Aculturação Indígena

o fenomeno da aculturação indigena deve ser compreendido através da antropologia e da historia. Os aborígenes, a partir de seu contato com os europeus, nos tempos da colonização da América, iniciaram um processo de descaracterização étnica ocasionando a perda da cultura original e identidade dos povos ameríndios. Tal concepção levou a muitos autores acreditarem na aculturação dos índios, para eles isto significa que os índios tiveram sua cultura esvaziada pela ação colonizadora europeia, que provocou a desconsideração destes povos como índios puros, e, portanto, a partir do contato com os europeus os índios não poderiam mais ser considerados índios verdadeiros, pois o processo de aculturação havia se instalado. Há autores, entretanto, que divergem de tal pensamento, um exemplo é Natan Watchel (1988), que afirma que o processo de aculturação não enseja uma descaracterização étnica total, mas na verdade, dada uma nova realidade imposta, há a ressignificação de valores culturais, ou seja, com a colonização europeia os índios não sofreriam um processo total de descaracterização, mas haveria no processo uma descaracterização de valores para os novos valores serem impostos.

Já outros autores, ainda apresentam outras opiniões, é o exemplo de Maria Regina Celestina Almeida, que critica a visão imposta por alguns antropólogos de que os índios, a partir da colonização europeia, se tornam indígenas não verdadeiros e não puros. Maria Regina contesta tal afirmação de que haveria a perda da identidade étnica feita na ótica assimilacionista:

“contrário das expectativas, portanto, não deixaram de ser índios, nem saíram da história. Isso aponta para a possibilidade de estarmos diante da recriação de identidades, cultura e histórias desses índios aldeados a partir de suas necessidades novas vivenciadas na experiência cotidiana das relações com novos grupos étnicos e sociais no mundo colonial.”

(ALMEIDA, p.25, 2003).”

O fenômeno aculturativo assume modalidades distintas entre si, que ocorrem, em parte, devido às diversas formas de contato dos índios com os brancos, desta forma o modo de contato influenciará diversas características do processo de aculturamento, refletindo diferentes consequências. As formas de dominação e exploração também assumem modalidades divergentes. (Shaden, 1969).

No processo do aculturamento, há reflexos psicológicos sobre os indivíduos marginalizados. A crise da personalidade se efetiva no momento em que o índio inicia a comparação dos seus antepassados com o olhar cultural do homem branco, podendo fazer isso até mesmo de forma preconceituosa, chegando a desprezar alguns de seus hábitos originais, como por exemplo algumas comidas indígenas, a nudez, o que acarreta ao individuo marginalizado uma personalidade insegura, dúbia e ambivalente. ( Shaden, 1969).

As consequências da aculturação indígena é uma maior inserção dos índios na sociedade, é o exemplo dos Terêna, Tribo Aruák, do sul de Mato Grosso, e os Kayouva-Guaraní, que são índios bastante aculturados e são absorvidos pela sociedade branca, principalmente, pela atividade econômica. Quando há desorganização social dentro das tribos, ocorre uma volta aos princípios religiosos de seus antepassados, que é o valor que mais representa a identidade indígena.( Shaden, 1969).  

A religião, portanto, é a melhor alternativa para evitar o processo de aculturamento indígena, porém, não é suficiente, pois as relações com a sociedade branca se desenvolvem ao longo do tempo. Assim, não se pode concluir que o aculturamento seja mal para os índios, pois estes precisam de suporte para se relacionar com a sociedade, entretanto, o aculturamento deve respeitar de forma digna os valores indígenas.