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Análise do processo de tombamento do Mosteiro da Luz

Por:   •  15/3/2019  •  Trabalho acadêmico  •  3.384 Palavras (14 Páginas)  •  175 Visualizações

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Contextualizando o Mosteiro da Luz

No meio da Avenida Tiradentes, se encontra um dos remanescentes da cultura colonial que guarda muita história, e que acima de tudo, ainda não houve quem pudesse desmistificar por completo. Neste local, também chamado de Complexo da Luz, circulam pessoas com interesses dos mais diversos possíveis, por abrigar basicamente em seu interior: uma igreja, um mosteiro e um museu de arte sacra.

A história que conhecemos a respeito do Complexo é incompleta, inexata e pouco estudada. Sendo que a maior parte das informações, que se é possível ter acesso, são dadas pela própria Igreja. Os poucos historiadores e arquitetos que se aventuram nesse campo, deparam-se com muitas lacunas, que talvez nunca sejam preenchidas. Em variadas fontes e autores, acham-se pequenos fragmentos de informações, que torna o desejo de contar essa história um árduo trabalho, além de um exercício de paciência. E para inicia-lo se faz necessário averiguar como o culto da santa que dá nome a esse local, chegou em nossas terras e como deu-se a implantação desse complexo arquitetônico.

Para tal, usaremos o modelo de estudos usado pelos arquitetos J. Katinsky, T. Pielesz e H. Silva, que discorrem sobre as mudanças ocorridas nesse conjunto arquitetônico ao longo dos anos. Em suas pesquisas, eles se utilizam de um modelo explicativo dividido em três fases: 1) Fundação da Igreja Nossa Senhora da Luz; 2) A Igreja aos cuidados do Frei Galvão e 3) Mudanças na Tipologia do Edifício.

A imagem de Nossa Senhora da Luz, amplamente cultuada em Portugal, foi trazida ao Brasil por Domingos Luís e sua mulher Ana Camacho. Na Fase I, segundo os ditos autores, a primeira vez que se registra uma a existência da Igreja da Luz, dataria de 1579, numa carta do Padre Anchieta (1534-1597) endereçada ao capitão Jerônimo Leitão Coco, no qual se dizia que Domingos estava acabando a construção da Igreja, para abrigar a “preciosa imagem policromada de barro cozido”, e que o padre já havia rezado missa neste local, em uma região conhecida por Piranga – que alguns consideram ser o nome para a região de Pinheiros, e outros, que seria a atual região do Ipiranga.

Cerca de um pouco mais de vinte anos depois, em 1600, Domingos Luís e Ana Camacho transferem a sede da Igreja e a imagem de Nossa Senhora da Luz para a região norte do Anhangabaú conhecida como Guaré. E não se sabe ao certo, qual a aparência desse edifício.

Por volta de 1729, Felipe Cardoso (que seria um parente/descendente de Domingos Luís), constituiu os monges beneditinos como administradores da capela. Neste período a capela teria ficado bastante abandonada e vendo o descuido dos monges, Cardoso assumiu os cuidados da igreja e realizou algumas modificações em sua estrutura que envolveria a implantação de uma horta e a elevação de um frontispício.

Com a morte de Felipe, a igreja sofre um longo período de descuido e degradação. E só entre 1765-1774, o capitão geral da província D. Luís Antônio de Souza Botelho, ciente da existência da antiga igreja, que encontrava-se em ruínas, expediu uma ordem para que a mesma fosse restaurada, bem como a criação de outras pequenas construções ao redor, para se celebrar a festa de Nossa Senhora dos Prazeres.

Filho do português Antônio Galvão e de Isabel Leite Barros, natural de Pindamonhangaba – SP, Frei Antônio de Sant’Anna Galvão nasceu em 10 de maio de 1739 na cidade de Guaratinguetá. Oriundo de uma família extremamente católica, aos 13 anos foi enviado ao Seminário de padres jesuítas na Bahia. Em 1760, após concluir seus estudos, entrou na Província Franciscana da Imaculada Conceição no RJ. Em julho de 1762 foi ordenado sacerdote e transferido para o Convento de São Francisco em São Paulo.

No convento, foi procurado pela carmelita Madre Helena do Espírito Santo, que alegava ter visões mandadas por Jesus, que diziam que deveria ser construído mais uma casa contemplativa em São Paulo. É a partir dessa ideia, que envia para Câmara ofícios em 1773-1774 para a instalação de um Convento. E após ter sido autorizado, foram realizadas reformas gerais no edifício: ampliação de espaços internos, abertura de portas, reforço nas paredes, um novo frontispício, entre outras. Mas o mais importante foram os cômodos novos para a inauguração do Convento de Nossa Senhora de Conceição da Luz da Divina Providência. Todo esse desenrolar de acontecimentos, se enquadram na Segunda Fase.

Frei Galvão vem a falecer em 1822 e as obras no edifício seguem aos cuidados de Frei Lucas por bons anos. E o acesso à Igreja passa a ser feito pelo antigo caminho da Luz em direção ao rio Tamanduateí (atual Avenida Tiradentes). A entrada antiga está atualmente nos jardins do mosteiro e seu acesso é terminantemente restrito.

A Fase III é marcada pela narração de mais alterações físico estruturais. Parte das terras do Recolhimento da Luz é vendida pelo Marquês de Itu, em finais do XIX, sendo construídas em seu lugar, quartéis policiais que estão em atividade até os dias de hoje.

Depois de 1943, com o tombamento realizado pelo SPHAN, as intervenções no edifício serão realizadas de acordo com as orientações do órgão, se houver seu consentimento. Avançando um pouco mais no tempo, apenas a título de resumir a periodização, em 1970 a ala mais antiga passa abrigar o Museu de Arte Sacra; sete anos depois, acontece o tombamento pelo CONDEPHAAT.

Hoje temos no Complexo: o Mosteiro (que era o Convento antes de ser incorporado canonicamente à Ordem da Imaculada Conceição da Luz, em 1929, sendo elevado a esta categoria); a Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Luz, também chamada de Igreja de Frei Galvão, por este ter sido canonizado em 2007 por Bento XVI graças aos milagres a ele atribuídos e pela Igreja confirmados; o túmulo de Frei Galvão e de Frei Lucas no interior da capela; loja de artigos religiosos; sala de distribuição das pílulas de Frei Galvão produzida pelas irmãs concepcionistas; a Barraca das Irmãs que vende pães e doces confeccionados pelas religiosas enclausuradas; o Museu de Arte Sacra e sua exposição permanente de presépios (uma das maiores coleções do mundo).

Do acima exposto, fica muito perceptível as constantes intervenções físicas por diversos agentes antes e depois do tombamento pelo SPHAN na década de 1940. Igualmente fica explícita a necessidade de informações e de uma narrativa realizada por profissionais de história que venham lançar luzes a história do complexo da Luz que não devem ser reduzidas às trocas de portas ou janelas.

O processo de surgimento do SPHAN e o processo de patrimonialização em São Paulo em 1940

Ao analisarmos a história que

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