Filosofia

Os Valores e a Educação

Em nossa formação somos levados a cultivar expressões, atitudes e formas

de autorrepresentação, indicando por meio delas nossa procedência,

nossa individualidade e nossas convicções.A esses elementos denominamos valores.

Valores são as coisas que nos definem e com as quais nos apegamos, sentindo-nos seguros com elas, pois estão ligadas ao nosso sentido de ser-no-mundo, representando nossa sensibilidade e afirmação existencial. (ARANHA, 1993) .

o filósofo inglês John Locke, é bem certo considerar que muitos dos nossos valores são construídos a partir das nossas experiências, do que aprendemos ao longo da vida, com as interações no lar, na escola e demais práticas sociais.

Os valores muitas vezes são hierarquizados em conformidade com a sociedade e a cultura, mas quase nunca deixam de ser objeto de alguma reflexão mais crítica.

São múltiplos os valores que compõem a realidade humana, dentre

eles destacamos os estéticos, os éticos, os econômicos, os espirituais etc.,

todos abrangendo a imensa gama da condição humana. (ARANHA, 1993).

A axiologia é a parte da Filosofia que focaliza sistematicamente o tema

dos valores. Surgido no século XIX, o termo tem suas raízes na palavra grega "axion",

que justamente significa "valor".

Conforme nossa educação e vivência, temos apreço ou desprezo pelas coisas, atração ou repulsa por elas. A isso chamamos "juízo de valor".

A moral pode ser entendida como o conjunto de regras e condutas aceitas

e exigidas numa coletividade, visando estabelecer as melhores relações

que favoreçam a convivência harmônica entre os seus integrantes.

O humanismo é uma forma de consciência que eleva o ser humano ao ápice

dos valores, entendendo que sua dignidade e bem-estar são fundamentais

como projeto e finalidade da civilização.

Ao longo das nossas aulas nos referimos a vários valores que representam

de forma apropriada o humanismo defendido pela Filosofia: razão, juízo crítico, cidadania, democracia.

A escola é o espaço privilegiado para a construção desses valores e cabe

ao professor esclarecido oferecer todas as possibilidades para essa construção.

Na formação moral proporcionada pela educação, está a semente de autonomia e criticismo que forma o futuro cidadão.

Aliás, é bem certo afirmar que a moral não nasce com o indivíduo,

mas torna-se sua construção mais significativa, na medida que o leva a buscar

o bem geral e o próprio, sem ater-se à aspereza do individualismo irresponsável. (SEVERINO, 1994).

Etica  e Estética

A ética pode ser entendida como o correto agir. Originalmente o termo grego "ethos" significava tanto modo de ser como ação.

O "ethos", todavia, era sempre entendido como produto do ser racional,

que podendo optar por uma atitude, sempre contemplava o que é correto,

em conformidade com o que já está determinado por suas convicções mais íntimas.

Diferenciamos a moral da ética, justamente por isso: enquanto a moral contempla o outro para ocorrer (no caso, a coletividade do qual se faz parte), a ética surge dos valores mais profundos e autênticos daquele que age. (CHAUI, 2003)

Para alguns filósofos a moral é a semente da atitude correta, a ética é a planta em todo seu vigor.

Dentre os méritos da ética, destacamos sua vocação para a interação crítica

e correta com o mundo, pois a qualidade daquele que é ético, é justamente a ação,ou antes, o "correto agir". (ARANHA, 1993) .

A estética é o sentimento que expõe o universo das afetividades que forma

o homem para além da razão.

Em Filosofia a estética é a disciplina que se aplica ao belo

e suas conceituações, bem como à arte.

Tal como a palavra "ética", o termo "estética" vem do grego "aisthesis"

e significa "capacidade de sentir", indicando a percepção seguida de juízo de valor.

A estética expressa-se na educação, sobretudo, pelas artes.

Por meio da arte os indivíduos superam seu isolamento e criam pontes

que os ligam a outros indivíduos com afinidades semelhantes, muitas vezes estabelecendo diálogos existenciais de profunda significação.

Ezra Pound, poeta norte-americano, defendia que "o artista era a antena

da humanidade", indicando que pela arte as críticas e expressões da humanidade tomavam forma e cumpriam sua função de alertar e ensinar.

O grande educador brasileiro Paulo Freire, gostava do termo "boniteza"

para expressar a vivência plena da educação e a sociedade harmônica e justa

tão almejada.

Com ele temos um novo sentido para a estética enquanto produto da educação, sentido este que deve ser ensinado e valorizado na mais tenra infância, criando um juízo que favoreça o melhor dos indivíduos e da sociedade.

A ética e a estética muitas vezes estreitam seus laços, já que na sensibilidade ocidental o bom e o belo são quase sinônimos: não somos todos capazes de sonhar com um mundo melhor, pleno de justiça e beleza?

Que a partir da educação possamos construir esse mundo de "bonitezas" sonhado por Paulo Freire.

Epistemologia

O termo "epistemologia" surge das palavras gregas "episteme",

que significa "ciência", e "Logia" que significa "estudo", podendo ser definida

como "o estudo da ciência".

Ao que tudo indica, Platão foi o primeiro a utilizar essa expressão considerando o conhecimento como "uma crença verdadeira e justificada", denotando ser o conhecimento o fruto do pensar crítico e sistemático.

A escola é o espaço onde o conhecimento naturalmente se dá, por issoa importância de se entender as dimensões da epistemologia e as contribuiçõesque pode proporcionar. (SAVIANI, 2007) .

Na verdade, todo o educador deveria se preocupar com a natureza do conhecimento, de como este se constrói, em como ele atua na consciênciae como influencia a ação humana.

O conhecimento é o ato de conhecer e também o resultado do que se conhece, ou seja, a bagagem intelectual adquirida e expressa na identidade, nos valores, nas crenças e ações.