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As Epistemologias Negras

Por:   •  13/10/2022  •  Ensaio  •  3.019 Palavras (13 Páginas)  •  125 Visualizações

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APRESENTAÇÃO

        O presente trabalho trata-se de uma primeira versão de portifólio de pesquisa, cujo título é “Epistemologias negras: descolonizando e enegrecendo o pensamento” que tem como finalidade sistematizar as principais ideias e concepções teóricas que tangenciam as epistemologias negras, além disso, torna-se objetivo deste trabalho também pode averiguar quais as contribuições e de que maneira o desenvolvimento desta pesquisa pode auxiliar na tarefa e na função da Teoria da História.

De maneira geral, portanto, o trabalho está estruturado da seguinte maneira: abordaremos uma breve apresentação das razões pessoais pelas quais escolhi trabalhar com esta epistemologia em específico; em seguida, trataremos de abordar e estruturar a pergunta norteadora da pesquisa, com a finalidade de tentar oferecer possibilidades de resposta ao final; logo após, irei trabalhar como a o desenvolvimento da epistemologia aqui tratada pode contribuir com o desenvolvimento das minha habilidades, bem como ajudar na consolidação dos meus interesses e experiências; e por fim, faremos um apanhado geral das temáticas aqui tratadas referenciando os principais teóricos usados no encaminhamento desta pesquisa.        

INTRODUÇÃO

Para iniciarmos o debate proposto aqui, cabe inferimos qual sentido estamos atribuindo as principais palavras que compõe o título desta pesquisa, refiro-me aos vocábulos “epistemologia” e “descolonizar”. A partir disso, trataremos inicialmente o vocábulo “epistemologia”, num sentido amplo da produção de saberes e conhecimentos. Neste sentido, Eduardo Oliveira (2009) propõe uma definição de epistemologia

Não compreendo [...] epistéme como conhecimento racional cravejado pela dinâmica civilizatória grega. Tampouco concebo epistemologia como um ramo da filosofia ocidental que se ocupa da questão do conhecimento (uma Teoria do Conhecimento). Não me interessa aqui a briga entre a tradição britânica e francesa em torno do termo. Concebo epistemologia, neste ínterim, como a fonte de produção de signos e significados concernentes ao jogo de sedução que a cultura é capaz de promover. (OLIVEIRA, 2009, p. 2)

Já para Tesser (1995) o campo da epistemologia é considerado um campo científico-filosófico que investiga o próprio rigor da ciência, seus métodos e seu desenvolvimento. Ele afirma ainda que “Podemos considerar a epistemologia como o estudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização, de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de seus produtos intelectuais. A epistemologia é o estudo do conhecimento.” (TESSER, 1995, p. 92). Partindo disso, chegamos à conclusão que a epistemologia tem por função principal rever, em bases racionais os processos teórico-metodológicos da ciência levando em conta uma série de fatos, tais como as óticas de análise político, social e histórico (TESSE, 1995).

Referenciando agora o outro vocábulo que compõe esta pesquisa, isto é, o termo “Descolonizar” que por sua vez é oriunda da palavra “Descolonial”, ambos o sentido, nesta pesquisa, serão tratados como sinônimos.  Partindo disso, entendemos a conceituação da palavra no sentido de pensar todo o conjunto de problemas gerados a partir da nossa sociedade capitalista fundamentada em nosso passado colonial à luz da episteme (e aqui voltamos ao conceito de epistemologia, conforme elucidado anteriormente)  ou da perspectivas dos marginalizados, dominados e subalternizados nessa estrutura social, ou seja, todos aqueles que se encontram a margem do sistema capitalista (ou porque não tratarmos como uma nova roupagem de um colonialismo moderno) e que continuam sendo explorados e tendo as suas dignidades ceifadas por ele. Neste sentido, Monteiro (2021) corrobora com essa definição de “Descolonial” ou ainda “Descolonizar”  

Ao falar em pensamento descolonial, designo um conjunto formado por várias tradições de pensamento que, apesar das peculiaridades geradas pela diferença colonial, possuem dois eixos comuns, a saber, uma teoria crítica e um engajamento político anticolonial/contracolonial, por isso, descolonial. (MONTEIRO, 2021, p. 25)

Com  elucidação dos conceitos referentes a composição temática desta pesquisa, e vislumbrando a epistemologia como o campo de estudo que diagnostica como se dá o processo de produção do conhecimento cientifico, entendo a Descolonização ou a Decolonialidade como uma perspectiva social dos marginalizados, em termos históricos, e é aqui que entra e figura do negro como sujeito que sempre fora oprimido, subalternado e excluídos da formação social, chegamos ao se objetivo geral: elucidar as perspectivas das epistemologias desses sujeitos e seu papel na reconstrução das narrativas dos povos negros e o papel da teoria da história neste cenário.

A partir desse objetivo principal, estrutura-se o seguinte problema de pesquisa: como as perspectivas epistemológicas dos negros podem fundamentar a reconstrução das narrativas históricas do seu povo para além das concepções eurocêntricas de mundo e como a teoria da história para auxiliar neste percurso?

JUSTIFICATIVA

        No que se refere a escolha temática, ela se dá por diversos motivos: o primeiro deles está voltado para minha herança familiar, minha linhagem materna mais especificamente, até onde tenho conhecimento parte de uma ascendência africana. Cresci ouvindo a minha mãe falando, dentro do campo de suas experiências pessoais, como os processos de longa carga histórica dos negros, e aqui inclui-se os processos de colonização, escravização e comercialização desses povos, afetam até hoje todo o grupo étnico.

Minha mãe, uma mulher negra e com pouca instrução até os 27 anos, quando só aí teve a oportunidade de ingressar em uma Universidade, relatava-me sempre todos os impasses que não só ela, bem como todos os seus irmãos (meus tios) sofriam com essa opressão que é mascarada na nossa sociedade. Portanto, a escolha pela temática está quase que puramente voltada para essas questões de ordem pessoal e que se tornam preocupações cada vez mais frequentes para mim.

        Neste sentido, entendo e desenvolvo esta temática no sentido de contribuir com a formação de uma identidade dos meus ancestrais, e logo, minha, fazendo valer o que Rüsen (2007) inferiu em seu texto que

Os sujeitos têm de se orientar historicamente e têm que formar sua identidade para viver – melhor: para poder agir intencionalmente. Orientação histórica da vida humana de dentro (identidade) e para fora (práxis) – afinal é esse o interesse de qualquer pensamento histórico. Ela se torna a lógica (narrativa) própria desse pensamento, a dinâmica de sua realização e, enfim, também suas formas e regulação especificamente cientifica. (RÜSEN, 2007, p. 87)

Com isso, acredito que aqui resida o papel fundamental que a teoria da história desempenha em relação das epistemologias negras: ela auxilia na formação da identidade desses sujeitos, na composição de uma orientação histórica voltada também para uma consciência histórica do seu passado e como esses processos pretéritos são responsáveis pela formação das estruturas de seu presente. A partir disso, podemos retornar ao Rüsen e constatamos, de forma complementar ao já exposto, o papel que a teoria da história desempenha e como ela auxiliar na formação da memória e da identidade do povo negro, sempre remetendo as temáticas de interesses desses sujeitos, como o tráfico transatlântico de negros e negras, o comercio negreiro, os processos de escravização e entre tantos outros que compõe a formação histórica dos negros. Sobre esses interesses de caráter histórico, Rüsen coloca que

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