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Fichamento "O Homem do Século XVI"

Por:   •  5/3/2020  •  Resenha  •  506 Palavras (3 Páginas)  •  361 Visualizações

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FEBVRE, Lucien. O homem do século XVI. Revista de história, v. 1, n. 1, p. 3-17, 1950.

O autor inicia a conferência saudando a cidade São Paulo, o Brasil de modo geral e enfatizando uma relação amigável entre a historiografia francesa e brasileira. Febvre menciona a Escola dos Annales, cuja fundação ele fez parte, como um exemplo de historiadores interessados em uma História que seja Ciência do Homem. Assim, aponta que para além dos feitos do homem ao longo do tempo – as obras – esse próprio homem também deve ser historicizado, portanto é fundamental conhece-lo.

Febvre evoca o período que ele chama de Renascença, na Europa do século XVI, e as mudanças ocorridas em diversos âmbitos: religioso, político, científico, econômico e social. O historiador defende que os homens, ao invés de serem sempre os mesmos, são mutáveis, frutos de suas épocas. Dessa forma, analisa o sujeito o século XVI, conforme o meio em que estava inserido, contrastando com o modo de vida dos homens no século XX.

Os principais pontos destacados pelo autor são as reformas religiosas, que não significam a exclusão da fé na vida do homem do século XVI, mas sim uma adaptação de um elemento chave para a cultura europeia – o cristianismo –, detalhe bem observado por Febvre. O nomadismo é colocado com uma característica desse homem, perpassando as classes sociais, a partir de um exemplo de camponeses e grupos da corte que necessitavam migrar. Tal característica contrasta profundamente com o urbanismo do século XX, como observa o autor.

Há também a exposição desse homem as mudanças das estações, principalmente ao frio enfrentado no inverno, que por sua vez se difere dos mecanismos de controle de temperatura na contemporaneidade. A noção de tempo também é completamente diferente. No século XVI, não há uma marcação precisa das horas, mas prevalece a orientação baseada na posição do sol. Do mesmo modo, o tempo não era convertido em mercadoria, tal qual a realidade da sociedade capitalista selvagem.

Muito por conta de ainda ser uma ciência cuja sistematização estava no início, não havia universalidade nos sinais matemáticos, o que segundo o autor provocava confusão e também é um argumento de Febvre na diferença entre essa sociedade e a sua, cujas precisões matemáticas estão em todo lugar. Por fim, a importância da audição é outro elemento que compõe a realidade do homem no século XVI. Ouvir era fundamental numa sociedade que cada vez mais se apaixonava pela música, e que também não estava tão acostumada com a leitura tanto como estava acostumada a transmissão oral.

Esses elementos são todos apresentados de modo a marcar as diferenças entre século XVI e o século XX. É perceptível a intencionalidade do historiador, visto que uma tradição historiográfica metódica comumente associava o homem do século XVI ao do século XX, pois caracterizava o primeiro com um ser racional, curioso, apaixonado pelo conhecimento e antropocêntrico. Febvre desconstrói essa ideia mostrando a predominância da mentalidade medieval no sujeito do XVI e da entender que o renascimento foi mais um processo contínuo que uma ruptura profunda.

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