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O CONCEITO DE REGIÃO

Por:   •  31/1/2023  •  Projeto de pesquisa  •  2.287 Palavras (10 Páginas)  •  61 Visualizações

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O CONCEITO DE REGIÃO E SUA DISCUSSÃO

  • Seguindo a discussão com o professor Paulo Cesar da Costa Gomes, que é o autor desse texto.

  • Percebemos que ao longo da história da ciência geográfica o conceito de região teve uma variabilidade de emprego, ou seja, uma variedade de ocupações, além de ter tido uma multiplicidade de objetos de acordo com a investigação e o trabalho científico.

  • Isso não acontece só na Geografia, porque outras ciências também utiliza o conceito de região, A geografia sempre buscou procurar, nos diferentes conceitos de região, as distintas operacionalidades, os diferentes recortes que são criados e principalmente respectivas instrumentalidades alusivas ao conceito. Porque para se utilizar de um conceito necessitamos saber “para que está sendo utilizado esse conceito” ter o cuidado de aplicar um conceito que possa servir para responder a realidade, se aquele conceito não serve para responder a realidade não se pode utilizar.

E DE ONDE VEM O CONCEITO DE REGIÃO?

ALGUNS IMPORTANTES ANTECEDENTES  

  • O conceito de região começou a ser utilizado com maior força na Roma antiga, Na Roma antiga, havia o “Regione”, denominação usada para designar áreas que possuíam uma administração local distintas, mas que estavam subordinadas as regras hegemônicas dos magistrados de Roma.

  • Então havia diferentes regiões, cada ponto do espaço do império romano era uma “Regione”, e cada um desses pontos do império romano e que consequentemente era uma “Regione” tinha também uma administração distinta.
  • Então, a partir daí fica claro uma centralização do poder em um local e a extensão dele sobre uma área de grande diversidade social, cultural e espacial. Também são utilizados outros conceitos, como “spatium” (espaço), representado como contínuo, dispondo os corpos numa determinada ordem ou “provincere” (província), referente a áreas atribuídas ao controle daqueles que haviam submetidos a ordem hegemônica romana.
  • Logo, os mapas na época do império romano são preenchidos pelas nomenclaturas das regiões que representam a extensão espacial do poder central hegemônico, onde os governadores locais dispunham de alguma autonomia, mas submetida a obediência e pagamento de impostos a cidade de Roma.
  • Só a partir do século 3 e 4 é que esse poder começa a perder força, e com essa perda de força é que chegamos na idade média. O marco inicial da idade média é 476 D.C quando o império romano cai e o império otomano conquista Constantinopla.
  • E com o fim do império Romano e início da idade média, começa a ver outra organização espacial diferente do que havia no império romano, começa uma organização espacial ainda mais fragmentada em FEUDOS, além disso, a própria igreja católica (que tinha muita força nessa época) começa a utilizar suas unidades regionais de divisão para sua própria gestão administrativa, uma divisão que perdura até os dias de hoje, que são chamadas de dioceses, paróquias etc.
  • Chegamos a um período muito importante no texto que é a ascensão e o surgimento do Estado moderno, já no século 16, que trouxe a tona a questão das unidade regionais, discutindo sobre as uniões regionais face a um inimigo comercial, cultural ou militar exterior, uma vez que esta organização auxiliava a entender as diversas negociações, conflitos acerca da autonomia do poder, da cultura, atividades produtivas e limites territoriais, numa relação entre centralização, uniformização administrativa e diversidade física, cultural, econômica e política, com toda esta discussão servindo para fortalecer a formação dos Estados-Modernos.
  • Esse conceito de região tem relação direta com as próprias dinâmicas do estado, com as próprias organizações culturais com as diversidades espacial. Além disso, o debate sobre a região possui relação com o debate de outros conceitos como: autonomia, soberania, direitos, e a geografia sem dúvidas nenhuma é um campo privilegiado para a discussão, no final das contas a região é um dos 5 grandes conceitos da geografia, junto com espaço, território, paisagem e lugar.
  • Aí começa a ver uma discussão mais acadêmica de região, principalmente a partir do século 18 e no caso da geografia principalmente no século 19,

OS DIVERSOS DOMINIOS DA NOÇÃO DE REGIÃO

  • E a região como texto destaca, sempre esteve associada a conceitos de localização e extensão, delimitando fatos, fenômenos, diversidade espacial.
  • Assim a região acaba caracterizando um conjunto de área onde há o domínio de determinadas características que distingue aquela área das demais (a região mais pobre de uma cidade).

  • Outro ponto importante é que outras ciências também possui uma noção de região, como a Matemática, Biologia, Geologia, só que o domínio regional nessas áreas elas são delimitadas de forma diferente da geografia. Na Geografia, o domínio da região é mais complexo.

  • A geografia já começou a utilizar esse conceito (embora a geografia tenha sido instituída como ciência no século 19) ainda antes, usando autores como Lyell, na Inglaterra e Beaumont, na França, que aplicaram o discurso regional nos aspectos geológicos, mostrando que havia diferentes pontos do espaço geográfico que era diferenciados a partir da formação geológica, a partir da formação do relevo, a partir da formação da estrutura do solo. Chamando isso de REGIÃO NATURAL.
  • La blache que foi um grande geografo regional francês (e é considerando por muitos o pai do estudo regional na geografia) ele começa a relacionar essa questão das regiões a partir dessas características físicas e sociais que poderiam diferenciar uma área de outra.  
  • Outros estudiosos, autores como GALLOUS (1908) FÉBVRE (1922), eles começam também a utilizar essa discursão regional a fim de diferenciar os diferentes pontos do espaço geográfico, a partir de características físicas etc.
  • Então fica muito claro que características físico-naturais (os componentes físico-naturais são relevo, hidrografia, clima, geologia, solo, vegetação.) também poderiam servir como diferenciação regional. Então, tanto La Blache, Gallous e Fébvre começam a utilizar isso como possibilidades que a natureza tinha de moldar o gênero de vida, de moldar classificações sociais.
  • Embora tenha essas diferenças naturais, sabemos que a região natural em si só não consegue explicar tudo, tem que ter uma articulação (segundo até esses autores) entre os aspectos naturais com os aspectos humanos e essa articulação dos aspectos naturais e humanos leva a noção de região geográfica. Levando em conta que para diferenciar uma região de outra tem que características populacionais, econômicas, naturais, climática etc.
  • Então para que a descrição seja efetivamente realizada para caracterizar a região, deve-se desenvolver um método que realize esta caracterização regional, se tornando a característica da “escola francesa da geografia”, sendo predominante na primeira metade do século 20 e influenciando em outros países.
  • Claro que não foi somente a França que fazia isso, 2 grandes autores que também utilizaram o método geográfico regional de forma bastante semelhante e que não eram franceses, o alemão HETTNER ainda no século 19, e já na metade do século 20 o geografo americano RICHARD HARTSHONE, ambos diferenciava a ciência geográfica e a compreensão dela em dois grandes caminhos – IDIOGRAFICAS (ciência do homem, tratando de fatos não repetitivos, não reprodutivos, tratando aspectos particulares) NOMATÉTICAS (Ciência naturais, explicando fatos regulares, gerais).
  • E, para Hettner, a Geografia era uma ciência IDIOGRÁFICAS, e a região portanto, representava as diferenças e particularidades de cada ponto da superfície terrestre, buscando, além de descrever estas diferentes paisagens, interpretar estas diferentes formas a partir de uma dinâmica complexa, não estabelecendo uma regra geral.
  • Assim, o princípio da diferenciação de áreas conduz o conhecimento regional e não havendo dicotomia entre geografia geral e particular, pois simplesmente a região é que já caracterizava todo estudo geográfico, o caminho é utilizar região, utilizar essas diferenciações entre áreas, a partir de características sociais e naturais. Ou seja, HETTNER e  HARTSHONE de certo modo consolidam os estudos regionais de LA BLACHE.
  • Porém, o HARTSHONE se diferenciava dos franceses, avançava, pelo fado do mesmo acreditar que a região não é uma realidade evidente, ou seja, não é uma realidade que apenas pela descrição (que La Blache privilegiava muito as descrições e as monografias regionais) que se compreendia a região, precisava observar, mas também viver a região, instalar na região, fazer pesquisas de campo, estar envolvido na região.
  • HETTNER e principalmente HARTSHONE, traz um grande elemento para ciência geográfica, que são os trabalhos de campo, e principalmente compreendendo que a geografia tinha essa combinação natural / social , isso é muito importante, e que as regiões embora, possuíssem aspectos genéricos dentro das mesmas, não aceitavam meras generalizações, por isso que ele coloca que não era simplesmente separar uma área de outra no espaço, mas compreender “os porquês”, daquela área ser diferente. Esse foi o grande caminho que Hastshone deixa de legado.
  • Só que essa REGIONALIZAÇÃO na geografia clássica, começa a ser questionada principalmente após a segunda guerra mundial, porque após a guerra a geografia começa a buscar um caminho que a torne mais CIENTIFICA, ela começa a ser questionada se é verdadeiramente cientifica, se realmente ela tem caráter cientifico, então, muitos começam a questionar se essa geografia regional, se era realmente cientifica. O método científico começa a ser questionado dentro desse contexto regional, porque era um método muito subjetivo. Então, se tem um movimento de buscar um método mais objetivo, específico, um método científico que fosse UNIVERSAL e GERAL, que não fosse particularizado e principalmente que esse método pudesse ser realizado da mesma forma em qualquer ponto do espaço geográfico.
  • Essas questões se torna uma grande polemica entre a Geografia Clássica, que os franceses e os autores Hattner e Hartshone tentavam entender as particularidades das áreas e os Geógrafos da Geografia Quantitativa, Pragmática, teorética ou Nova Geografia, tentavam promover um método cientifico ÚNIFICADO. 
  • Então a região passa a ser um meio e não mais um produto, com múltiplas possibilidades de variabilidade das divisões regionais, dependendo de onde quer chegar, qual objetivo quer atingir e, o fato particular, o único ou excepcional não é do domínio da ciência, a partir desta perspectiva, num conjunto de regras chamado de “análise regional”
  • E essa famosa “análise regional” que a geografia quantitativa começa a utilizar, leva em conta uma classificação GERAL, esses critérios particulares são questionados, porque os critérios subjetivos não levavam em consideração a rigorosidade que a ciência necessitava. Então muitos chamam essa geografia quantitativa de “nova geografia” ou “Geografia Neopositivista”, sabemos que o grande lema do positivismo (que foi uma escola francesa do Auguste Comte ainda no século 19) era ORDEM E PROGRESSO, ou seja, tudo tinha que ser ordenado, alinhado, para chegar no progresso, ou em algum lugar.
  • Então isso estar de volta na geografia na década de 1950, afinal, isso foi utilizado pela geografia lá no começo da ciência geográfica, no final do século 19 por autores como RATZEL, principalmente na geografia alemã. Isso volta para a geografia principalmente para delimitar as áreas diferenciadas, a partir de um critério que funcione ÚNICO e ESTATISTICAMENTE MENSURÁVEL, ESTATISTICAMENTE POSSIVEL de ser observado por qualquer pessoa, em qualquer ponto de espaço.
  • Além disso, outra coisa que também passa a existir nas regiões são as regiões homogêneas que são essas questões estatísticas e as regiões polarizadas/funcionais que são feitas a partir de hierarquias, inclusive, esse estudo de região polarizada ainda existe até hoje no Brasil, que são chamada de cidades polo (são cidades do interior distantes das grandes capitais que se destacam dentre os demais núcleos urbanos menores e exercem grande influência em seu entorno.)  
  • Esse tipo de hierarquia utilizado ainda no Brasil, só que esse tipo de hierarquia, embora parecesse bastante funcional ele não consegue explicar de forma completa a realidade, tanto que isso passa a ser questionado pela GEOGRAFIA CRÍTICA.
  • A GEOGRAFIA CRÍTICA, começa a questionar que essas divisões regionais colaboram com produção de um desenvolvimento desigual, mantem o status social, mantém as desigualdades capitalistas e não luta para diminuir ou até acabar com essas desigualdades.
  • A Geografia crítica começa a buscar diferenciar regiões a partir da divisão territorial do trabalho, e qualquer outra divisão regional que não leve em conta estes fatores, servirá apenas para esconder as contradições espaciais nas classes sociais em sua luta pelo espaço.
  • Apesar das críticas no formato de divisão espacial e ao conteúdo dela, a corrente crítica reconhece a região como um processo de classificação espacial.
  • Além disso, a própria geografia crítica tenta aproximar REGIÃO E O CONCEITO DE ECONOMIA POLÍTICA MARXISTA, ou seja, que a formação socioespacial nada mais é do que as descrições existentes dentro do espaço geográfico, de fatores capitalistas que levavam determinadas área a ter serviços e outras áreas que não têm serviços, e para muitos isso é uma diferenciação regional.
  • Também no contexto da geografia crítica, surge outra corrente, denominada HUMANISTA, GEOGRAFIA CULTURAL, a qual resgata a importância da região como referência fundamental na sociedade, dado os sentimentos de pertencimento, de um espaço vivido, pois define um código social comum que possui uma base territorial, sendo vista como um produto real, onde, para entender a região, é necessário viver a região.
  • É importante frisar que os estudos SIGULARES E PARTICULARES, só pode ser feito com o contato prolongado com a realidade, que era justamente o que o HATTNER, HARTSHONE E de certa medida LA BLACHE falava. Mas principalmente Hastshone que para se compreender uma região teria estar na região e a GEOGRAFIA CULTURAL fala de sentimentos, de vivencias e no caso de outras abordagens da geografia é realizar atividades em campo.
  • Isso não tão simples de ser feito, no atual momento “globalizado” é muito difícil fazer uma aparente classificação hierarquia, uma aparente classificação de diferenciações entre sociedades, entre questões naturais, porque a própria globalização vende o discurso do fim da região “o mundo sem fronteiras”. Mas sabemos que isso não existe, existe conflitos e diferenciações espaciais que não foram superados pela globalização, que há interesses locais que se contrapõem a interesses nacionais, que há diferenças socioeconômicas dentro do mesmo estado, existe esses regionalismo e diferenças dentro do próprio estado.                  

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