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Fichamento - História e Memória. LE GOFF, Jaques.

Por:   •  22/4/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.729 Palavras (7 Páginas)  •  452 Visualizações

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Universidade Estadual de Campinas

HH183 - Introdução ao Estudo de História

Prof. Dr. José Alves Neto

Jade Berlingeri - R.A 237256

Campinas, 2019

LE GOFF, J. História e Memória. Campinas: Editora Unicamp, 1990.

Le Goff coloca a historicidade como fundamental na nova epistemologia da segunda metade do século XX:

1.1 O autor caracteriza “historicismo” e historicidade” (1°§ p.23 - 1°§ p.24)

O historicismo acompanha a história do século XIX trazido pelo ideal de progresso e linearidade; por outro lado, a historicidade como legitimação de narrativas promove transformações nos paradigmas historiográficos por reconhecer os “non-événementiel”: “história rural, das mentalidades, da loucura, ou da procura de segurança através das épocas”. (4°§ p.23)

2. Também é advertida a confusão entre ciência histórica e filosofia da história. É ressaltado o fato de que esta última pode, enganosamente, aplicar causas únicas e originais a acontecimentos, deturpando o conhecimento histórico. Contudo, a filosofia e a história não são claramente distinguíveis e nem devem ser separadas no ofício do historiador, argumenta Le Goff. A reflexão teórica é necessária, aqueles que negam a reflexão estão, então, cegos pela filosofia da história.

3. Le Goff alerta as contradições da história, que se manifestam em suas definições e métodos. Ao encontro de Bloch, pontua que essa não é uma ciência do passado ao mesmo modo que diverge de Croce constatando que também não é o conhecimento do presente.prevenção do anacronismo deve vir pelo distanciamento do objeto de estudo, o passado. Contudo, o presente é comumente empregado como seu fim, de modo a realizar a função social do passado, que Le Goff define citando Lucian Febvre: “Organizar o passado em função do presente”, “em função de suas necessidades atuais”.

4. Em parte adiante no texto, o autor insere o tema das fontes históricas, apresentando a visão tradicional de Fustel em 1888 - ratificando a hegemonia das fontes escritas - e depois a contrapondo com a revolução historiográfica do século XX, sobre a qual cita Febvre:

“Faz-se [história] com tudo o que a engenhosidade do historiador permite utilizar para fabricar o seu mel, quando faltam as flores habituais: com palavras, sinais, paisagens e telhas;(...) Em suma, com tudo o que, sendo próprio do homem, dele depende, lhe serve, o exprime, torna significante a sua presença, atividade, gostos e maneiras de ser” (3º§ p.105)

4.1. Le Goff menciona as “zonas silenciosas” da história que são enumeradas por Certeau como "a feitiçaria, a loucura, a festa, a literatura popular, o mundo esquecido do camponês, a Occitânia”. Seriam essas partes da história ignoradas pela historiografia e pela arqueologia tradicionais, cabendo então aos profissionais dessas áreas formar um “inventário dos arquivos do silêncio”, como argumenta o autor.

5. Ao comentar o desenrolar da historiografia desde Heródoto até o século XX, o autor ressalta a separação entre a memória e a história, no que tange ao testemunho e às oralidades herdadas ao longo do tempo - sem, de fato, elidir o relato oral do grupo de possíveis fontes históricas. Sobre isso, cita Tucídides (3°§ p.111) em A Guerra do Peloponeso:

“A minha história terá menos encantos que o mito; mas quem quiser pôr a claro a história do passado e reconhecer no futuro as semelhanças e analogias da condição humana, basta-me que a considere útil”

5.1. Le Goff permeia o debate do tempo de distanciamento necessário para tornar algo objeto de estudo da história ao evocar a questão da contemporaneidade versus arcaicidade dos assuntos abordados pela historiografia. Sobre isso, é citado Tácito em Diálogo dos Oradores, em que o historiador aborda essa questão em sua raiz: a abstração que é o tempo. O autor cita (4°§ p.112):

“Se, de fato, como Cícero escreve no Hortensius, o verdadeiro ano é aquele em que se reproduz exatamente a posição atual do céu e dos astros, compreendendo esse ano doze mil novecentos e cinqüenta e quatro divisões a que chamamos anos, acontece que o nosso Demóstenes, que colocais no passado e considerais velho e antigo, viveu no mesmo ano e, direi mesmo, no mesmo mês que nós"

6. É pontuada a existência de historiadores medievos “detentores de uma lúcida erudição” e classificando o final do século XI e boa parte do XII como “o tempo de uma erudição triunfante”. Contudo, a indiferença à história pelas instituições de ensin, dão razão à concepção de repúdio ao conhecimento histórico que têm-se sobre a escolástica da época, segundo o autor. Guenée é citado (1°§ p. 115) na síntese desse pensamento:

“a Idade Média não representa um hiato na evolução da ciência histórica; pelo contrário, conheceu "a continuidade do esforço histórico"

6.1 A inauguração de uma historiografia desvinculada da religião (fim da Idade Média) e da literatura (século XVI e XVII), desaguou no que o autor descreve como um profundo eclipse da história no XVII protagonizado por antiquados, caracterizando uma separação entre erudição e história, que só seriam reatadas no século XVIII (com a inserção da análise crítica no ofício do historiador).

6.2 Essa ampliação do campo fez surgir uma pretensão de uma “história total”. Para explicá-la, Le Goff faz uma autorreferência, vide 4°§ p.119.

7. A institucionalização da história pela Europa no contexto de formação dos Estados Nacionais deu abertura ao surgimento de duas correntes opostas: a filosofia da história idealista e o ideal erudito positivista.

7.1. Esse último, segundo o autor, “fugia das ideias e bania da história a investigação das causas” (1°§ p.123). Tal ramo positivista da história foi contraposto por Marc Bloch em “Apologia da História e o Ofício do Historiador” e posto em segundo plano no século XX em detrimento de uma História integrada com outras ciências chamadas auxiliares, como menciona Le Goff.

8. Quanto ao papel da disciplina na sociedade, o autor destaca o pensamento marxista e weberiano como os únicos pensamentos coerentes da história

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