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A Concepção Iorubá da Personalidade Humana

Por:   •  4/5/2017  •  Resenha  •  1.289 Palavras (6 Páginas)  •  666 Visualizações

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Wande Abimbọla é nigeriano e nasceu em 26 de junho de 1932, é acadêmico e professor de língua yoruba e literatura e antigo vice-chanceler da Universidade de Ifé (agora Obafemi Awolowo University). Atuou como o líder da maioria no Senado da República Federal da Nigéria. Recebeu seu primeiro diploma em História pela Universidade de Ibadan, em 1963, seu mestrado em linguística da Northwestern University, Evanston (Illinois) em 1966, e Ph.D. em literatura yoruba da Universidade de Lagos em 1971. Abimbola foi o primeiro PhD graduado pela Universidade de Lagos. Tornou-se Professor Titular em 1976. Sua formação acadêmica é muito enraizada nas tradições orais. Ele era um aprendiz entoando Ifá e arte oral antes de começar a escolaridade formal. Lecionou em três universidades nigerianas e em diversas universidades norte-americanas, incluindo a Universidade de Indiana, Amherst College, Harvard University, Universidade de Boston, Colgate University, e mais recentemente, na Universidade de Louisville.

Atualmente, os iorubás (um dos maiores grupos étnico-linguísticos da África Ocidental) encontram-se basicamente em três países dessa região: Nigéria – onde é quase toda composta por este grupo –, Daomé e Togo. No ocidente encontram-se ainda na América do Sul, como o estado da Bahia e em Cuba – locais onde a linguagem fora preservada como dialeto ritual e a religião é professada desde o comércio escravo.

Para se compreender a concepção de iorubá é preciso antes entender que este grupo entende a formação do mundo por meio de elementos físicos, humanos e espirituais. Os elementos físicos se dividem em dois planos: ayé (terra, também conhecido como ìsálayé) é o domínio da existência humana, animais, rios, etc; e òrun, local onde habita Olódùmarè (Deus) e também de domínio dos Òrisa, que são as divindades ou representantes de Olódùmarè e dos ancestrais.

De acordo com a mitologia iorubá, há muito tempo atrás ayé e órun eram um local só, separados por um portão. Olódùmarè era, provavelmente, o Deus mais próximo da Terra, porém, quando ocorreu o afastamento de órun e ayé, Olódùmarè acabou por tornar-se um Deus do céu. Quanto aos òrisà, acredita-se que foram para ayé pouco após a sua criação e suas funções na Terra assemelham-se às realizadas no òrun.

Òrìsànlá (deus da criação) era responsável pela modelagem dos seres humanos, enquanto Òrúnmilà ou Ifá (deus da divinação), ficou encarregado com o uso da sabedoria para a interpretação do passado, presente e futuro. Ògún (deus do ferro) ficou responsável pela guerra e façanhas heroicas; Èsù ou Elégbára (o deus da justiça), está encarregado de guardar àse, poder o qual permite agir como um policial onipresente que pune e protege a humanidade, além de realizar acordos com as divindades.

Os iorubás acreditam que os Òrìsà sejam protetores dos seres humanos contra as forças do mal (conhecidas como ajogun), e são os intermediários entre a Terra e Olódùmaré. Porém, sua proteção é válida apenas para os que seguem a moral e levam uma vida justa e honesta, punindo, assim, aqueles que praticam o mal.

Quanto aos ancestrais – ou òkú-òrun, como são chamados coletivamente –, de acordo com a crença, encontram-se no òrun. Para os iorubás, a vida acontece de dois modos: uma, no nível de existência no ayé e um outro nível de existência no òrun. Ao passar de um nível de existência para outro, o homem que fazer por merecimento adquire grande poder e autoridade e torna-se um òrìsà para sua família ou linhagem. Estes ancestrais protegem dos ajogun (forças do mal) e agem como intercessores entre os homens e os òrisà.

Diferente dos òrìsà e dos ancestrais, as feiticeiras ou àjé, iyàmi ou eleye, - que acreditam viver no ayé – são inimigas da humanidade, pois, de acordo com a crença, sua função, junto com os ajogun no ayé é destruir o trabalho do homem.

A cosmovisão iorubá é baseada em uma ordem hierárquica. No topo está Olódumàrè, em seguida os òrìsà, e, após, estão os ancestrais – todos estes, acredita-se, encontram-se no òrun. Já na terra, o poder do oba (rei) é supremo sobre seus subalternos. O rei maior dos iorubas, um provável descendente de Odùduwà, possui autoridade divina e são assessorados por uma sociedade corporativa, de chefes de vilas e cidades, que são, por sua vez, assessorados por chefes de linhagem e famílias. Estes últimos tomam decisões de acordo com a aprovação dos àgbà, que são aqueles mais idosos da linhagem familiar. Quanto aos jovens e crianças, estes não possuem autoridade e morrem antes de tornarem-se um àgbà, portanto não podem ser cultuados como ancestrais.

Ainda de acordo com a cosmovisão dos iorubás, a personalidade humana possui dois elementos principais – físico e espiritual. O elemento físico (ara ou corpo) é criação de Òrìsàńlá (o deus da criação), portanto, responsável pela beleza, feitura, deformidades, etc. De acordo com a tradição iorubá, os filhos nascidos com deformidades são reconhecidos como eni-òrìsà (parentes do deus da criação). Estes são entregues ao alto sacerdote de Òrìsàńlà, que carrega o título de Abòrìsà, para tomar conta destas e usá-las como serviçais para serviços religiosos e domésticos. Não lhes são designadas funções de chefes de família, chefes de cidades, ou oba (rei). Quando morrem não podem ser cultuados como

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