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A Bíblia do hebraico ao latim

Por:   •  3/4/2015  •  Artigo  •  2.480 Palavras (10 Páginas)  •  270 Visualizações

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Capitulo I: A Bíblia do hebraico ao latim

  1. A formação da bíblia hebraica

O processo de formação literária da Bíblia Hebraica foi lendo e se estendeu por mais de três mil anos[1]. Segundo Gottwald[2], sua formação pode ser divisível em três etapas. Mas, para esse passo de nosso trabalho, apenas duas apresentam-se como pertinentes, que são: etapas de formação orais e escritas.

A Bíblia Hebraica é o resultado do agrupamento e combinação de unidades literárias separadas, essas junções foram posteriormente tratadas como literatura sagrada[3]. Acredita-se que poucos livros na Bíblia Hebraica foram criados como unidades simples, ou seja, escritos por um único autor. A grande maioria dos livros bíblicos oferece indícios de provirem de autorias distintas, também, supõem-se que em alguns casos, um autor escreveu seu texto a partir de outras fontes, como as fontes orais existentes no período. Em outros casos, como cita Gottwald, um núcleo literário primitivo foi completado com inserções ou blocos menores de material de natureza literária ou temática aparentada[4].

As trajetórias de crescimento do livro bíblico desenvolveram-se e modificaram-se diversas vezes tanto nos conteúdos como na estrutura, além disso, em sua trajetória, estamos levando em consideração, não só o trabalho único e sucessivo do texto, mas desenvolvimentos simultâneos do texto. Ou seja, havia muitas mãos agindo sobre os textos bíblicos e que nem sempre, esses múltiplos processos estavam intimamente ligados.

A influência da tradição oral na formação da Bíblia Hebraica direta ou indiretamente contribuiu para a sua estrutura literária, como já foi apontado anteriormente. As formas orais estavam presentes em esferas da vida particular dos povos pré-letrado, tinham a mesma estrutura verbal e tratavam de uma série habitual de situações da vida cotidiana. O mais provável, que tenha acontecido com muitas dessas narrativas orais, é que a escrita ocorreu para padronizar a recitação oral de uma determinada narrativa[5] ou para conservar as amostras de uma forma literária antes de seu desaparecimento.

Mas, devemos pensar quando essas tradições orais tomaram a forma literária da Bíblia Hebraica? Segundo estudos realizados por J. Wellhausen e sua escola (Prolegomena Zur Geschichte Israel), no fim do século XIX, comprovaram-se a existência de pelo menos quatro tipos de tradições literárias.

As fontes literárias identificadas são conhecidas como [J], [E] [D] e [P], elas teriam sido escritas em épocas diferentes, em lugares e por pessoas diferentes. Essas fontes são:

  • Javista[6] – sigla [J] – situada entre os séculos X e IX a.C., é considerada a fonte mais antiga. Não se sabe o nome do escritor, mas é denominado como javista ou escritor J, ele provavelmente escrevia em Judá e procurou ressaltar o papel central da tribo. Portanto, o [J] símbolo utilizado para denominar essa fonte literária, possui dupla conotação, primeiro por denominar Deus como Jahweh e, segundo por se situar em Judá. Podemos identificar esta fonte nos Livros de Gênesis, Êxodo e Números, ou seja, em alguns livros do Pentateuco.
  • Eloísta[7] – sigla [E] – situada entre os séculos IX-VIII a.C., o autor dessa fonte não é conhecido, mas foi denominado Eloísta ou escritor E, possivelmente vivia em Israel do norte, todo esse reino era chamado de Efraim. Portanto, do mesmo modo que [J] pode representar Jahweh ou Judá, o [E] pode representar Eloim ou Efraim. Um das características desse relato é que Deus não fala diretamente com o homem, em vez disso, ele se comunica através de mediadores (“anjos” ou “sonhos”). Do mesmo modo de [J], a fonte Eloísta pode ser identificada no Pentateuco, nos Livros de Gênesis, Êxodo e Números, ou seja, em alguns livros do Pentateuco.
  • Deuteronomística – sigla [D] – possivelmente está situada no século VII a.C., como as outras fontes acima, seus possíveis autores são desconhecidos. Suas tradições foram conservadas e um século depois (VI a.C.), a tradição deuteronômica veio à tona por causa de uma reforma do reino de Judá. Essa fonte abarca um período da história de Israel, desde a entrada na Palestina até o início do exílio Babilônico. Pode ser identifica em Josué e Juízes.
  • Sacerdotal – sigla [P] – situada entre os séculos VI-V a.C., em um período conhecido como exílio, seu autor é conhecido como Sacerdotal ou como P. Nessa fonte não há referencia a Deus entrando em contato com seres humanos de modo nenhum. No entanto, há interesse em leis, datas e medidas não encontradas em outras fontes, este escrito está interessado em completar as antigas tradições. Pode ser identificada do Gênesis a Números.

Essa teoria, sobre as fontes literárias, foi aceita pela comunidade cristã em 1956, com a primeira edição da Bíblia de Jerusalém. Foi uma forma convincente de explicar a criação da Bíblia Hebraica e, por isso é utilizada por pesquisadores e professores de religião[8] para entender esse processo.

  1. O livro hebraico do Gênesis:

Entre os cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Pentateuco, constam o Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Entre esses livros, escolhemos trabalhar em nossa pesquisa, com o primeiro deles, o Gênesis. Portanto, dada a importância desse livro em nossa análise, nada mais justo do que estender nossa investigação e apontar algumas características da formação do Gênesis. O livro conta como seu próprio nome indica as “origens do mundo” e as tradições a respeito “dos ancestrais do povo de Israel”, ou seja, relata diversos episódios da vida dos patriarcas[9].

Como foi dito anteriormente, a bíblia foi escrita por diversas mãos e possui diferentes gêneros literários e fontes. Entre as fontes descritas no item anterior, podemos identificar no Gênesis três deles, a fonte Javista, a Eloísta e a Sacerdotal. Também, temos a confluência de gêneros literários distintos, elementos mitológicos e lendários.

O Gênesis divide-se em duas partes, sendo a primeira a história primitiva, ou seja, a origem. Nessa primeira parte do Gênesis temos a origens do mundo, com a dupla[10] narração da criação do universo e do homem; temos também o relato do pecado original e suas conseqüências. A partir daí começa os descendentes de Adão, o pecado com o dilúvio e a salvação de Noé e seus familiares; e por fim, a torre de Babel. Na segunda parte, é contada a história patriarcal, cujas narrativas vão ressaltar os ciclos, que são: Origens (caps. I-II), com a dupla narração da criação; Caim e Abel e os descendentes de Adão; o pecado com o dilúvio e a salvação de Noé e seus familiares; a torre de Babel. Na segunda parte do Gênesis, temos a história patriarcal, que visa à salvação da humanidade por meio de um homem (Abraão), essa segunda parte se divide em:

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