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O Julgamento de Sócrates

Por:   •  6/1/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.754 Palavras (12 Páginas)  •  148 Visualizações

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Gabriel de Melo Alves

Matheus Cruz Árias Mendes

Compreendendo Sócrates através do seu julgamento histórico

Rio de Janeiro

2019



Contexto histórico

A abordagem historiográfica acerca da vida de Sócrates, bem como suas ideias transcritas nos livros de Platão, seu discípulo, é de suma importância para a compreensão do pensamento socrático. Dessa forma, faz-se necessário o entendimento não só da cultura grega no contexto histórico de Sócrates, mas também como a economia e outras ramificações importantes das interações sociais eram difundidas

Em primeiro lugar, é valido salientar a transição do pensamento filosófico no contexto de Sócrates. Enquanto os pré-socráticos no momento anterior ao de Sócrates tentavam delimitar primordialmente a concepção humana através do princípio originário (arché1), o período de Sócrates é reconhecido pela filosofia como o momento em que esta atinge seu auge, tratando de pautas envolvendo a política, a vida social, assim como outros elementos constituintes das interações interpessoais vistos na sociedade. Dessa forma, a filosofia evolui ao passo das transformações vivenciadas na Grécia. Além disso, com o advento da filosofia, o rompimento com os mitos e lendas é observado cada vez mais neste período, no qual o questionamento dos deuses é visto muito mais entre as pessoas, especialmente entre os filósofos.

No que se refere a política em Atenas, em conformidade com o desenvolvimento das cidades-estados, a democracia ateniense tornou-se um vetor importante a se ressaltar deste período, tendo em vista a sua importância em preceitos básicos da democracia como participação dos cidadãos, a forma como era discutida as questões na Ágora e os direitos iguais que todos os cidadãos tinham. No entanto, diferentemente das democracias modernas, no qual todos os todos os indivíduos integrantes são considerados cidadãos, independente de sua etnia, gênero ou condição econômica, e podem participar do processo democrático, em Atenas, apenas homens maiores de 21 anos e nascidos em Atenas eram considerados cidadãos e tinham o direito de participar do processo democrático. Portanto, mesmo Atenas sendo berço da democracia, seu sistema vigente era excludente por não permitir que a maior parte da população pudesse


validar se assim fossem seu desejo, decisões que afetaria todo o tecido social e suas individualidades.

Convém frisar também, a relevância das discussões na democracia ateniense, de modo que as discussões do tema eram sempre discutidas nas assembleias. Diferentemente do período anterior à democracia ateniense, no qual as diferenças eram resolvidas com a utilização da violência, neste período, a retórica em decorrência do desenvolvimento da democracia, foi de muita importância ao sistema em vigência, de modo que os cidadãos envolvidos na discussão tentavam sempre convencer seus opositores com a finalidade de suas vontades serem colocadas em prática no corpo social da vida cotidiana das pessoas.

O advento da relevância da oratória corroborou também com o surgimento dos sofistas, que eram mestres em oratória e retórica que percorriam as cidades fornecendo seus ensinamentos e técnicas aos governantes e aos políticos de uma maneira geral. Nesse sentido, os sofistas são imprescindíveis para compreender o período histórico no qual Sócrates se desenvolve, uma vez que esses mestres da retórica ensinavam basicamente os cidadãos a agirem frente à vida política. Dessa forma, é possível equiparar, considerando evidentemente suas diferenças, a escola criada por Confúcio2, sábio chinês que criou sua escola para ensinar os governantes a administram segundo a tradição chinesa vigente em seu período histórico.

Além disso, outra característica deste momento histórico que fomentou a democracia foram as reformas de Sólon e Clístenes, que estabeleceram as primeiras regras democráticas deste período. De acordo com o livro A Iniciação à História da Filosofia dos pré-socráticos a Wittgenstein as mudanças empreendidas por eles “...praticamente introduz as primeiras regras democráticas, chegando até o primeiro governo de Péricles e de Efialtes (462 a.C.). Isso representa concretamente a quebra dos privilégios da oligarquia até então dominante e a progressiva secularização da sociedade”. Nesse sentido, as leis escritas podem ser consideradas um dos aspectos principais do período da democracia ateniense.


No entanto, há por parte de Sócrates uma desconfiança dos valores democráticos. Segundo ele, pelo fato da democracia disponibilizar poderes a um grande número de pessoas, esses indivíduos podem não estar preparados ao ponto de exercer essas funções, uma vez que sendo essas pessoas eleitas ou sorteadas, elas podem não ter a inteligência necessária para uma boa gestão. Em consonância a isso, ele afirma que os ocupantes do poder devem ser escolhidos de acordo com suas virtudes, não pelos anseios das multidões.

O desenvolvimento das ciências, em especial a medicina, também é um marco fundamental deste período histórico, visto que é nessa parte da história que se inicia a transição das práticas mágicas em relação ao mundo, para uma visão mais analítica e científica dos fatos sociais, bem como das ciências como um todo. Este legado da importância científica em Atenas influenciará no século XV o renascimento, movimento que tenta retomar antigos costumes e práticas de Atenas.

Outro fator histórico é o julgamento de Sócrates, que marcou profundamente a solidez do entendimento de justiça. No entanto, cinco anos antes de seu julgamento, houve o termino da guerra entre Atenas e Esparta, com a derrota de Atenas. Como consequência a esta derrota, a democracia de Atenas tinha sido deposta por um grupo de homens que a historiografia os chama de os 30 tiranos. A democracia, no entanto, foi restaurada em 403 a.C.

O motivo que corroborou com a guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta consistiu em interesses comerciais que eram conflitantes. Esparta se atentava cada vez mais com a hegemonia que Atenas obtinha nas cidades-estados, o que fomentou, dessa maneira uma tensão enorme entre eles gerando a guerra que resultou na vitória de esparta, que apesar de ter um exercito de homens talentosos, não conseguiriam reduzir as consequências negativas advindas da guerra, corroborando com impactos negativos no período posterior.

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