 - Meio ambiente construído e flexibilidade tropical

  • Lógica espacial das sociedades contemporâneas => ciência,  tecnologia e informação.
  • Diferenciação através da carga maior ou menor desses elementos no ambiente construído.
  •  O artifício tende a sobrepor-se à natureza e a substituí-la.
  • Disparidades e diferenciações do espaço se reveste de aparencia, estruturas ocultas e no uso.
  • Na cidade, as formas novas, criadas para responder as novas necessidades, tornam-se mais exclusivas, mais rígidas materialmente e funcionalmente - construção e localização.
  • Metrópoles países desenvolvidos: exercem uma lógica internacional comandada por lógicas nacionais.
  • Metrópoles  países sub-desenvolvidos: espaços derivados, assoados a lógicas externas e lógicas internas subordinadas, Por isso as cidades são críticas desde seu nascimento. São cidade sem cidadãos. A lei do novo é também a conformidade e o conformismo. As estruturas mentais forjadas permitem a abolição da ideia (e da realidade) de espaço público e de homem público (p.70).
  • Numa sociedade de homens privados, a lei da concorrencia legítima, e a cidade retrata tais egoísmos funcionais. A rua torna-se a arena de conflito e não mais o lugar do encontro e da festa.
  • Elementos: produção baseada na ciência, tecnologia e informação; do capitalismo concorrencial ao monopolista; Modo de produção Estatal/urbano (adaptar o meio construído para as novas lógicas); Modelo neoliberal.
  • Como os recursos disponíveis trazidos de fora são orientados para as novas exigências, o resto da cidade não recebe cuidados => crises.
  •  À cidade como um todo, teatro de existência de diversos moradores, é superposta por essa cidade moderna, seletiva, cidade técnico-científica-informacional, cheia de intencionalidades do novo modo de produzir.  Espaço minoritário dentro da aglomeração e da extensão, ele é, todavia, dominador dos processos políticos e econômicos.
  • No passado a cidade era plástica: acolhia as novas mudanças sem alterações drásticas na sua forma. Os novos modos adaptaram-se as velhas formas.
  •  Hoje os lugares destinados as atividades hegemônicas são exigentes e exclusivos => nova segregação e escassez, transmitindo valor.
  •  Lugares que resiste,: atividades menos poderosas que necessitam de menos informação.
  • Racionalidade do agir social dominantes: racionalidade sem outra razão que não o lucro. O simbólico se torna coadjuvante. Eficácia e produtividade. Conformidade do instrumento à ação, da forma à função.
  •  Novo sistema de objeto e ação, => base da racionalidade hegemônica.
  •  “Mas a cidade como um todo resiste à difusão dessa racionalidade triunfante graças, exatamente, ao meio ambiente construído, que é um retrato da diversidade das classes sociais, das diferenças de renda e dos modelos culturais. Assim, opõem-se a maior parte da aglomeração, onde os tempos são lentos, adaptados às infra-estruturas incompletas ou herdadas do passado, aqueles espaços opacos que aparecem também como zonas de resistência. É nesse espaço que as economia não-hegemônica, formas não-atualizadas e as classes hegemonizadas entram as condições se sobrevivência. Dessa forma, as cidades dos países subdesenvolvidos são rígidas na sua vocação internacional e, ao mesmo tempo, dotadas de flexibilidade, graças ao meio ambiente construído que permite a atuação de todos os tipos de capital e trabalho.” p.75
  • O planejamento termina por obedecer as condições de uma modernização sempre atual, negligenciando a maior parte da cidade e da população, o meio físico humana onde se criam empregos endógenos.
  • É mais adequado não perder de vista a flexibilidade tropical. Estas que atenuam as suas crises. Meio ambiente construído e economia segmentada mais única e população compósita são o tripé que explica a realidade urbana e pode nos ajudar a construir um planejamento eficaz.

8 – Metrópole: a força dos fracos é seu tempo lento

  • Período: qualificação do tempo que permite um enfoque empírico
  • Cidade: representativa da união espaço-tempo do período técnico-científico-informacional.
  •  Espaço: conjunto indissociável de sistemas de objetos e ações.
  • Técnicas: através da matéria unem espaço e tempo. Objetos artificiais quando plenamente histórico.
  • Ações tendem a ser artificiosamente instrumentalizada.
  •  Ações: temporalizações práticas – tempo concreto.
  • Objetos: espacializações práticas contem tempo.
  • A união de objetos “perfeitos” com sistemas sociais baseados no artifício podem criar fábulas ao invés de grandes relatos.
  • A distancia entre o homem comum em relação ao novo tempo do mundo é maior que antes. A mundialização multiplica os vetores e aumenta as distancias entre instituições e pessoas. Ubiqüidade, intataneidade e aldeia global são para o homem comum apenas fábulas. Para o homem comum o mundo concreto, imediato, é a cidade.
  • Da natureza à técnica a cidade (fenômeno histórico) impõe a ideia de tempo humano, fabricado, tornando possível tratá-lo de forma empírica e concreta.
  •  A noção abstrata de sociedade global ganha concretude na cidade, onde os homens, os lugares, objetos e produção se dão em sistemas. Isso graças a construção de diversos tempos sociais que combina a inflexibilidade dos objetos as flexibilidades da ação.
  •  A cidade está em constante movimento e a co-presença ensina aos homens a diferença.
  • O objeto se impõe aos homens, mas só ganham sentido a partir das ações sobre ele dos mesmos.
  • A “naturalidade” do objeto – uma mecânica repetitiva – crava no urbano áreas “luminosas”, construídas ao sabor da modernidade e que se justapõem, superpõem e contrapõem ao resto da cidade, onde vivem os pobres, nas zonas “opacas”.
  • As zonas opacas são os espaços do aproximativo e não espaços da exatidão. São espaços inorgânicos, abertos e não espaços racionalizados e racionalizadores, são espaços da lentidão e não da vertigem.
  • Se a velocidade é força, os pobres quase imobilizados na cidade seriam os fracos. Porém,  é exatamente ao contrario.  A força é dos lentos e não dos que detem a velocidade.
  • Os que possuem a velocidade percorrem a cidade esquadrilhando-a, ou seja, vêem pouco a cidade e o mundo. Sua comunhão com a imagem freqüentemente pré-fabricada é sua perdição e seu conforto vem do convívio com essas imagens. São envolvidos por uma teia de racionalidades invasoras e regulamentadoras da vida que eles mesmos ajudam a se reproduzir. Por isso espaços “luminosos” é que são verdadeiramente espaços “opacos”)
  • Os homens lento para quem essas imagens são miragens acabam descobrindo essas fabulações., sendo mais velozes na descoberta do mundo, seu comércio é contraditório e criativo. (p.80)
  • Prático inerte (SARTRE): totalizações do passado criando configurações resistentes na vida social e, segundo Santos, também no espaço.
  • Cada lugar acolhe, através da histórica, seu próprio prático-inerte local, constituídos por uma tecnoesfera (materialidade – necessidade) e uma psicoesfera (não material – liberdade) em devir.
  • Migração: aumente a variedade de sujeitos, do conteúdo prático-inerte, introjetando temporalidade diferentes.
  •  Para os migrantes e os pobres o espaço “inorgânico” é um aliado a ação.
  • Para essa análise falta aperfeiçoar uma metodologia adequada.
  • A psicoesfera pode criar condições sociais para a aceitação da tecnoesfera, assim como, a chegada de uma tecnoesfera cria condições e se rebatem também na psicoesfera.
  •  Um tema possível a ser estudado é a solidariedade na cidade, como um resultado e um acelerador da descoberta, que desarticula o mundo objetivamente articulado não apenas no agravamento da produção da feiúra mas também da beleza.
  •  Nosso esforço deve ser de entender os mecanismos dessa nova solidariedade fundada nos tempos lentos, que é ignorada pela mídia e desafia a perversidade difundida pelos tempos rápidos da competitividade.

Terceira parte: Sistema de Objetos, sistema de ações

11 – Os grandes objetos: sistema de ação e dinâmica espacial

  • Grandes obras (grandes objetos, produto das histórias do homem e da dos lugares).
  • Espaço (reunião dialética entre fixos e fluxos; conjunto contraditório formado pela configuração territorial e por relações sociais e de produção, ou formado por um conjunto de sistema de objetos e sistema de ação).
  • Os fixos são cada vez mais artificial e fixados no solo, e os fluxos são mais diversos, amplos, rápidos e numerosos.
  • No começo da história do homem a configuração territorial é simplesmente o conjunto dos complexos naturais. À medida que a história vai se fazendo, a configuração territorial é dada cada vez mais pelas obras dos homens, tendendo a negação da natureza natural e ascensão de uma natureza humanizada.
  • De um lado os sistemas de objetos condicionam a forma como se dão as ações, e os sistemas de ação levam a criação de novos objetos ou realiza-se sobre objetos preexistentes. É assim que o espaço encontra sua dinâmica e se transforma.
  • Através da presença de objetos técnicos o espaço é marcado, transformando também seu conteúdo – passa a ser extremamente técnico.
  • Os objetos técnicos se definem primeiramente pela sua ubiquidade e universalidade e suas tendência a unificação. Os sistemas técnicos dominantes, aqueles que servem aos atores hegemônicos, tendem a ter a mesma composição em todos os lugares. Antes os sistemas técnicos podiam ser diversos segundo os lugares e ter uma multiplicidade de comandos.
  • Atualmente, os objetos sistemas técnicos exigem cada vez mais uma unidade de comando. Como um sistema técnico funcionam em uníssono com os sistemas de ação, isso pode ajudar a entender como as regiões periféricas de um país vão inserir-se na vida nacional.
  • Os objetos são criados com intencionalidades precisas. Da mesma forma os objetos são localizados de forma adequada para que eles obtenham os resultados esperados. Hoje, os objetos já não nos obdecem, pois obdecem logicas estranhas – nova fonte de alienação.
  • Esses novos objetos exigem discurso e são dotados de uma enorme capacidade de invasão. Eles são as correias de transmissão dos objetivos dos atores hegemônicos, não podem ser utilizados de forma adequada pelos atores não-hegemônicos senão de forma passiva, por isso ganham um papel subalterno na sociedade. A forma ativa é cada vez mais reserva a alguns.
  • As cidades, mesmo a do interior, acolhem um grande número de tradutores, pessoas treinadas para ler sistemas técnicos e utilizar objetos técnicos. Normalmente esses atores possuem apenas um conhecimento parcial, técnico do que fazem.
  • As interações desses objetos independem das forças presentes no lugar onde se instalam.
  • Os objetos técnicos funcionam com base em informações que recebem do centro de comando. Essa é a problemática regional da Amazônia, que de supetão recebe objetos imensos, cheia de intencionalidades estranhas, datados de uma força que jamais se viu, a serviço do que não está aqui.
  • Nas regiões onde os sistemas de objetos e ação são mais densos, ai esta o centro do poder. As outras regiões são do fazer (cada fez mais do fazer para os outros), sede da dependência e da incapacidade de dirigir a si mesmo, de reger.
  • Nossa impotência relativa deve-se, em parte, a mudança de definição do conteúdo funcional das regiões. Antes, os diversos elementos de uma área se relacionavam, e sua unidade se dava por trocas de energia. Hoje eles entram em relação em função de uma organização, que lhe é cada vez mais estranha. Antes a organização da vida era local, próxima ao homem, e sua razão era a própria vida. Hoje essa organização é longínqua e possui uma racionalidade sem razão.
  • Nas regiões onde a densidade técnica é menor, como é o caso da Amazônia, será desejável aumenta-la, aumentando também a densidade informacional; essa pode permitir descobrir os caminhos possíveis para harmonizar os interesses locais com os vetores da modernidade.
  • Os objetos obedecem a quem tem poder de comanda-lo. A informação não é geral e sim especializada e comandada por poucos.
  • Quanto aplicada a produção, governada por interesses estranhos à área, a informação é geradora de uma entropia, uma desorganização.
  • Entre o que somos e o que desejamos ser, entre os impasses atuais e as possibilidades e esperanças, jamais o homem e a região necessitaram tanto do conhecimento.
  • Cada lugar é o mundo. Conhecendo os mecanismos do mundo, percebemos por que as intencionalidades estranhas vem instar-se em um dado lugar e nos aramamos para sugerir o que fazer no interesse social.
  • Hoje o discurso político só é eficaz na medida em que é instruído pelo discurso acadêmico.

Quarta parte: o meio técnico-científico-informacional

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